Por Christopher West
Este artigo conclui minha série de reflexões sobre o documento Humanae Vitae, do Papa Paulo VI, que estivemos revendo por ocasião de seu 40º aniversário. No último artigo examinamos as diferenças entre tornar o sexo estéril com a contracepção e a escolha de se abster do intercurso durante o período fértil. Se alguém pode ver a diferença entre dizer uma mentira e permanecer em silêncio, pode também dizer a diferença entre contracepção e abstinência por um período.
Uma das principais objeções a Humanae Vitae é que o seguimento de seu ensinamento (ou seja, praticar a abstinência quando se quer evitar a gravidez) impede os casais de expressar seu amor um pelo outro. Mas, de que “amor” estamos falando: o autêntico amor conjugal que espelha o amor de Deus, ou seu eterna falsificação – a luxúria?
Foi Deus quem uniu o amor conjugal com a procriação. Portanto, já que Deus não pode se contradizer, como disse o Vaticano II, “não pode existir uma verdadeira contradição entre as leis divinas relativas à transmissão da vida e aquelas pertencentes ao crescimento do autêntico amor conjugal” (Gaudium et Spes 51). Pode ser muito difícil seguir o ensinamento da Humanae Vitae, mas nunca será uma contradição do amor.
Seguir os ensinamentos da Igreja é difícil por causa da batalha interior que todos vivenciamos, entre o amor e a luxúria. A luxúria nos impele, e nos impele muito poderosamente, em direção ao intercurso sexual. Mas se a intimidade sexual tem sua fonte somente na luxúria, não é amor. Pelo contrário, é uma negação do amor. Quem ama está pronto a se sacrificar inteiramente pelo bem da pessoa amada, e pelo bem dos filhos que podem vir. A luxúria busca o prazer e a sensação do ato sexual, mas sem a entrega sincera de si.
Se uma pessoa não está preparada para receber uma criança, a única resposta responsável é se abster do ato que leva a ter uma criança. Muitos homens e mulheres casados podem testemunhar como se abster de sexo pode ser um profundo ato de amor. Na verdade, há muitas ocasiões na vida conjugal em que o casal pode querer realizar o ato conjugal, mas tem uma séria razão para se abster. Talvez um dos esposos esteja doente. Talvez tenha acabado de dar à luz. Talvez sejam hóspedes na casa de parentes, e as paredes são finas. Se um casal não consegue se abster em tais situações, então é questão de ver se há amor mesmo. Acontece o mesmo na necessidade de evitar uma gravidez. Se o casal não pode se abster, é questão de ver se há amor.
Para que finalidade a contracepção serve, afinal de contas? Isso pode parecer estranho à primeira vista, mas se deixe refletir um pouco. A contracepção não foi inventada para evitar a gravidez. Já tínhamos um método 100% seguro, 100% confiável de fazer isso – abstinência. Analisando bem, a contracepção serve a um objetivo: evitar as dificuldade que experimentamos quando nos confrontamos com a escolha da abstinência. No final das contas, a contracepção foi inventada por causa de nossa falta de auto-controle; em outras palavras, a contracepção foi inventada para servir ao desejo de luxúria.
Por que esterilizamos ou castramos nossos cães e gatos? Por que simplesmente não pedimos para se abster? Se neutralizamos ou esterilizamos a nós mesmos com a contracepção, estamos reduzindo o “grande mistério” da união de uma só carne para o nível de Rex e Au-Au no cio. O que nos distinguiu dos animais primeiramente? A liberdade! Deus nos conceder a liberdade enquanto capacidade para amar. A contracepção nega essa liberdade. Ela diz, “Eu não consigo me abster”. Portanto, a relação em que se usa contracepção não apenas ataca o significado procriativo do sexo, como observou João Paulo II, “ela também deixa de ser um ato de amor” (TOB 123:6).
Se você não consegue dizer não para o sexo, o que significa o seu “sim”? Somente a pessoa que é livre com a liberdade pela qual Cristo nos fez livres (ver Gálatas 5,1 ) é capaz de amar autenticamente. O amor autêntico, como observa o Catecismo, requer “um aprendizado no auto-controle que é construído na liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem governa suas paixões e encontra a paz, ou se deixa ser dominado por elas e se torna infeliz” (CIC 2339).
É isso que está em jogo no ensinamento profético da Humanae Vitae: a verdadeira paz do homem e a felicidade. Estou convencido de que o ensinamento da Humanae Vitae – que ainda está sendo rejeitado em nome da “liberação” sexual – será um dia reconhecido como o único caminho para a autêntica liberdade sexual: a liberdade de amar.
Fonte: Christopher West site – Teology of the body
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