sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Testemunho - Modéstia no vestir

Já dei o meu testemunho varias vezes e continuarei testemunhando as maravilhas que Deus operou em minha vida quantas vezes necessário for. Apesar de ter sido sempre falado, nunca escrito, tentarei resumir o Maximo que puder. Espero que possam usar. Perdoe-me pelos erros.

Sou divorciada (infelizmente) desde 1983. Eu estava afastada da Igreja já há muitos anos. Portanto, depois do meu divórcio, como qualquer moça solteira, continuei namorando, tendo relacionamento sexual, pois esse é o jeito "moderno" de namorar. Com um deles, moramos juntos por seis anos. Em 1992, tive uma "milagrosa conversão", dessas que deixa tudo para seguir Jesus. Depois de participar em um Retiro, voltei para a Igreja Católica com força total. Um jovem Padre brasileiro que acabara de chegar naquela Comunidade, me ajudou bastante, me “recatequisando”, ensinava-me a trabalhar nas diversas Pastorais na Igreja. Deu-me vários livros pra eu ler. Eu os lia todos. Totalmente abrasada pelo fogo do Espírito Santo, aprendia bastante, participando com o Padre nas lideranças da Igreja, sendo seu braço-direito. Quando eu disse que "deixei tudo" para seguir Jesus, eu quis dizer, "quase tudo". Jesus ainda não era o Senhor absoluto da minha vida. Mesmo conhecendo os Seus ensinamentos, continuava a viver segundo os "desejos da carne". Achava muito difícil segui-Lo, pois ninguém o fazia (falo dos que estavam dentro da Igreja). Parecia que o Ensinamento de Jesus eram Discursos só para "aquele povo de 2000 mil anos atrás", não para nós. Afinal de contas, agora os tempos eram outros, "tempos modernos", sabíamos o que estávamos fazendo. Portanto, continuei vestindo segundo a última moda, namorando conforme os costumes, e não achava que estava "pecando". Embora eu continuasse com o coração endurecido, resistindo a toda idéia de mudança de vida, bem no fundo de minha alma eu sabia que estava agindo errado, mas não tinha força, nem coragem, nem incentivo para mudar, uma vez que todos agiam assim. Graças a Deus que "a natureza humana não foi totalmente corrompida pelo pecado original: ela foi lesada em suas próprias forças naturais......inclinada ao pecado..... privada da santidade e da justiça originais" (CIC 405). Por isso, por muito tempo vivia dentro de mim uma luta interior, uma batalha espiritual, da qual fala S. Paulo na Carta aos Romanos Cap. 7. Lembro-me que quando tentei fazer alguma mudança, por exemplo: "Decidia que só iria ter namoro santo", não tive êxito, porque eu não tinha firmeza, outros logo me faziam mudar de opinião, comentando: Você não vê que isto esta fora da realidade? Não existe rapaz que aceita namoro sem "sexo", "Sem sexo, sem namoro".

Em 2002, comemorava meus 49 anos no Brasil com uma "plástica escultural" (acho que é assim que se chama a lipoaspiração no corpo todo), pois queria chegar aos 50 em perfeita condição de continuar buscando, de namoro em namoro, o marido desejado. Participava da Legião de Maria uma mulher que já havia se consagrado a Deus, e que precisava de um lugar para morar. Ela veio morar comigo e ficou mais ou menos um ano. Ela levantava bem cedo para rezar. Rezava muito. Seu estilo de vida me causou grande impacto. Alguma coisa nela me atraia.

Sempre achei a moda americana, super "cafona", as saias muito compridas, calças e blusas muito largas, mangas, golas, horrível. Mas eu admirava o seu modo de vestir. Gostava do seu vestuário, simples, discreto, impecável, e decente. Eu achava lindo!

Mas ela não achou lindo o meu modo de vestir, ao contrário, achou que eu me vestia indecente e impróprio para uma Católica.

Ela não tinha carro, eu a levava para os lugares, inclusive para a Igreja, para a Missa diária. Ela começou por "pegar no meu pé", dizendo: "Não acredito que você vai pra Igreja vestida assim!" Eu respondi: "Mas, o que ha de errado com minha roupa? Este é o jeito que eu me visto. Este é o jeito que a mulher brasileira se veste". Ela surpresa perguntou:"Você não tem uma roupa decente para ir a Igreja?" (Eu me vestia bem a moda brasileira: calças e blusas bem justas, decotadas, transparentes, mini-saias, etc.). Eu estava preocupada era em exibir o meu "novo visual", atrair atenções, elogios. Não pensava que pecava terrivelmente e que levava outros a pecarem também. Ela me abriu os meus olhos. E com firmeza falou: "Você precisa parar de ofender a Deus". Você não sabe que o nosso corpo é "Templo do Espírito Santo"? E você esta profanando este "Templo". Comecei então a ficar imensamente envergonhada e incomodada com o meu jeito de vestir principalmente quando ia a Igreja. Mesmo na nossa Igreja (Comunidade Brasileira), onde todos se vestiam no mesmo estilo, não me sentia mais a vontade com aquelas roupas. E a minha nova amiga continuou com sua catequese, me ensinando como a mulher Católica deve se vestir pra agradar a Deus. Me mostrou vários textos bíblicos confirmando o que falava. Disse-me que olhasse pra Virgem Maria, que Ela é o modelo e a moda a seguir. E que no meu guarda-roupa, só deveria ter a roupa que a Virgem Maria aprovasse ou vestisse. Que "no principio", existia a moda feminina (saias e vestidos) e moda masculina (calça-comprida). Em certo ponto da historia, a mulher quer em tudo se igualar ao homem. Que ela não era o "sexo fraco". Ela podia tanto quanto o homem. Gerando muita confusão, ela passa a ser chamada de "mulher moderna".

E a calça-comprida entra para o guarda-roupa feminino, embora com modelos específicos para mulher. Finalmente entra o "Jeans" para unificar a moda. Agora o homem e a mulher vestem tudo igual. Ninguém sabe mais quem é quem. A mulher emancipou-se. (ela fez uma profunda reflexão sobre este tema usando os Cap.2-3 do Livro de Genesis, é possível que ela conhecia o Teologia do Corpo)

Mais ela falava, mais eu me convencia que ela estava certa e que eu precisava mudar. Eu vivia numa Comunidade Brasileira, com mentalidade e atitudes completamente diferentes do pensamento da minha amiga, portanto, por mais que eu quisesse, não tinha coragem. Pensava: "E a operação plástica que cabei de fazer? Estou tão feliz com meu "novo corpo". E meu guarda-roupa, feito sob-medida, que farei? Por outro lado, esta roupa que eu tanto amava, começava a me causar mal-estar. E aquela batalha espiritual dentro de mim durou mais ou menos seis meses, até eu decidir, finalmente, que eu iria mudar o meu modo de vestir. Não sabia onde começar. Precisava de ajuda para comprar o meu novo "guarda-roupa". Pedi ajuda uma amiga (americana) que vestia com modéstia e decência. Ela me ajudou a comprar toda a roupa que eu precisava. Demorei mais ou menos três meses para ter coragem de vesti-las. Finalmente, para a Glória de Deus e para a minha salvação, no Domingo de Páscoa de 2005, substitui TODA a minha roupa antiga (inclusive roupa íntima) pelo meu NOVO guarda-roupa, totalmente FEMININO (Sem calça-comprida, sem Jeans, vestidos e saias do meio da canela pra baixo e sempre com anágua e combinação, sem transparência, sem decotes, sempre com mangas). Somente pela Graça de Deus consegui "remar contra a maré". No inicio tive muita vergonha, pois sabia que minha mudança teria provocado muitos comentários, julgamentos, uma vez que eu não tinha comentado com ninguém o que estava se passando comigo. Entretanto eu sabia que tinha que enfrentar tudo. E Deus me dizia, "Não tenha medo, eu estou com você."

Eu sentia o Amor de Deus me cobrindo. Me sentia especial de poder oferecer a Deus um sacrifício de Amor. Me sentia livre, porque agora me vestia para agradar a Deus e não aos homens. Meu corpo estava coberto. O "Templo de Deus" honrado e respeitado.

Nunca me arrependi, pelo contrario, passei a amar o meu "novo visual", não me incomodar mais com os comentários. O melhor de tudo é que esta mudança levou a outras transformações necessárias. Partilharei em outra ocasião se houver oportunidade.

"Dou graças a Deus que me arrancou do poder das trevas e me transportou para o Reino do seu Filho amado, no qual temos a Redenção--a remissão dos pecados." (Col.1,13-14) Aos irmãos, graça, paz e amor da parte de Deus, nosso Pai.

Um abraço,
E.
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Publicado com permissão. Atualmente E. mora nos Estados Unidos.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pesquisa da MTV reflete ideais pró-família

No que se refere a família, fé e sexualidade, os adolescentes estão no caminho certo

Em 21 agosto 2007
Da reportagem de Focus on the Family Action Inc.

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Uma surpreendente pesquisa surgida de uma fonte inesperada confirma o que grupos defensores da família vêm dizendo há tempos sobre o comportamento adolescente, e revela que eles estão no caminho certo quanto a seus modelos, sua família e a sexualidade. Isso realmente é uma notícia boa. A pesquisa da MTV / Associated Press mostra que é o tempo gasto com a família que realmente importa para os jovens. Quatro áreas da pesquisa mostraram-se favoráveis aos defensores da família.

Laços familiares

O que faz você mais feliz? Se você tem entre 13 e 24 anos, provavelmente vai responder o mesmo que Caroline Friend, de 13 anos. “Bem, eu adoro ficar com minha família e gastar tempo com ela”. Vinte por cento (20%) dos jovens entrevistados pela MTV concordaram com ela, fazendo dessa resposta a mais freqüente. Setenta e três por cento (73%) dos jovens mostraram alguma felicidade ou muita felicidade com seu relacionamento com os pais.

Heróis bem-vindos

A felicidade só vem quando os jovens têm alguém em quem se espelhar. Os heróis aparecem em muitos tamanhos e modelos. Mas a pesquisa da MTV mostrou que para quase metade dos jovens os pais são os principais heróis. Dr. George Wiedmaier, do “Focus on the Family”, disse haver uma razão para isso: “Nossos pais é que estão ali na mesa do jantar prontos para discutir os momentos difíceis da vida. E nossos jovens reconhecem isso, e na medida em que vão crescendo passam a reconhecer isso mais e mais”. Vincent DiCaro, da “National Fatherhood Initiative” disse que um amplo número de pesquisas confirma esse resultado. “Pesquisas, por exemplo, sobre gravidez na adolescência, mostram que a influência número um na decisão de um adolescente de ter relação sexual são os pais”.

A fé como fator

Quase metade dos adolescentes pesquisados disseram que a fé é um fator muito importante em suas vidas. E quase um terço deles pertence a alguma igreja ou grupo religioso. Os jovens parecem querer sustento para suas almas.

Sexo é sinônimo de infelicidade

O que impede os jovens de sorrir? De acordo com a pesquisa, a resposta é sexo. Os adolescentes hoje são bombardeados com mensagens de propaganda a favor do sexo livre, vindas dos colegas, da escola e da mídia. Mas de acordo com o estudo os jovens sabem que estão sendo iludidos por essas mensagens, e estão insatisfeitos com o sexo antes do casamento. Melissa Nickle, do “Project Reality” diz que os resultados são lógicos, e encorajadores. “Os jovens atualmente dizem que querem receber uma mensagem de abstinência, e muitas vezes essa mensagem não chega a eles. Sabemos que adolescentes sexualmente ativos são mais propensos a sofrer depressão. Logicamente, faz sentido que as pessoas estejam reconhecendo que quem escolhe permanecer abstinente até o casamento é mais feliz”. A depressão e insatisfação surgem porque os jovens simplesmente não estão emocionalmente maduros para lidar com a atividade sexual.

Surpresa

“É realmente surpreendente que essa pesquisa traga resultados que vão contra os valores culturais que a MTV prega para os jovens”, diz o Dr. Bill Maier, psicólogo da “Focus on the Family”. Talvez o discurso da MTV é que os jovens só se preocupam com prazer e com bens materiais, e não estão preocupados com casamento ou compromissos, e rejeitam os valores de seus pais. Essa pesquisa mostra exatamente o contrário. “Surpreende-me que a MTV tenha permitido a divulgação dos resultados dessa pesquisa, porque ela realmente contradiz tudo o que a MTV é”.

Uma imensa maioria (87%) espera se casar no futuro, e 61% deles querem permanecer casados com a mesma pessoa a vida toda. Quase 80% deles querem ter filhos. E a cultura da MTV vai contra esses sonhos? “Sem dúvida”, diz Maier. “Sabemos, por exemplo, que as garotas que são promíscuas (mantém atividade sexual com várias pessoas) são muito mais propensas a serem depressivas e suicidas. Sabemos que jovens que moram juntos, que coabitam ou possuem uma variedade de parceiros têm menor probabilidade de ter um casamento bem sucedido”.

“Os jovens fariam bem em não ligar mais para o que a MTV diz”, segundo Maier. “Senão estariam indo contra o próprio sucesso, a longo prazo”.

Você pode ler a pesquisa completa da MTV americana aqui: http://www.mtv.com/thinkmtv/research/

(NOTA: A referência a este site tem objetivo puramente informativo, e não necessariamente significa concordância deste blog com o conteúdo do site citado.)
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Trechos extraídos e traduzidos das reportangens de “Citizen Link”:
http://www.citizenlink.org/CLtopstories/A000005317.cfm
http://www.citizenlink.org/CLtopstories/A000005307.cfm

domingo, 18 de outubro de 2009

Oração dos Noivos



Senhor, estamos diante de Ti,
Somos noivos,
E desejamos ardentemente unir nossas vidas para sempre
Porque cremos que foi o Senhor mesmo quem nos uniu
E por isso Te entregamos nossas vidas nesse momento

Obrigado pelo amor que Tu derramaste em nossos corações
E que nos uniu com tanta força
Obrigado pelo dom de nossas vidas
Que elas possam dar frutos na carne e no espírito
E quando em breve ouvirmos de lábios inocentes
O doce nome de Papai e Mamãe
Nos lembraremos do teu amor de Pai
E da Tua Mãe, Maria,
E sentiremos nosso coração encher-se de alegria

Queremos desde já, Senhor,
Amar e respeitar um ao outro
Na alegria e na tristeza
Na saúde e na doença
Fazei, Senhor
Que nosso amor continue assim
Para o resto de nossas vidas
Fazei de nosso amor, para sempre
Um instrumento fecundo do Teu amor
Ajuda-nos, ampara-nos, e abençoa-nos
Amem

Conheça mais sobre a Teologia do Corpo

A união sexual é o fundamento da vida humana. A família, e conseqüentemente a sociedade, derivam dessa união entre homem e mulher. A família e o matrimônio dependem de como vai essa união sexual. E a civilização depende de como vai a família e o matrimônio.

Essa lógica não combina bem com nossa cultura. Não é exagero dizer que a tarefa do século XX foi se livrar da ética sexual cristã. Mas a postura repressiva de gerações de cristãos (ou seu silêncio) não ajudou a difundir a mensagem da Igreja sobre sexualidade. Precisamos de uma “nova linguagem” para quebrar esse silêncio e reverter essa negatividade

Muitas pessoas estão descobrindo hoje o que João Paulo II falou no início de seu pontificado. Ele chamou de “Teologia do Corpo" a essa coleção de 129 discursos proferidos entre 1979 e 1984, sobre sexualidade, matrimônio e família. O impacto dessa nova descoberta já iniciou o que alguns autores estão chamando de “contra-revolução sexual”. Algo que simplesmente está mudando as vidas de milhares de pessoas ao redor do mundo.

O que faz com que essa mensagem seja diferente das outras que estamos acostumadas a ouvir? O Papa João Paulo II foca na beleza do plano de Deus para a união dos sexos. Ele afasta a discussão do legalismo (“Até onde posso ir sem infringir a lei”) e a aproxima da liberdade (Qual a verdade que me torna livre para amar?”).

A Teologia do Corpo é, portanto, uma mensagem de salvação. Ela responde a duas perguntas universais: (1) O que significa ser humano? (2) Como posso viver minha vida de modo a ter verdadeira felicidade e plenitude? O que o Papa fala, portanto, não é só de sexualidade e de matrimônio, mas da redescoberta do todo da existência, do sentido da vida.

A ética sexual cristã começa a fazer sentido quando a vemos com essas lentes. Ela deixa de ser uma lista puritana de proibições, e passa a ser um chamado a abraçarmos nossa própria grandeza, nossa dignidade de filhos de Deus. É um chamado a vivermos aquilo para o qual fomos criados.

As palavras de João Paulo II nos ajudam a distinguir entre o que é verdadeiro e o que é falso, entre o real e ilusório. Assim podemos nos orientar melhor na vida, não em direção de desejos desordenados que não nos satisfazem, mas na direção do amor que verdadeiramente satisfaz. Assim, experimentamos uma nova liberdade. Em outras palavras, experimentamos o que a revolução sexual nos prometeu mas não nos deu: a autêntica liberdade sexual, que é a liberdade de amar de verdade.

Visite:
www.teologiadocorpo.com.br
teologiadocorpo.wordpress.com
Artigos no Vida e Castidade sobre Teologia do Corpo

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

12 de outubro - Nossa Senhora Aparecida

Dai-nos a bênção, ó Mãe querida!
Nossa Senhora Aparecida,
Digníssima Padroeira do Brasil,
rogai por nós e por nossa Pátria!

O que Deus uniu

Se há tarefa tragicamente urgente é a de lembrar aos homens a noção do sacrifício. Todos os desastres, todas as misérias do casamento, procedem do esquecimento desta necessidade. Não concebo um casamento feliz sem sacrifício mútuo. Não há nisto nenhum paradoxo. A primeira condição da felicidade é não a procurar. Nesta ordem de idéias é lícito dizer, pondo ao contrário as palavras evangélicas: Não procurei e encontrareis.

Um homem nobre esforçar-se-á por viver como um homem; um homem vil procurará viver feliz. O último procurará na terra as coisas e os seres que o poderão satisfazer; o primeiro procurará os seres e as coisas a quem se possa imolar. Não «arranjamos» uma esposa, damo-nos a ela. Casar é talvez o modo mais direto e mais exclusivo de deixar de pertencer-se. Chesterton, lendo um jornal americano onde dizia: «Todo o homem que se casa se deve convencer de que renuncia a cinqüenta por cento da sua independência», fazia notar: «Só no Novo Mundo é possível um otimismo deste gênero!».

O segredo da felicidade conjugal está em amar esta dependência. O ser que vive ao nosso lado, devemos amá-lo menos na medida do que nos dá que na medida do que nos custa.

A vocação do casamento consagra-nos ao nosso cônjuge. Estas palavras têm um grande alcance. Dão sentido a todos os nossos deveres e a todas as dores da vida comum. Fazem sobretudo da felicidade conjugal, não há uma espécie de sacrifício estéril, mas um ato religioso do mais alto valor humano.

Já não sabemos ser fiéis porque não sabemos sacrificar-nos. Tantos homens há que só amam pelo prazer imediato... Condenam-se, deste modo, a conhecer apenas a superfície do objeto amado, e, quando esta superfície os desilude, a trocá-lo por uma outra superfície, e assim por diante.

Andar à volta de tudo e não chegar ao centro de nada, não será o que alguns denominam plenitude e liberdade? É de tal maneira mais fácil correr do que aprofundar! Mas aquele que quer saborear a profundidade de uma criatura deve saber sacrificar-se por essa criatura; o seu amor deve superar as decepções, superar o hábito; mais ainda, deve alimentar-se dessas decepções e desse hábito. O amor humano tem a sua aridez e as suas noites; também ele não encontra o seu centro definitivo senão para além da prova sofrida e vencida. Mas, uma vez chegado a esse ponto, ele saboreará a riqueza, a pureza eterna da criatura pela qual se imolou. Porque, se a criatura é tremendamente limitada em superfície, é infinita em profundidade. É profunda até Deus. Sempre cantaram os poetas esta captação amorosa do eterno através do ser efêmero:

Tu que passas, tu que desvaneces,
busquei-te para além dos dias e das sombras,
sobre as praias invariáveis da vontade eterna...
Desci às tuas entranhas,
mais além dos latidos do teu coração,
mais adentro que a fonte das tuas promessas
até ao centro solene onde a tua vida se une à Vida,
até ao fremir irrevogável,
até à palpitação criadora de Deus!
― Eu amo a tua alma!

Chegou a falar-se do que a vida conjugal tem de banal, de monótono, de terra à terra. Bem sabemos quanto o homem é capaz de banalizar e de prostituir as coisas mais profundas. Mas, se a vida conjugal é muitas vezes vulgar, que se poderia dizer da vida sexual extra-conjugal? Creio que uma das mais sutis malícias do demônio é tentar persuadir os homens de que a ordem é a morte e a desordem a vida. Na realidade, nada mais vulgar do que o vício. O demônio não é profundo ― não é mais do que um revoltado. É um desertor que tenta fazer-se passar por evadido...

As humildes realidades da vida quotidiana, o cortejo de pequenos deveres e de pequenos sofrimentos, em nada deverão alterar a pureza do amor nupcial. O verdadeiro ideal tira nova seiva destas pequenas coisas. O realismo da vida conjugal não tem por função profanar ou estiolar o ideal primitivo dos esposos, mas purgar este ideal das ilusões que com ele se misturam, e não reter dele mais do que a sua suprema essência. Na alma dos esposos que são dignos desse nome, a união do mais elevado amor e das necessidades mais terrenas, mais materiais, cria uma espécie de síntese do ideal e do real, uma espécie de realismo do ideal, se assim me posso exprimir, que em parte alguma poderá existir em tal grau.

Josefina Soulary disse que Deus «se só estivesse lá em cima, não estaria em parte alguma».

O casamento é, por excelência, a vocação que permite pôr Deus no que a vida tem aparentemente de mais comum e de mais banal.

Ia-me esquecer de uma observação importante. O casamento deve ser um sacrifício, é certo. Mas um sacrifício recíproco. Haverá algo de mais vão, de mais prejudicial mesmo, do que uma imolação em sentido único? Dois egoísmos juntos travam-se mutuamente e, de certo modo, neutralizam-se. Que caldo de cultura não seria para as tendências egoístas de uma criatura o sentir em torno de se uma atmosfera de dedicação infatigável! Todos conhecemos lares em que o espírito de sacrifício de um dos esposos faz do outro um monstro de exigência e de egoísmo. Cada esposo deve tirar do espetáculo de generosidade do seu cônjuge, não um pretexto para fazer as suas vontades, mas um motivo para se imolar mais a si mesmo.

AMOR E ORAÇÃO

Sacrificar-se a uma criatura, amá-la apesar do seu nada, por causa do seu nada, amá-la com um amor mais forte e mais puro que o desejo de felicidade, tudo isto só é possível se o amor humano se conjuga e se amalgama com o amor eterno.

Não convém divinizar o ser amado. Esta idolatria conduz, a breve prazo, à indiferença ou à repulsa. O autêntico amor nupcial acolhe o ser amado não como um Deus, mas como um dom de Deus em que todo o divino está escondido. Não o confunde nunca com Deus e não o separa nunca de Deus.

«Ela olhava para o alto e eu olhava nela», escreve Dante falando de Beatriz. Nisso reside o supremo segredo do amor humano; beber a pureza divina nos olhares, na alma, no dom de uma criatura.

«Sentir como o ser sagrado freme no ser querido», assim definia magnificamente Vitor Hugo, o grande amor. Num tal grau de amor, o ser amado é verdadeiramente insubstituível: dado por Deus, ele é único como Deus; um mistério inesgotável habita nele. Os verdadeiros esposos conservam eternamente almas de noivos; a posse aprofunda para eles a virgindade. Quanto mais são um para o outro, mais fome têm de ser um para o outro. É uma maneira sagrada de possuir as coisas que, em vez de matar o desejo, como na satisfação da carne, o exalta e transfigura. Aquele que beber desta água terá ainda sede... Como poderia estiolar-se o amor dos esposos, se eles foram criados e unidos para dar Deus um ao outro? A vida dos dois desenvolve-se e torna-se infinita numa oração única.
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(Gustave Thibon, O Que Deus Uniu, Editorial Aster Ltda., Lisboa 1956)

sábado, 10 de outubro de 2009

Lidando com pensamentos impuros

Por Mary Beth Bonacci

Atingir a castidade no interior de nossas mentes não é uma tarefa fácil. É uma luta para a vida toda, e deve ser lutada dia após dia.
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Aparentemente, estou me tornando a rainha dos “artigos em duas partes”. Uma vez que inicio um assunto, geralmente há muito mais a se dizer, e às vezes um artigo só não basta.

Meu último artigo não é exceção. Nele eu falava sobre uma edição de revista com mulheres de biquíni. Quando Cristo disse: “qualquer homem que olhe para uma mulher com luxúria no coração já cometeu adultério com ela em seu coração”, Ele deixou claro que a castidade – e a falta dela – não começam com o que fazemos, mas sim com o que pensamos. O fato de buscar de livre e espontânea vontade uma estimulação sexual desordenada, mesmo que seja através da imaginação, já constitui um pecado contra a castidade.

Mas há um outro lado, que também merece atenção. No último artigo, falava de pessoas que, de livre e espontânea vontade, procuravam pensamentos sexuais desordenados. Mas o que dizer sobre todos aqueles pensamentos sexuais que surgem em nossa mente – dia após dia – sem desejarmos? Eles também são pecaminosos? E, se são, como alguém pode ser santo?

Primeiramente, é importante compreender que é impossível pecar “acidentalmente”. O pecado tem que ser o resultado de uma livre escolha. O pecado acontece na vontade, não no subconsciente, nem nos hormônios, nem em outro lugar.

Deus nos criou homem e mulher. E Ele nos criou para sermos sexualmente atraentes um para o outro, homem sexualmente atraente para a mulher, e a mulher sexualmente atraente para o homem. Isso é uma coisa boa no casamento, onde a atração deve, supostamente, ser levada às últimas conseqüências. O problema é que nossos hormônios não parecem discernir quem é “esposo(a)” de quem é “não-esposo(a)”. E portanto, de tempos em tempos, respondemos sexualmente a uma pessoa “não-esposo(a)”. Começamos a pensar que nos daria muito prazer usar o corpo dessa pessoa. Então é aí que reside o desafio.

Os cristãos são chamados a permanecer acima dos instintos básicos. Isso significa que, quando esses pensamentos aparecem no cérebro, devemos deixá-los ir. Olhamos para além da atratividade sexual dessa pessoa, para vê-lo(a) como uma imagem e semelhança muito amada de Deus. O pecado da luxúria ocorre quando, ao invés de fazer isso, de livre e espontânea vontade nos apegamos a esses pensamentos, e dizemos: “Eu quero pensar um pouco mais sobre usar essa pessoa para meu prazer pessoal”. Nesse ponto, já estamos realmente usando a outra pessoa para conseguir prazer sexual para nós mesmos. Quando deliberadamente consentimos com esses pensamentos, quando começamos a nos apegar à fantasia, então pecamos contra a castidade. É como disse um estudante meu: “Não é o primeiro olhar que te coloca em perigo, é o segundo”.

Nossa vida emocional, infelizmente, também pode contribuir para as fantasias sexuais não-desejadas. O Pe. Benedict Groeschel, em seu excelente livro “A coragem de ser casto”, diz que essas fantasias muitas vezes refletem a nossa necessidade de carinho, reforço, intimidade e amor espiritual. Quando não temos esse carinho e amor espiritual, tendemos a ficar mais vulneráveis às fantasias sexuais desordenadas.

Isso faz com as pessoas mais sensíveis lutarem contra o sentimento de culpa, muitas vezes desnecessariamente. Essas pessoas pensam que são más só porque esses pensamentos aparecem em suas mentes. Elas acham que a castidade significa que seus impulsos sexuais deviam desaparecer. Nada poderia estar mais longe da verdade. Esses pensamentos involuntários não são pecaminosos em si. Sim, eles são um convite ao pecado (essa é a definição de tentação). Mas não pecamos, a não ser que aceitemos o convite. Podemos ser invadidos por pensamentos sexuais o dia todo, mas enquanto não consentirmos voluntariamente neles, não há pecado. (Consentimento, de acordo com o Pe. Groeschel, significa ter a consciência mental de dizer, “Isso é pecado, mas eu vou fazer mesmo assim”).

É claro, esses pensamentos nem sempre vão embora assim facilmente. Eles ficam grudados na mente, atormentando-nos. Tentar forçar-los a sumir da mente é inútil. (Você já tentou não pensar em algo? O próprio ato de tentar parar de pensar naquilo faz você pensar mais ainda). E mesmo que conseguíssemos expulsar da mente os pensamentos sexuais, isso não seria lá muito saudável. É uma forma de repressão à sexualidade. Enterrar pensamentos assim ajuda a mantê-los vivos no subconsciente, onde eles podem causar todo tipo de problema.

Então, o que fazer? Nós não cedemos e damos atenção a esses pensamentos, mas também não ficamos com medo, tentando afastá-los. Nós simplesmente reconhecemos esses pensamentos como parte do que é ser humano, e então levamos nossa atenção para outra coisa. Podemos nos distrair com outra coisa. (Pe. Groeschel observa que poucas pessoas se sentiriam tentadas durante um alarme de incêndio). Nós ignoramos os pensamentos, mesmo que eles clamem por nossa atenção. No final das contas, eles se vão.

Também é importante manter nossas vidas em ordem. Se a solidão ou a necessidade de intimidade está servindo de combustível para nossa imaginação, precisamos mudar de vida, satisfazer essas necessidades – do modo correto.

Em resumo, não é fácil lidar com pensamentos que nos prometem tanto prazer. Precisamos da ajuda de Deus. A castidade sem oração é impossível. Toda virtude moral diz respeito a recusar certo prazer momentâneo em troca de uma felicidade duradoura. E isso requer uma força maior do que a possuímos.

Atingir a castidade no interior de nossas mentes não é uma tarefa fácil. É uma luta para a vida toda, e deve ser lutada dia após dia. O Pe. Groeschel nos encoraja, dizendo que “toda tentação resistida é um grande ato de louvor a Deus. Resistir à tentação e não buscar o caminho mais fácil é um reconhecimento poderoso da soberania de Deus... Mesmo se a pessoa cair depois, ela terá cumprido um ato de louvor obediente que não será esquecido” (A coragem de ser casto, p. 90).

Resista à tentação. Não é fácil, mas as recompensas são enormes.
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Traduzido de Catholic Education Resource Center: http://catholiceducation.org/articles/sexuality/se0051.html

domingo, 4 de outubro de 2009

Masturbação: psicologia e fatores que influenciam

Por John F. Harvey, OSFS


Introdução

Muito já se escreveu sobre masturbação, e alguém pode perguntar porque a necessidade de escrever mais sobre o assunto. Mas há novas maneiras de pensar o problema, bem como a minha própria experiência no contato e ajuda a pessoas que procuram deixar a masturbação, o que me deu vários “insights” sobre a psicologia da masturbação, a partir do estudo do vício em sexo, do qual a masturbação é um grande exemplo.

Fiquei também impressionado com grupos de suporte que levam a sério a questão da masturbação, tais como o “Sexaholics Anonymous (S.A.), Sex and Love Addicts Anonymous (S.L.A.A.), e Courage.

Outra razão para que eu escreva é que muitas pessoas que lutam contra essa fraqueza não recebem o adequado aconselhamento espiritual e moral. Em alguns casos eles são orientados de forma errada, dizem-lhes que a masturbação melhora a “performance” do ato conjugal, ou que faz parte do processo de recuperação de dificuldades sexuais. É bem sabido que o hábito da masturbação atinge pessoas de todas as idades, sendo encontrado entre crianças, adolescentes, adultos, casados, idosos, religiosos, seminaristas e padres.

Por favor observe que digo “tendência” (mais precisamente, tendência desordenada). Muitas pessoas têm encontrado, de diversas formas, controle sobre essa tendência com um programa espiritual. Outros, entretanto, lutam no escuro, e é para esse grupo que escrevo.

Considerações psicológicas sobre o hábito da masturbação

A masturbação é algumas vezes chamada de “auto-abuso”, ou onanismo, ou ainda em livros seculares, “auto-estimulação”. Quando a estimulação psíquica acontece durante o sono, é conhecida como polução noturna. O Pe. Benedict Groeschel usa o termo masturbação para referir-se a ações que acontecem no estado de sono ou quase sono, ou a ações de crianças e comportamento sexual pré-adolescentes, reservando o termo “auto-erotismo” para a atividade de adolescentes mais velhos e adultos “que por uma variedade de razões voltam-se a si mesmos e encontram aí um substituto para a vivência real nesse comportamento simbólico e intensamente frustrante”. No clássico artigo sobre teologia da masturbação, o Pe. Jos. Farraher, S.J. descreve a masturbação como “a estimulação dos órgãos sexuais externos até um ponto de clímax ou orgasmo pela própria pessoa, através de movimentos com a mão ou outros contatos físicos ou através de estímulos como figuras ou imaginações (masturbação psíquica), ou através de uma combinação de estimulação física e psíquica”. Em um sentido mais amplo, isso inclui a masturbação mútua, na qual as pessoas tocam os genitais um do outro.

Mas talvez a descrição mais incisiva do hábito da masturbação esteja em uma carta de C.S. Lewis, citada por Leanne Payne em “The Broken Image”: “Para mim o verdadeiro mau da masturbação consiste no fato de que ele pega um apetite que, no uso correto, levaria o indivíduo para fora de si a fim de completar (e corrigir) a própria personalidade na personalidade de outra pessoa (e finalmente nos filhos e até nos netos) e a inverte, fazendo-a voltar-se para a prisão do “si mesmo”, a fim de manter um harém de esposas imaginárias. E esse harém, uma vez admitido, trabalha contra a chance da pessoa um dia sair dele e realmente se unir a uma mulher real. Isso porque esse harém está lá, sempre acessível, sempre subserviente, não exige sacrifícios ou ajustes, e pode ser acompanhado de atrações eróticas e psicológicas que nenhuma mulher real pode trazer”. Essa citação pode ser aplicada também às mulheres. Ela expressa o significado da masturbação como uma fuga pessoal da realidade em direção à prisão da luxúria.

Fatores que contribuem ao hábito da masturbação

A masturbação é um fenômeno complexo. Não iremos compreender porque uma pessoa cai nesse hábito enquanto não conhecermos algo sobre sua história, sobre as causas do problema. Escutando as pessoas logo se vê que a solidão é a principal causa, levando o indivíduo ao isolamento, fantasia, e masturbação. A solidão geralmente vem acompanhada de sentimentos de profunda auto-depreciação e ressentimento. Quando o mundo real é duro e proibitivo, a pessoa se volta para a fantasia, e quando a pessoa perde muito tempo em um mundo de fantasia, torna-se escravo de objetos sexuais (pois essa é a maneira com que ele vê as pessoas, como objetos sexuais).

Daí a pessoa entra no mundo irreal, mas prazeroso, da própria imaginação. Esse é o princípio do vício sexual, tão bem descrito por Patrick Carnes.

O hábito da masturbação se transforma muito frequentemente em vício, ou seja, a pessoa não consegue mais controlar a atividade masturbatória, apesar de grandes esforços nesse sentido. Normalmente falta a essa pessoa um “insight”, ela precisa de terapia em conjunto com uma direção espiritual.

Entretanto, às vezes o hábito da masturbação é temporário e circunstancial. Por exemplo, tão logo a pessoa sai de determinado ambiente, a tendência a se masturbar desaparece. Em um ambiente uma freira de 25 anos estava cercada de religiosas mais velhas, com as quais não tinha comunicação real, e em um segundo ambiente ela estava trabalhando com religiosas da própria idade. Rapidamente ela percebeu que estava isolada e solitária no primeiro grupo, e no segundo tinha amizades reais. Muitos outros exemplos podem ser dados onde a atividade masturbatória é sintomática de outras forças subjacentes na vida da pessoa.

Lidando com a masturbação a partir do ponto de vista religioso

Ao nível pastoral não tem sentido nem serve para nada especular o quão responsável foi o viciado em masturbação pelo seu passado. É melhor ajudá-lo a preparar um programa espiritual.

A maneira mais errada de lidar com a questão é pensar que os adolescentes vão parar de se masturbar quando crescerem. Muitos não deixam. Outro mito é dizer que quem pratica a masturbação tem menor chance de ter relações reais com outra pessoa de outro sexo ou do mesmo sexo. Isso pode ser verdade em algumas circunstâncias, mas a masturbação pode levar a agir com outras pessoas. Em alguns casos a masturbação foi recomendada como meio de aliviar as tensões do corpo, como uma forma de terapia sexual. Outros terapeutas usam a masturbação como um modo (alegam) terapêutico de reviver experiências sexuais traumáticas da infância (esse tipo de tratamento não é mais usado por terapeutas de prestígio). A masturbação mútua tem sido usada por homossexuais como forma de “sexo seguro”. Outros conselheiros minimizam o problema, não dão conselho algum, a não ser “não se preocupe com isso”. De fato muitos padres, seminaristas e professores de religião nas escolas católicas consideram a masturbação um “não-assunto”, ou talvez um problema puramente psicológico. E por aí vai.

Parece, entretanto, que a atitude correta é tratar a masturbação habitual e compulsiva como um problema aberto à soluções, desde que a pessoa siga um projeto espiritual. Ele deve assumir a responsabilidade pelo seu futuro. À medida que vai se tornando mais livre da desordem, ele também se torna mais responsável. Isso vai se tornando mais claro, e posso mostrar algumas situações típicas.

Adolescentes. É fato que adolescentes têm sido bombardeados com estímulos sexuais pela mídia, e os pais muitas vezes falham em dar orientações morais, e mesmo o clero e religiosos permanecem calados sobre o assunto. Por isso não é surpresa alguma que os adolescentes não saibam nada sobre a moralidade da masturbação. Muitos já se envolvem e se tornam viciados na prática antes mesmo de se conscientizarem plenamente que ela é moralmente errada. Eu uso o termo “plenamente” porque, apesar de toda a lavagem cerebral de nossa cultura, muitos jovens sentem que a masturbação é errada.

Ao mesmo tempo eles se sentem incapazes de controlar um hábito já existente, e em sua vergonha e culpa escondem-se e fogem de discutir o assunto com conselheiros, e fogem mais ainda de discutir o assunto com padres, já que eles são tidos como figuras autoritárias. Incertos sobre si mesmos, confusos acerca dos valores propostos pela cultura, e algumas vezes pela própria família, esses jovens facilmente se refugiam no mundo da fantasia do prazer sexual.

Muitas vezes temerosos de relacionamentos reais com pessoas do outro sexo, eles mergulham no mundo da fantasia da masturbação. Adicione-se a isso o caos moral e os conselhos errados sobre masturbação em aulas de religião em algumas escolas católicas, e você pode compreender porque nossos jovens sequer mencionam no confessionário a masturbação como um problema moral. Isso dá aos padres ainda mais motivos para responder seriamente aos jovens que levantam essa questão.

Precisamos fornecer direcionamento espiritual adequado aos jovens, reconhecendo seu desejo de ser casto, e dando-lhes conselhos específicos no assunto.

Talvez falhemos em perceber a quantidade de culpa presente em jovens com o hábito da masturbação. Eles percebem que há algo errado no que fazem, apesar de lhes falarem para “não se preocupar com isso”, ou “você não pode fazer nada”, ou “quando você crescer isso passa”. Eles precisam de orientação, mas não a receberão enquanto não forem informados sobre a moralidade da masturbação, e os fatores psicológicos que muitas vezes os impedem de exercer o livre-arbítrio. A minha opinião (e a de outros confessores) é que muitos adolescentes não comparecem à Santa Comunhão aos domingos por sentirem que não conseguem superar o hábito.

Já com relação aos jovens adultos, o mito diria que esse hábito é para passar nessa idade. Mas com o casamento acontecendo cada vez mais tarde (depois dos 25 anos), com noivados durando anos a fio, e com o constante estímulo da mídia e da propaganda, não é surpresa que muitos homens e mulheres da masturbação, algumas vezes masturbação mútua. Pessoas muito envolvidas assim se consideram virgens, já que não aconteceu a penetração vaginal, são chamados de “tecnicamente virgens”, mas é preciso que eles reconquistem a virtude da pureza.

Outras pessoas solteiras vivem na fantasia quando não estão trabalhando. Sem namorar com ninguém por uma variedade de razões, incertos sobre o que fazer da vida, e sem compromisso com esposa e filhos, frequentemente eles buscam refúgio em várias formas de fantasia, como revistas eróticas, etc. Estão muito ocupados com vários compromissos, e muito solitários. Sua tendência a se masturbar muitas vezes extrapola para um intercurso genital quando surge a oportunidade. Em outras palavras, seu ídolo é o sexo.

É muito difícil chegar a esse grupo, que muitas vezes só vem à Igreja na Páscoa e no Natal, para agradar a família. Talvez quando chegarem aos 30 anos e perceberem que há mais na vida do eu só sexo, aí então venham buscar auxílio espiritual. Aqui a atividade sexual não é tanto o problema, mas um sintoma de uma profunda fuga do que é espiritual.

Quanto aos adultos mais maduros, é minha experiência que quando cristãos atingem os 30 anos sem ter escolhido uma vocação na vida, tal como casamento, vida religiosa, sacerdotal, ou uma vida de solteiro servindo a Cristo no mundo, eles começam a se perguntar pelo sentido da vida pessoal. Ainda assim, os desejos sexuais permanecem fortes como antes, e talvez mais intensos, e a pessoa pode gastar mais tempo da fantasia, levando à masturbação freqüente.

Isso, por sua vez, produz fortes sentimentos de vergonha e culpa. Se a pessoa não procura orientação espiritual para o problema, ou se quando procura não encontra nenhuma ajuda, ela vai continuar levando esse peso para a terceira idade.

Algumas diretivas espirituais

Acredito que as seguintes diretivas são úteis:

(1) Ajude a pessoa a refletir sobre o sentido da vida, suas esperanças, suas conquistas, seus desapontamentos, suas frustrações, sua solidão. Tente descobrir o que consome a pessoa, já que a masturbação geralmente é um sintoma da inquietude da alma, e precisamos atacar as causas do problema primeiro.

(2) Se possível, procure construir com a pessoa um projeto espiritual de vida.

(3) Conscientize a pessoa que a maioria dos seres humanos têm a tendência de fugir para mundos prazerosos de fantasia quando a realidade se torna dura e difícil, e a masturbação geralmente surge a partir da fantasia sexual. A estratégia espiritual é aprender como trazer a pessoa de volta da fantasia para a realidade tão cedo quanto possível, assim que se percebe que a fantasia sexual está envolvendo a pessoa. Uma técnica que funciona com algumas pessoas é fazer uma curta oração, e então começar a fazer algo de externo e físico, como por exemplo caminhar, fazer algum trabalho doméstico, e daí por diante. Já aconteceu de você se encontrar em uma fantasia de raiva, de inveja ou sexual, e o telefone tocar, e quando você vai atender a fantasia desvanece? A questão é se manter na realidade.

(4) Além de compartilhar o problema com um diretor espiritual, tente encontrar um grupo de suporte com o “Sexaholics Anonymous (S.A.)”. Cultivar amizades reais com pessoas reais reduz significativamente o poder da fantasia sexual, e dá à pessoa um sentido de valor pessoal.
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Trecho do artigo “The Pastoral Problem of Masturbation”, de John F. Harvey, OSFS. Disponível no site Courage.net - http://couragerc.net/PIPMasturbation.html

Adolescentes viciados em sexo

O vício em sexo não escolhe idade, mas parece que ele cria suas raízes durante a adolescência. Esperamos poder ajudar os adolescentes e jovens na esperança de que eles possam aumentar o número daqueles que quebram o ciclo do vício. Esse artigo foi escrito para jovens que querem viver para louvar a Deus.

Os hábitos que você forma, e os padrões de pensamento durante os anos de sua juventude criam os fundamentos daquilo que você será para o resto da vida. A pornografia e outros matérias carregados de sexo criam memórias que não se apagam, e que irão afetar seu futuro casamento e sua vida sexual futura. Isso também vai corromper seu padrão de pensamento do dia-a-dia, bem como a maneira com que você vai se relacionar com as pessoas. Outras consequências podem incluir:

- Confusão espiritual
- Confusão emocional
- Busca desordenada por perversões e prazeres
- Problemas na família, no futuro casamento
- Mentiras

Essas são apenas algumas consequências que podem afetar sua mente, seu corpo e seu espírito.

Na idade da adolescência ou da juventude existem vários desafios, vários fatores que tornam a resistência ao pecado sexual muito difícil. Todos esses fatores podem ser trabalhados com a graça de Deus.

Hormônios em alta. Pode parecer uma realidade cruel o aumento dos hormônios na adolescência e o aumento da sensibilidade aos estímulos sexuais. Os desejos ou “instintos” podem ser tão grandes que a idéia de esperar vários anos pelo casamento para poder usufruir da experiência sexual é uma coisa difícil de imaginar para alguns. Mas é possível esperar! Quem consegue esperar tem inúmeras recompensas: intimidade máxima com o futuro esposo(a), e uma memória livre de encontros sexuais passados.

Masturbação. Muitos adolescentes caem no hábito da masturbação, por uma razão ou por outra. Muitas vezes cria-se a imagem que a masturbação é uma liberação de energia sexual sem maiores consequências, e muitos até dizem que é benéfica. Mas a verdade é que a masturbação aumenta as tensões sexuais na mente e no corpo. Na verdade ela torna mais difícil caminhar na pureza sexual.

Computadores. Como jovem, provavelmente você sabe muito bem usar um computador para encontrar o que quiser na Internet. Muitas vezes os adolescentes fazm mil rodeios e mantém os pais totalmente desinformados sobre o que estão vendo na Internet, e/ou com quem estão teclando em chats. Compartilhar sua vida com seus pais vai exigir de você a renúncia ao orgulho, e a coragem de ajudar os pais a compreenderem a extensão do seu problema de vício em sexo.

Pressão social. Orgulho e necessidade de aprovação social são os motores do poder da pressão social. Esse poder pode ser significante, e muitas pessoas tiveram suas vidas arruinadas logo cedo na vida por conta da promiscuidade sexual, drogas e álcool. Esse poder pode ser quebrado quando se olha para Deus em humildade, buscando só nEle a identidade pessoal, a aprovação desejada e as recompensas na vida. Isso muitas vezes significa que vamos parecer tolos, puritanos, “fanáticos religiosos”, ingênuos e impopulares para os nossos “amigos”. Muitos podem até fazer piada de nós. Mas Jesus diz que serão abençoados os que sofrem perseguição e injúria por causa de Seu nome (Mateus 5, 10-12). Deus nos ajudará nessas situações, fortalecendo nossos corações para continuarmos no caminho certo (Salmo 31, 24).

Televisão e filmes. A TV e os filmes afetam poderosamente nossos julgamentos. Parte da razão que explica porque eles são tão poderosos é porque eles usam uma combinação de impressões sensoriais para comunicar um sistema de valores mundano, contrário aos mandamentos de Deus para uma vida feliz. A indústria de entretenimento está constantemente promovendo a promiscuidade sexual de todos as formas. Se você continuar alimentando sua mente com TV e filmes, terá mais chance de cair nas fantasias sexuais que eles passam. Além do mais, suas chances de quebrar o ciclo do vício em sexo serão muito pequenas.

Fontes de ajuda. Se você sente que Deus está por perto, pronto para ajudá-lo nessa situação, encorajo-o a dar alguns passos agora. Quanto mais você demorar a responder a Deus, mais chance tem de se distrair com as tentações do mundo. Aqui estão algumas dicas:

- Comece a lutar contra as tentações
- Freqüente a Igreja e algum grupo religioso
- Comece a reservar um tempo para ficar quieto, um tempo para Deus


Verdade. A verdade é a maior arma que temos contra as mentiras do demônio. A verdade destrói o poder das mentiras. Aqui vão algumas verdades que devem ser lembradas sempre e que podem nos ajudar a seguir em frente:

- Deus nos deu o sexo, ele é bom, é um dos maiores presentes que temos. Quando reservamos a vivência de nossa sexualidade para o casamento, maximizamos as chances de ter uma boa intimidade e satisfação sexual, bem como paz e fidelidade. O sexo antes do casamento (fornicação) é pecado (1 Coríntios 6, 9; 2 Coríntios 12, 21; Gálatas 5, 19; Hebreus 13, 4; Colossenses 3, 5) e tem consequências destrutivas.

- Fantasiar sobre o pecado sexual é tão pecado quanto efetivamente cometer fisicamente o ato (Mateus 5, 28). Os olhos são as janelas da alma. Tudo que preencher seus olhos irá preencher sua alma.

Para ajudar você a lutar contra as tentações, aqui vão algumas dicas:

- Peça a Deus força para você, e peça para Ele lhe mostrar o caminho para sair das tentações que você enfrenta.
- Engaje-se em atividades saudáveis e não-sexuais.
- Louve a Deus. Pode ser cantando uma música, lendo a Bíblia, ou simplesmente dizendo a Deus o quanto o ama. A oração e o louvou o conectam com o poder de Deus, e isso vai ajudá-lo a superar as tentações e sua força maléfica.
- Comprometa-se a olhar apenas para aquilo que não vai causar luxúria em você. Por exemplo, pare de ver pornografia, jogue fora revistas e bloqueie acesso a alguns sites.
- Tenha um momento de oração todo dia. Peça a Deus que lhe proteja das tentações durante o dia.
- Se você cair, não desista, e não aceite as condenações do demônio. Aproxime-se de Deus com um coração arrependido e peça para que Ele o perdoe e o fortaleça de novo. Jesus pagou o preço de seu pecado! O salmo 50 (51) é excelente nessas situações.
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