quarta-feira, 28 de abril de 2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

A prevalência da pornografia faz as garotas e o Governo Britânico procurar proteção

A noção absurda de que a pornografia é apenas "uma diversão inofensiva" tem sofrido algumas derrotas nas últimas semanas. Segundo a imprensa do Reino Unido, a total rejeição desta crença tem que acontecer o mais rápido possível.

O jornal britânico Daily Mail, na sua página digital “Mail Online”, informou, em seu recente artigo "Adolescentes assistindo horas de pornografia na Internet todas as semanas estão tratando suas namoradas como objetos sexuais" * (3/8/10), que as próprias garotas adolescentes em Londres estão reavivando o conceito de uma “dama de companhia” (uma mulher normalmente mais velha ou casada, que acompanha em público uma mulher solteira) para se proteger das demandas sexuais de namorados que estão crescendo imersos na pornografia.

De acordo com os adolescentes e os peritos, a onipresença da pornografia online está literalmente transformando os jovens homens em predadores sexuais, fazendo com que as mulheres jovens busquem refúgio – em lágrimas, em alguns casos –, desejando desesperadamente a orientação dos pais.

“Eu desejo que os meus pais me digam que eu não estou autorizada a ficar em casa sozinha com um garoto”, disse ao Daily Mail uma garota de dezesseis anos. “Eu desejo que eles digam que os rapazes não são permitidos no meu quarto. Eles têm toda essa idéia de ‘confiar em nós’, mas isso não está me ajudando. Eles não têm idéia do que se passa, e eu tenho vergonha demais para lhes contar”. O artigo também relata que apenas 37% dos pais no Reino Unido têm ativado os controles parentais nos dispositivos eletrônicos dos adolescentes.

Na mesma semana veio uma cobertura da BBC sobre um relatório do governo britânico que recomenda novos regulamentos para tentar conter a onda de imagens sexualizadas acessíveis às crianças. O relatório reconhece que a sexualização da adolescência está tendo um efeito devastador sobre os jovens, e propõe normas mais rigorosas em matéria de publicidade e vendas de revistas, bem como exigir que os celulares e sistemas de jogos passem a ter, por padrão, controles parentais.

A lição clara dessas reportagens é que os pais precisam se envolver com seus filhos, conversar com eles sobre sexo e sobre as mensagens sexualizadas de nossa cultura de consumo, e demonstrar seu amor através do estabelecimento de limites adequados e ativando os controles parentais em computadores, telefones e vídeos-game. Além disso, os pais devem considerar a instalação de software de filtragem para proteger ainda mais os seus filhos e famílias.
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Traduzido de: National Coalition for the Protection of Children and the Family http://www.nationalcoalition.org/thenewchaperones.asp

* Um link direto para este artigo (“Teen boys watching hours of internet pornography every week are treating their girlfriends like sex objects”) não é fornecido porque ele contém uma imagem de nudez.

sábado, 17 de abril de 2010

Cartas de amor de uma Santa (2)

Santa Gianna e seu esposo Pietro, que faleceu no último Sábado Santo

11 de março de 1955

Querido Pietro,

Não tenho palavras para agradecer-lhe todos os cuidados e delicadezas que você tem para comigo. Obrigada pelas rosas e pelos momentos passados ontem à noite em sua companhia. (...) Pietro, como gostaria de dizer-lhe tudo quanto sinto por você! Mas não consigo; ajude-me. O Senhor me ama muito mesmo. Você é o homem que eu queria encontrar, mas não nego que muitas vezes me pergunto: "Serei digna dele?" Sim, digo-lhe, Pietro, porque me sinto como se não fosse ninguém, incapaz para nada, embora deseje fazer que você seja feliz, receio não consegui-lo. (...)

Com muito e muito amor, saudações, sua
Gianna

Santa Gianna e Pietro


13 de setembro de 1955


Meu querido Pietro,

Não tenho palavras para agradecer-lhe as suas cartas magníficas e muito carinhosas, que, uma após a outra, me são enviadas nesses dias (1). Toda carta, toda palavra sua é para mim motivo de imensa alegria. (...) Queridíssimo Pietro, estou certa de que sempre me fará feliz como hoje o sou e que o Senhor escutará as suas preces, porque feitas por um coração que sempre o amou e serviu santamente.

Pietro, quanto tenho a aprender com você! Você é mesmo um exemplo e lhe agradeço. Assim, com a ajuda e a bênção de Deus, faremos tudo para que nossa nova família seja um pequeno cenáculo em que Jesus reine sobre todos os nossos afetos, desejos e ações.

Meu querido Pietro, faltam poucos dias e sinto-me comovida por aproximar-me de receber o Sacramento do Amor. Tornamo-nos colaboradores de Deus na criação; assim podemos dar-lhe filhos que o amem e o sirvam.

Pietro, conseguirei ser a esposa e a mãe que sempre desejou? É isso mesmo o que quero, porque você o merece e porque lhe devoto muito amor. Beijos e abraços com todo o amor. Sua
Gianna

Santa Gianna, Pietro, e o filho Pierluigi

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(1) Temos a carta de 10 de setembro que entre outras coisas dizia: "Gianna, quero ser o marido que você queria nos seus mais belos sonhos e desejava nos seus desejos mais alegres e santos, o marido digno de suas virtudes, de sua bondade e de seu imenso amor".

Trechos do livro: "Cartas de Amor de Uma Santa", de Santa Gianna Beretta Molla. Aparecida: Editora Santuário, 2008.

O segundo milagre operado por Deus através de Santa Gianna

Por Pe. John Zuhlsdorf


Em meados de novembro de 1999, uma mulher brasileira chamada Elisabete Comparini Arcolino descobriu que estava grávida pela quarta vez. Um exame de ultrassom em 30 de novembro mostrou que a criança em desenvolvimento estava dentro de um saco pequeno de apenas 0,8 centímetros de comprimento e 2,3 cm de diâmetro. O médico disse que era improvável a criança nascesse com uma gestação começando assim. Em 9 de dezembro, um ultrassom mostrou o embrião com 1,0 cm de comprimento, mas também um grande aumento em uma massa de sangue coagulado (perda de sangue), medindo 5,2 × 3,5 cm. Em 19 de dezembro eles encontraram o coração da criança batendo, mas também uma deterioração da placenta na região inferior do útero. Foi dado um prognóstico pessimista. A médica que acompanhava o caso, Dra. Nadia Bicego Vieitez de Almeida, que já tinha cuidado de Elisabete nas gestações anteriores, disse que com a grande perda de sangue Elisebete provavelmente iria abortar espontaneamente, ou eles teriam que fazer o procedimento, mais cedo ou mais tarde.

Contrariamente às expectativas, o coração da criança continuava batendo, e a gravidez continuou.

Em 11 de fevereiro de 2000 Elisabete percebeu que havia um problema sério, e foi para o hospital. O ultrassom mostrou que a membrana do saco gestacional tinha quebrado com 16 semanas de gestação e, apesar do feto estar vivo, havia agora uma total ausência de líquido amniótico. O radiologista testificou que não havia líquido amniótico para proteger a criança contra a exposição ao mundo exterior e contra a pressão externa do próprio útero. Isto significava que tanto a criança quanto a mãe estavam em grave perigo de infecção, etc. A Dra. Nadia recomendou o término da gravidez. Elisabete foi colocada em um regime de super-hidratação – 4 litros de venóclise (injeção intravenosa de uma solução isotônica de glicose ou outras substâncias) por dia. Em 15 de fevereiro um novo ultrassom mostrou que não houve aumento significativo do volume de líquido amniótico, e que o volume era insuficiente para levar a gravidez a termo.

Neste ponto, 15 de fevereiro, o prognóstico para a criança era exatamente zero. Dois estudos, um em São Paulo e um em San Francisco, tinham estudado a viabilidade da gravidez com uma membrana rompida entre 22-26 semanas – um número de semanas muito maior do que no caso de Elisabete e seu bebê. Nos estudos, em todos os casos examinados, todos os fetos foram abortados espontaneamente no prazo máximo de 60 dias após a ruptura. Em praticamente todos os casos, um feto de 16 semanas iria ser abortado espontaneamente em poucos dias.

Dra. Nadia e outros médicos disseram a Elisabete que ela tinha que fazer um aborto para salvar a vida dela, e deram-lhe algum tempo para tomar a decisão. Mas Elisabete, sabia em seu coração – assim ela declarou – que não podia fazer isso e que devia tentar levar a gestação até o fim. Quando a médica veio para a decisão, o marido de Elisabete, Carlos César, solicitou a presença de um padre. Ele chamou o padre da paróquia de São Sebastião, Pe. Ovídio José Alves di Andrade. A Dra. Nadia disse que voltaria em 15 minutos com os documentos de sua assinatura para aprovação do aborto.

No momento em que Dra. Nadia voltou estava presente uma amiga de Elisabete, chamada Isabel, que ouviu a discussão sobre o aborto. Isabel foi à capela do hospital para rezar a Maria a fim de ajudar a trazer alguma luz para a situação. Lá Isabel passou algum tempo em oração. Quando ela terminou e se levantou para sair, ela viu passar pela porta o Bispo diocesano D. Diógenes Silva Matthes, que havia ido ao hospital para visitar uma outra pessoa. O Bispo D. Diógenes tinha sido o celebrante do casamento de Elisabete e de Carlos César em São Sebastião, onde eles trabalhavam como catequistas. Isabel contou ao bispo o que estava acontecendo, e ele foi para o quarto de Elisabete, e lá ouviu a história toda. O bispo disse: "Betinha, vamos orar e Deus vai nos ajudar" e ele pediu à Dra. Nadia que esperasse um pouco mais. Em seguida, o bispo saiu.

Pouco depois de o bispo ter saído, chegou o Pe. Ovídio. Ele começou a dar Elisabete o sacramento da extrema-unção. Nesse ponto, o bispo retornou. Ele tinha trazido consigo uma biografia da beata Gianna Beretta Molla. Ele disse a Elisabete: "Faça o que a Bem-aventurada Gianna fez, e, se necessário, dê a sua vida pela criança. Eu estava rezando em casa, e disse para a Bem-Aventurada Gianna em oração: "Agora chegou a oportunidade para que você possa ser canonizada. Interceda diante do Senhor pela graça de um milagre, e salve a vida dessa pequena criança".

Elisabete já conhecia a Beata Gianna, sobre como ela morreu, e como o primeiro milagre de sua causa aconteceu com uma mulher que teve complicações terríveis após uma cesariana. Depois de saber sobre a Beata Gianna, a própria Elisabete, em sua terceira gravidez, e após duas cesáreas anteriores, tinha decidido dar à luz normalmente, apesar dos problemas decorrentes. Nessa altura, o mesmo Bispo D. Diógenes tinha dado a ela um “santinho” com a foto da Beata Gianna. Elisabete estava terrivelmente atemorizada, mas ela pediu ajuda à Bem-Aventurada Gianna, e deu à luz uma criança com peso superior a 5kg.

Portanto, desta vez, reforçada pela experiência do passado e com a ajuda da Beata Gianna e do mesmo bispo, Elisabete disse à Dra. Nadia que ela tentaria continuar a gestação, enquanto o coração dela continuasse a bater. Vários médicos no hospital expressaram sua opinião, de que isso era uma loucura. Entretanto, a Dra. Nadia testemunhou mais tarde sobre esse tempo: "Mas eu, eu não sei se foi por intuição, por causa da minha própria falta de coragem, ou se fui tocada pela fé de Elisabete, que parecia não ter limites, decidi esperar e ver o que acontecia". Elisabete viria a testemunhar depois que, para ela: "O maior milagre de Jesus foi mudança de coração da médica. Ela tinha sido até então inabalável em sua determinação de realizar abortos, mas um dia ela me disse: 'A sua fé me fez pensar muito. Mesmo eu tenho fé agora, então vamos aguardar a morte do feto".

Elisabete deixou o hospital e foi para a casa da tia de Carlos César, Janete Arcolino, que era uma enfermeira. A Dra. Nadia lhes emprestou o aparelho de ultrassom para que eles pudessem monitorar o batimento cardíaco da criança, e disse-lhes para verificar temperatura e pressão arterial a cada seis horas. Eles continuaram os tratamentos de super hidratação, e depois iniciaram um tratamento com cortisona, para evitar problemas com os pulmões da criança.

Nesse meio tempo, o Padre. Ovídio testemunhou mais tarde, toda a comunidade continuava a invocar a Bem-Aventurada Gianna, continuamente pedindo por um milagre. A paróquia era muito pró-vida, e todos os meses havia uma bênção especial para as mulheres que iam com os filhos. Também envolvida na oração à Beata Gianna estava uma comunidade de irmãs carmelitas que, por sua vez, tinham comunicado a solicitação de oração para outros conventos no Brasil. De sua parte, Elisabete passou um momento muito difícil. Apesar de sua fé em Deus e de sua experiência passada, houve momentos em que ela estava com muito medo de morrer junto com o bebê. Ela sentiu-se por vezes bastante abandonada por Deus, e sozinha. Ela estava preocupada com o que iria acontecer com seus três outros filhos, se ela morresse.

A Dra. Nadia seguia de perto a gestação, e observou que, durante o tempo todo, não houve acúmulo de líquido amniótico. Se Elisabete ganhava algum, logo que ela ia se mover para se levantar e ir ao banheiro, ela voltava a perder tudo.

Quando eles chegaram à 32ª semana e quando o bebê pesava 1,8 quilos, eles decidiram por um parto cesáreo, realizado em 31 de maio de 2000. A filha recém-nascida, de nome Gianna, estava em boa forma, com exceção do pé esquerdo, que estava torto, provavelmente por causa da compressão do útero.

Os problemas não acabaram aí. Eles descobriram que Elisabete tinha uma ferida dentro de um músculo uterino no qual a placenta tinha aderido, permanecendo portanto no lugar. Ela teve uma hemorragia grave e seus pulmões entraram em colapso, e ela acabou na UTI por três dias. Como parte de seu tratamento a Dra. Nadia queria interromper o seu ciclo com uma espécie de falsa menopausa, o que resultaria também em Elisabete não ser capaz de dar de mamar, mas Elisabete disse que queria fazer isso.

A casa recém-nascida recebeu alta do hospital e foi para casa em 17 de junho, pesando 1,960 kg. Mais tarde, uma operação cirúrgica e uma terapia corrigiram o pé torcido. Em julho de 2001, uma pediatra, a Dra. Maria Engracia Ribeiro, examinou a criança completamente e atestou que ela era perfeitamente normal e saudável, inteligente e alegre, com personalidade forte. Outro exame em 17 de janeiro de 2002 não encontrou problemas em nenhum aspecto do desenvolvimento da criança, nenhum problema imunológico ou respiratório, e atestou que ela estava, para sua idade, em perfeita saúde.

O caso do pretenso milagre foi estudado pela "Consulta Médica" da Congregação para as Causas dos Santos em 10 de abril de 2003. Esta afirmou que, com a total perda de líquido amniótico na 16ª semana resultando no prognóstico grave para o feto e para a mãe, e com o tratamento médico inadequado para tão grave situação, o resultado positivo da gravidez e a saúde da mãe e da criança eram inexplicáveis em termos médicos. O decreto foi promulgado “super miraculo” pela Congregação, na presença do Papa João Paulo II, em 20 de dezembro de 2003. Gianna Beretta Molla tinha sido beatificada em 24 de abril de 1994, e sua canonização foi celebrada em 16 de maio de 2004.

Gostaria de lhes propor vários pontos para reflexão:

1. Os Santos nos são apresentadas pela Santa Madre Igreja para "os dois I's": imitação e intercessão.
2. Como todos os cristãos são chamados a imitar a Cristo, nós também devemos experimentar o auto-esvaziamento e a Cruz, o abandono à Providência e a doação de si mesmo. Devemos estar dispostos a perder tudo.
3. Nós não estamos sozinhos: a Igreja Militante e a Igreja Triunfante estão intimamente unidas, entrelaçadas na caridade. Nós na terra devemos interceder uns pelos outros, e acreditar e pedir a intercessão dos santos.
4. Deus faz uso dos fracos para demonstrar Seu poder e amor.
5. Se não crermos em milagres, não pediremos a Deus milagres. Se nós não pedirmos milagres, eles não serão concedidos.
6. Nossa vida de fé é percebida pelos não-crentes e eles são afetados por ela.
7. Que diferença um bispo pode fazer.
8. Quantas vezes você invocar a ajuda dos santos e anjos?
9. Os caminhos de Deus não são os nossos caminhos.
10. Ninguém é demasiado pequeno para não ser uma ocasião de graça para os outros.
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Traduzido de: http://wdtprs.com/blog/2008/04/prepare-to-be-amazed-the-2nd-miracle-of-st-gianna-molla/

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Masturbação, pornografia e o sentido esponsal do corpo


Por Anthony Percy

A revolução sexual tem sido comparada a um esgoto com muitos bueiros. A pornografia e a masturbação são dois “bueiros” desse “esgoto”. A sexualidade pode se tornar perversa. Ao invés de tornar as pessoas livres, como deve acontecer com marido e mulher, o sexo se torna uma forma de escravidão.

A pornografia e a masturbação representam a destruição do sentido esponsal e simbólico do corpo humano. Na pornografia se apresenta uma imagem. O foco está tão somente no visível e no erótico. A pessoa humana é reduzida ao que pode ser visto. Não há nenhum traço da dimensão invisível – da intimidade e sacralidade da pessoa humana. Note-se, também, que na pornografia não há ninguém ali. É um mundo de fantasia. Ninguém está realmente presente.

Portanto, quando um homem olha repetidamente para pornografia, ele encontrará dificuldade em se relacionar com mulheres na vida real. Ele se acostuma a ver as mulheres como objetos a serem usados. Ele se contenta com uma visão apenas erótica da mulher, e por isso destrói o sentido esponsal e simbólico do corpo humano. A luxúria toma o lugar do amor, e a fantasia substitui a realidade.

Muito disso tudo pode ser dito também da masturbação. Ela é um mundo irreal de fantasia. Note-se, entretanto, o modo como a masturbação destrói o sentido esponsal do corpo. Deus dotou todos os homens e mulheres de energia sexual. Chamamos talvez de desejo sexual. Isso é bom, e faz parte da atração entre homem e mulher, que é parte constituinte do sentido esponsal do corpo. A energia sexual, portanto, precisa encontrar sua expressão no amor, não na luxúria.

A energia erótica foi feita para ser direcionada a outra pessoa, no amor. Se você é homem, então ela se direciona para a mulher, e vice versa. Na masturbação a energia sexual se volta para si mesmo. A pessoa se torna sexualmente “vesga”. O que foi feito para uma outra pessoa se volta para a gratificação de si mesmo. A masturbação, portanto, é um símbolo não do amor, mas do egoísmo.
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Trecho do Livro: “Theology of the Body Made Simple”, de Anthony Percy, p. 63.

domingo, 11 de abril de 2010

Santa Gianna e o matrimônio


O casal Beretta Molla por ocasião de seu matrimônio

Por Roberto Bertogna
25/7/2004


Viveu alguns anos na incerteza da escolha de um estado de vida. Para bem decidir, rezava muito, pedia orações e conselhos, sofria. Na busca de discernir a vontade de Deus para sua vida, passou mesmo por uma grande perturbação interior; não no plano da fé, mas na elaboração do projeto de vida.

Parecia que o próprio Deus desarranjava e confundia projetos, desejos e sonhos. Sentia-se chamada por Deus, mas no momento da realização, parecia que tudo saltava pelos ares. Um modo misterioso de agir d’Aquele que traça “vias diferentes das nossas”.

Gianna, em suas anotações, indicava três meios para descobrir a própria vocação:

- interrogar o Céu com a oração;

- interrogar o diretor espiritual;

- interrogar a nós mesmos, conhecendo nossas inclinações.

Foi o que fez. Ao invés de acabrunhar-se, intensificou as orações para que pudesse conhecer melhor a vontade de Deus. Para isso foi a Lourdes em peregrinação, e lá rezou bastante.

Quando compreendeu que a vontade de Deus era a de que constituísse uma família, orientou-se decidida para o matrimônio, consciente de que era o caminho que Deus desejava para ela.

Escreveu em seu diário: “O problema do nosso porvir, não devemos solucioná-lo quando temos apenas 15 anos, mas é melhor orientar toda a vida para aquela via na qual o Senhor nos quer, porque nossa felicidade terrena e a eterna dependem de viver bem a nossa vocação”.

Encontro não casual, abençoado por Deus

Na festa da Imaculada Conceição, 8 de dezembro de 1954, celebrava-se na cidade de Mesero a festa da ordenação sacerdotal de Frei Lino Garavaglia, hoje Bispo das dioceses de Cesena e Sarsina (Itália).

Tanto Pedro, o futuro noivo, como Gianna foram convidados para a Missa e para o almoço. Assim Pedro Molla escreveu a Gianna no dia seguinte:

“Recordo-me de ti quando, com teu sorriso largo e gentil, saudavas o Frei Lino e os seus parentes; recordo-me quando fazias devotamente o Sinal da Cruz antes do café; recordo-me ainda quando estavas em oração durante a bênção do Santíssimo Sacramento”.

Aos pés de Nossa Senhora de Lourdes, em junho de 1954, Gianna tinha compreendido qual era a sua vocação, e naquela festa da Virgem Imaculada Pedro compreendia qual era o projeto de Deus. No dia seguinte, ele registrou em seu diário: “Sinto a serena tranqüilidade que me dá a certeza de ter tido ontem um ótimo encontro. A Imaculada Conceição me abençoou”.

Durante o noivado, Pedro observou: “Quanto mais conheço Gianna, mais tenho a certeza de que melhor encontro Deus não podia oferecer-me”.

Gianna respondeu: “Desejo fazer-te feliz e ser a boa esposa que tu desejas: compreensiva e pronta para os sacrifícios que a vida nos pedirá. Penso em doar-me totalmente para formar uma família verdadeiramente cristã. É verdade que teremos que enfrentar dores e sacrifícios, mas se desejarmos sempre um o bem do outro, com a ajuda de Deus venceremos todos os obstáculos”.

Mãe exemplar, dedicada esposa

Gianna e Pedro receberam o sacramento do matrimônio no dia 24 de setembro de 1955. Prepararam-se espiritualmente para esse momento com um tríduo, que consistia em assistir à Missa e receber a Santa Comunhão.

O amor recíproco, baseado na fé e não no sentimentalismo, proporcionou aos jovens esposos coragem para enfrentar tudo serenamente. Gianna não renunciou à sua profissão de médica, cuidava muito eximiamente dos afazeres da casa, mostrando-se excelente cozinheira, e continuava a assistir seus pacientes; prestava-lhes assistência médica gratuita no jardim da infância e na escola primária.

Sentia profundamente o amor à maternidade. “Com o auxílio e a bênção de Deus, faremos de tudo para que nossa família seja um pequeno Cenáculo, onde Jesus reine sobre todos os nossos afetos, desejos e ações”.

Aceitou os inevitáveis sacrifícios da vida familiar sem nunca apagar o seu sorriso de bondade, paciência e generosidade. Todos que a conheceram são testemunhas de que coerência, consciência dos seus deveres e equilíbrio eram os dotes típicos de Gianna, os quais fazia frutificar ao máximo em todo seu âmbito doméstico, profissional e paroquial, com muita harmonia e simplicidade.

Para ela, a finalidade primeira do matrimônio era a formação de uma família numerosa e santa. Em uma carta à sua irmã, dizia: “Peça ao Senhor que me mande logo tantos filhos bons e santos”.

Nasce em 19 novembro de 1956, 14 meses depois do matrimônio, Pierluigi, o primeiro filho. Depois nascem Maria Zita, em 11 novembro de 1957, e Laura Maria, a 15 de julho de 1959. Em menos de quatro anos de matrimônio, teve três filhos, todos com gravidez muito difícil.

Gianna concebia a mulher como mãe católica, e viveu sua maternidade como uma oblação: ser mãe é ser “sacrifício”, eram duas realidades inseparáveis. Mas, note-se bem, tudo vivido com alegria, mesmo se o preço a ser pago fosse muito alto.

Nesse sentido, ainda aos 18 anos de idade, escrevera em seu diário: “Toda vocação é vocação à maternidade, espiritual e moral, e preparar-se significa estar pronto para ser doadores de vida, e se na luta pela nossa vocação tivéssemos que morrer, aquele seria o dia mais bonito da nossa vida”.

Heróico amor maternal por amor de Deus

Após três gravidezes dolorosas, no início da quarta tornou-se indispensável uma cirurgia, devido a um fibroma uterino (tumor no útero). Fidelíssima a seus princípios morais e religiosos, decidiu, sem hesitar, que o médico se preocupasse, em primeiro lugar, não com a operação que salvaria sua vida, mas com a salvação da vida da criança.

Escreve então seu marido: “Com incomparável força de vontade e com imutável empenho, continuava a sua missão de mãe até os últimos dias da sua gestação. Rezava ou meditava. O sorriso e a serenidade que infundiam a beleza, a vivacidade e a saúde dos seus três ‘tesouros’ eram quase sempre velados com uma interior inquietude. Temia que a sua criança nascesse com sofrimentos. Rezava para que assim não fosse. Muitas e muitas vezes, pediu-me desculpas se me causava preocupações. Disse-me que nunca havia tido necessidade de tanta amabilidade e compreensão como agora. Aproximando-se o período do parto, afirmou explicitamente, com tom firme e ao mesmo tempo sereno, com um olhar profundo que não esquecerei jamais: ‘Se vocês devem decidir entre mim e a criança, não hesitem: escolham a criança, eu exijo, salvem-na! Eu faço a vontade de Deus, e Deus providenciará o necessário para meus filhos’”.

Era uma Sexta-feira Santa, 20 abril de 1962, quando foi internada para o parto. No Sábado Santo, Gianna e toda a família tiveram a indescritível alegria de um dom divino: a filha que portava em seu seio nascia bela e forte.

O fruto abençoado desse heróico gesto de amor de Deus recebeu no santo Batismo o nome de Gianna Emanuela.

Após vida modelar, santa morte

Durante aquele momento, Pedro não deixou sua esposa um só minuto. Os médicos tentavam salvá-la a todo custo: antibióticos, soro, sondas… tudo em vão.

Sua última confidência ao marido foi: “Pedro! Agora me curei. Estava já do outro lado, e se soubesses o que eu vi... Um dia te direi! Mas, como éramos muito felizes, estávamos tão bem com os nossos maravilhosos filhos, cheios de saúde e graça, com todas as bênçãos do Céu, mandaram-me de volta aqui embaixo, para sofrer um pouco mais, porque não é justo apresentar-se a Deus sem haver sofrido muito”.

Inteiramente lúcida, Gianna solicita e recebe a Extrema-Unção e a Santa Comunhão pela última vez. Naquele momento, acabava de chegar da Índia sua irmã Virginia, missionária naquele país. Vendo o Crucifixo que lhe pendia do pescoço, pede para osculá-lo, e diz: “Jesus, Te amo”.

Era o dia 28 de abril de 1962, e seria apropriado colocar em seus lábios as últimas palavras de Santa Teresinha do Menino Jesus: “Eu não morro, mas entro na Vida”.(5)

Notas:

1. Cfr. “Pro-Life”, Annual Report 2004, Washington.

2. Cfr. “Avvenire”, Milão, 16-9-03.

3. Cfr. “Corriere della Sera”, Milão, 8-3-00.

4. Cfr. “Il Giornale”, Milão, 27-3-04.

5. Livros consultados:

Un inno alla Vita: Gianna Beretta Molla, Suor Hildegard Brem Ocist., Voglio Vivere, 2004, Milano; Il cammino di Santità di Gianna Beretta Molla, Comitato per la Beatificazione, ITL s.p.a., 1994, Milano.

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Retirado de: http://www.fundadores.org.br/AbortoNao/principal.asp?categ=1&pag=2&IdTexto=881

sábado, 10 de abril de 2010

Socorro! Queremos um filho!


Por Maria Emmir Nogueira

Por favor, socorra-me! Há algo estranho acontecendo comigo e com meu marido: queremos um filho! Sei que não é nada comum alguém querer um filho hoje em dia, por isso estou pedindo socorro. Ocorre que queremos um filho. Queremos dar a vida, dar à luz, pôr no mundo, como você quiser chamar, mas queremos um filho.
O mais espantoso é que queremos um filho não para nós mesmos, nem para nossa realização nem para nos sentirmos bem ou curtirmos a experiência de sermos pais. Queremos um filho por ele mesmo! Não é incrível?!? Não o queremos para ter uma experiência gratificante. Queremos um filho como uma pessoa única, por quem ele é, seja ele como for.

Veja o artigo todo no site da Comunidade Shalom: http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=660

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Decisões impopulares


Por Jesse Crowley
15 de janeiro de 2010


Deixe-me falar uma coisa para vocês:

"Lembre-se que até um peixe morto pode flutuar a favor da corrente, mas leva uma vida toda para subir contra a corrente." – W.C. Fields

Como seguidores de Cristo, não podemos fugir do fato de que é uma coisa extremamente contra cultural viver nossa fé ativamente no dia-a-dia. Já falei disso brevemente em um post anterior, mas eu acho que é importante o suficiente para merecer um pouco mais de atenção.

Durante minha vida sempre me perguntei o quanto podia tolerar as coisas e ainda poder ser chamado de cristão. Eu queria definitivamente ser um seguidor de Cristo, mas eu ainda queria ser capaz de viver a minha vida, me “dar bem” com os meus amigos, e, finalmente, ser capaz de fazer as coisas que me faziam feliz. O que poderia estar errado nisso, não é mesmo? Isso não é muito justo? Jesus realmente não queria que as pessoas pensassem que eu era um “estranho”, não é?

Mas a verdade é que, se queremos seguir a Cristo e, portanto, ser completamente livres das coisas que nos oprimem e nos prejudicam, nós precisamos levar as coisas a sério. A única forma de sair da impureza é comprometer-se totalmente na direção oposta, no sentido da pureza. E muitas vezes isso se traduz em dar pequenos passos para evitar pequenas concessões. Pequenas concessões se somam e crescem como bola de neve até chegar a ocasiões de pecado que são tão incrivelmente tentadoras, que é irrealista esperar que sejamos capazes de rejeitá-las facilmente. Com o que essas pequenas concessões se parecem? Bem, por exemplo, algumas das mais conhecidas poderiam ser assim ...

- Assistir a filmes “atrevidos” cujas imagens se “implantam” no cérebro de modo que leva anos para se livrar delas
- Ouvir e / ou dançar música que glorifica certas atitudes com relação ao sexo casual
- Permitir-se conversações com linguagem impura

Eu posso ouvir você me dizendo: "O quê, Jesse? Você quer que eu viva dentro de uma caverna?". Para o que eu iria responder...

Talvez. São Bento viveu...

Porém o Senhor pode provavelmente estar chamando você para ser simplesmente uma testemunha para aqueles ao seu redor no dia-a-dia, também. E nada mostra mais aos outros como a fé é importante para você do que quando sua fé lhe faz deixar de rir de uma piada suja, ou quando sua fé faz você se decidir ou não a deixar o filme super-sexualizado da semana que está passando na sala, para ir ter uma conversa com alguém na cozinha em vez disso. Ou quando você interrompe as coisas com sua namorada antes que elas fiquem muito intensas, embora ela possa estar querendo continuar.

Isso terá um efeito sobre os relacionamentos na sua vida? Definitivamente. Se isso tem um bom efeito, então é um sinal de que Deus está abençoando esse relacionamento. Se isso lhe afasta de seus amigos, de sua namorada, ou de qualquer outra pessoa, pode ser um sinal de que essas relações estão fazendo mais dano que benefício. Uma grande ajuda pode ser levar um amigo que compartilha sua fé para qualquer festa ou programação que você for convidado. É uma grande ajuda para não ter de se manter nos seus padrões sozinho.

Nesta vida, sempre vai haver uma luta para se afastar da tentadora, popular, e inicialmente atrativa opção pelo pecado. Mas a liberdade, a paz, e a oportunidade de viver uma vida que seja absolutamente perfeita para quem você é vale a pena muito mais do que as emoções baratas do momento. Este é o preço da pureza. Vamos lá, irmãos, ao trabalho.

" Quem buscar sua vida a perderá, e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará." -Mateus 10:39

" Sei muito bem do projeto que tenho em relação a vós — oráculo do Senhor! É um projeto de felicidade, não de sofrimento: dar-vos um futuro, uma esperança!." - Jeremias 29:11
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Traduzido de: http://www.whodoesithurt.com/jesse-crowley/141-jesse-crowley

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Falece Pietro, marido de Santa Gianna

Santa Gianna ao lado de seu querido marido, Pietro Molla


Para quem não conhece muito bem a história de Santa Gianna, pode ler um pouco sobre ela aqui: http://www.acidigital.com/biografias/testigos/gianna.htm
e aqui: http://www.providaanapolis.org.br/gianna5.htm

Ela foi uma médica, católica, esposa e mãe de quatro filhos. Faleceu por complicações decorrentes do seu último parto. Ao saber que sua vida corria risco, afirmou aos médicos que não hesitassem em sacrificar a vida dela, se fosse necessário para salvar a vida do bebê.

Os milagres que possibilitaram a canonização de Santa Gianna ocorreram com mães brasileiras: http://www.diocesefranca.org.br/gianna/gianna5.html

O marido de Gianna, e engenheiro Pietro Molla, criou as filhas do casal, e não se casou de novo. Depois de 48 anos da morte de Gianna, seu querido esposo foi a encontrar no céu. Que eles possam interceder por nossas famílias!

Veja a notícia de seu falecimento aqui: http://www.acidigital.com/noticia.php?id=18627
Ambos passaram para a outra vida no Sábado Santo.

E veja um exemplo das cartas que eles trocavam quando ainda em vida (Santa Gianna e seu esposo fazem a santidade parecer bem próxima de nós): http://www.comshalom.org/formacao/especial/artigosespeciais/artigos/cartas_fora_moda.html

Santa Gianna e Pietro em visita ao Vaticano

Santa Gianna e seus "bambini"


Casamento de Sta. Gianna e Pietro

Dez mil jovens no Equador abraçam a castidade

Quito, Equador, 5 de abril de 2010 / 01:54 (CNA) .- Dez mil jovens se encontraram na Arquidiocese de Quito, no Equador, no mês passado, e prometeram manter-se castos até o casamento e defender a vida desde a concepção até a morte natural.

De acordo com Amparo Medina, da organização Prolife Action, que organizou o evento, os milhares de jovens assistiram a um concerto e ouviram testemunhos "sobre a verdade com relação aos negócios da morte, da contracepção e do aborto."

"Os jovens ouviram depoimentos de mulheres que estavam às portas de clínicas de aborto, mas que, com a ajuda de voluntários da Prolife Action, vieram a entender o que realmente é um aborto, receberam ajuda e disseram sim à vida. Os gritos de entusiasmo dos jovens, ao ver esses bebês e suas mães, foi um sim à vida", disse Medina.

Após os vários eventos, os jovens fizeram uma promessa de viver a castidade até o casamento e viver em união fiel até a morte. "Vamos organizar esses eventos novamente em apoio às vidas dos nossos filhos e por nossas famílias, para um Equador livre do império da morte, da contracepção e do aborto", afirmou Medina.
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Traduzido de: http://www.catholicnewsagency.com/news/ten_thousand_young_people_in_ecuador_promise_to_embrace_chastity/

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Uma visão superficial do sexo

O mundo diz que não há nada de intrinsecamente certo ou errado em qualquer “escolha” sexual. Não acredite nisso.

por Matt Kaufman
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Jane tem um problema. É sobre... hhmm... sexo – o que é certo fazer, e o que não é. E não é sobre ela, na verdade: Trata-se de uma amiga.

Jane escreveu recentemente sobre seu problema para a coluna de Carolyn Hax no jornal “Washington Post”, uma coluna dedicada a dar conselhos às leitoras. Eu estou mudando o nome dela (seu nome aparecia como "Anônimo"), mas essa é a única coisa que eu vou mudar. Quanto ao resto, veja o que Jane disse, em suas próprias palavras, inalteradas:
"Querida Carolyn: Eu tenho uma amiga que é muito promíscua, e no começo eu não ligava, mas agora me incomoda. Eu não sei como ou se eu deveria dizer algo a ela. Ela não é discreta sobre suas ações, e é conhecida entre muitas pessoas como "fácil" ou "vadia". Você acredita que essa mulher tem 35 anos? Seu comportamento realmente não me espanta, mas as pessoas sabem que eu sou uma boa amiga dela, e eu me pergunto se eu poderia sofrer com essa associação. Eu também estou começando ter minhas próprias opiniões sobre suas ações, e eu me preocupo com sua saúde. Estou indecisa (e como!) se eu devia falar para ela como me sinto ou se eu deveria deixá-la viver sua própria vida e colher o que ela semeia. "

Jane precisava definitivamente de ajuda para resolver suas dúvidas. Infelizmente, a resposta que ela obteve da Sra. Hax não foi muito útil:

"Então, aos 35 anos a sexualidade de uma mulher fica condenada à prisão domiciliar? Acredito que homens e mulheres, de 17 anos em diante, são capazes de tomar suas próprias decisões sobre a própria sexualidade. Alguns mais cedo, alguns mais tarde, alguns nunca, mas essa é a idéia, você entendeu. Se ela está claramente insatisfeita com suas escolhas, ou se suas escolhas estão claramente machucando outras pessoas, então você tem motivos para expressar como se sente. Se você simplesmente não quer, ou respeita as decisões dela, então você simplesmente não quer ou respeita as decisões dela. Mas se você acha que a reputação dela é ruim para a sua reputação, então, por favor, revise seus próprios valores. O que é “certo” aqui: Ter um julgamento questionável ou julgar os outros como questionáveis? Perder as roupas ou perder amigos? Pouca coisa basta para fazer as coisas ficarem “preto no branco”, e a sexualidade talvez seja a zona mais “cinza”: misturada e variável nos tons. Para navegar por ela, faça a si mesma duas perguntas: Quem está machucando quem e por quê? E, sabendo disso, no coração de quem você confiaria, e se sentiria no lugar certo? "

Hax tem um bom argumento – apenas um único bom argumento. E um monte de maus.

O argumento bom (com o risco de estar falando o óbvio) é que a amizade não deve depender de uma imagem. Amigos não deixam de ser amigos por causa de coisas desse tipo. Mas amigos também não ignoram que a outra pessoa tenha mergulhado na promiscuidade. Eles podem não saber o que dizer sobre isso, ou como, ou quando: podem ter dificuldade em encontrar o momento certo e a maneira de falar sobre isso. Mas pelo menos sabem que há algo errado sobre isso, e querem fazer algo sobre isso, se puderem.

Você não saberia disso ouvindo somente Hax aqui. Quando o assunto é sexo, ela não fala outra língua a não ser a da autonomia pessoal, e parece não conhecer nenhum padrão superior além da escolha individual. Você tem o direito de tomar suas "próprias decisões" sobre a sua “própria sexualidade”. Ninguém deveria ligar para nada, a não ser que você estivesse "claramente infeliz" ou estivesse "claramente magoando os outros" com suas "escolhas". E assim por diante.

Você já ouviu tudo isso antes, é claro: as pessoas já vêm falando isso há um bom tempo: “Não há nada de intrinsecamente certo ou errado em qualquer ‘escolha’ sexual desde que sejamos adultos ‘consentindo’ com isso. E, bem, se falta apenas um ano para sermos adultos... Ou talvez dois... não tem muito problema.”

Mas sempre é uma vergonha ouvir isso novamente. Hax é uma colunista que dá conselhos, afinal de contas. E embora você não precise realmente de ‘insight’ ou de sabedoria a ponto de ter que procurar conselho nessas colunas, enquanto existir alguém disposto a publicar colunas existirão pessoas levarão a sério o conselho desses colunistas.

Além disso, Jane realmente deveria ter recebido um bom conselho. Ela me pareceu uma pessoa com uma dúvida honesta. Sim, ela pode estar preocupada com a sua própria reputação, mas eu suspeito que não tanto quanto Hax parece pensar. Ela me parece genuinamente preocupada com sua amiga. Ela está convencida de que há algo de errado com a promiscuidade, e ela detesta ver sua amiga reduzida à promiscuidade. Seu maior problema talvez seja que ela está confusa sobre o que há de errado nisso tudo.

Apenas a partir de sua carta (ou pelo menos da parte que foi publicada), é difícil dizer exatamente como Jane pensa. Qual é a base de sua oposição à promiscuidade? Em parte são as conseqüências físicas, como as doenças sexualmente transmissíveis. Em parte é pressão social: chamam as pessoas promíscuas de “vadias”, e sua amiga não é "discreta". E em parte é uma questão de moralidade: Jane se vê "emitindo um juízo" sobre as ações da sua amiga.

Isso ainda deixa muita coisa sem esclarecimento. Por exemplo, quanto dessa preocupação de Jane com sua própria reputação é baseada em um desejo de ser bem vista pelos outros, simplesmente por causa de aprovação, e quanto é baseada em um sentimento de que as outras pessoas estão refletindo um importante consenso moral? Sem saber o que Jane pensa, não podemos dizer. Mas ambos os fatores, provavelmente, estão relacionados. A pressão social e os padrões morais sempre se reforçaram mutuamente, até certo ponto. Às vezes, você se importa o que as outras pessoas pensam, porque você sente que elas estão certas.

A grande questão, porém, é esta: Por que, afinal de contas, Jane acha que a promiscuidade é moralmente errada? Ou, dito de outra forma, qual é o seu padrão de moralidade? Será que ela acha certo ter relações sexuais com algumas pessoas, mas não muitas? Será que ela acha certo “brincar” um pouco, mas em algum momento da vida você tem que se estabelecer? ("Você acredita que essa mulher tem 35 anos?") Será que ela acha certo o sexo no contexto de um certo tipo de "relacionamento?" Ou, só quando se acha que a coisa está indo no rumo de um casamento? Ou só quando se está noivo? Ou só, e somente só, quando se é casado?


Minha esperança é que Jane adote este último padrão. Meu palpite é que ela paira em algum lugar entre os outros padrões. Jane, eu suspeito, está em conflito não apenas sobre o que fazer, mas sobre o que pensar disso tudo.

Por outro lado, ela sabe no fundo do coração que o sexo deve ser importante em um nível moral: entrar nele muito livremente é desvalorizar algo que ela sente que deve ser precioso. Por outro lado, toda a cultura diz a ela todos os dias que esperar só pelo casamento é apenas uma relíquia de um passado primitivo. Não que muitas pessoas gastem muito tempo se preocupando em defender essa posição. É simplesmente assumido que é assim, junto com um monte de outras coisas (do mesmo modo que a idéia de “julgamento” de “escolhas pessoais” é vista com maus olhos).

Como Jane lida com esse choque entre o coração e a cultura? Mais uma vez, só podemos especular. Um monte de mulheres resolve se centrar nos sentimentos. Elaboram um sistema onde a moralidade das relações sexuais (se é que elas se permitem pensar em termos de moral) se resume a uma relação emocional. Eles podem até querer um casamento duradouro, mas imaginam que isso é um “ideal”, e que não podem manter esse ideal, muito menos sustentá-lo como um padrão universal. A promiscuidade desenfreada ainda choca e é tida como desprezível, mas o sexo com alguns "parceiros" – um de cada vez, na busca pela “pessoa certa” ou procurando alguém pelo menos “razoável” – bem, isso é "aceitável"...

É uma péssima decisão aceitar padrões mais baixos, e isso deixa as mulheres e também os homens em uma posição terrível. Tratar o sexo como uma enorme zona moral “cinzenta” ou relativa – nas palavras de Hax, "a zona mais confusa de todas" – não é apenas anti-bíblico, é inviável até mesmo em um nível puramente prático. Mesmo que seja reservado para os "relacionamentos com compromisso", esses relacionamentos têm uma maneira muito rápida de perder o “compromisso”. Na verdade, toda a razão para se manter solteiro é se manter descompromissado.

O que Jane e as milhões de outras pessoas que estão tentando lidar com esta questão precisam, mais do que tudo, é claridade. O que elas precisam ouvir, não é que tudo é “cinza” e incerto, mas que algumas coisas são realmente “preto e branco” – e o sexo fora do casamento é realmente uma dessas coisas.

Os cristãos têm uma grande contribuição a dar sobre este assunto, maior do que qualquer contribuição que o mundo possa oferecer, qual seja: uma compreensão mais profunda, mais rica, e mais verdadeira do amor entre homem e mulher. Nós temos um antídoto para todas as mentiras tentadoras porém invariavelmente destrutivas que o mundo fala sobre sexualidade. Temos muito a dizer. Mas muitas vezes nós temos vergonha de dizer isso e, normalmente, as pessoas que precisam ouvir isso ouvem apenas as mentiras.

Nós realmente precisamos vencer nossa timidez. Devemos isso às Janes do mundo.
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Copyright © 2007 Matt Kaufman. Todos os direitos reservados. Copyright internacional garantido. Sobre o autor: Matt Kaufman é um escritor freelancer, contribuindo para a revista “Citizen”, e ex-editor da revista “Boundless”. Traduzido de: http://www.pureintimacy.org/piArticles/A000000422.cfm

domingo, 4 de abril de 2010

O Senhor Ressurgiu! Aleluia! Aleluia!


Uma feliz e Santa Páscoa
na alegria do Senhor Jesus Cristo Ressuscitado!!!

A "cultura" da sexualidade invertida

Por Patrick Fagan

A enorme desordem social e psicológica que vemos ao nosso redor não é invenção da “comunidade gay”. Nossos problemas atuais – incluindo mesmo o próprio movimento de “direitos gays” – surgiram como resultado de desordens que se tornaram predominantes primeiramente entre os heterossexuais.
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É impossível olhar para as mudanças em nossa cultura ao longo das últimas décadas, sem perceber o alcance das mudanças introduzidas pelos novos costumes sexuais. A tese deste ensaio é que a força do atual movimento homossexual e de outros movimentos radicais está enraizada nessas mudanças.

As grandes mudanças no pensamento sobre a natureza do ato sexual tiveram início na última parte do século 19, e ganharam força no início do século 20, conseguindo um avanço significativo em 1930, com a quebra da unidade na tradição religiosa-moral cristã sobre a natureza do ato sexual.

No final dos anos 1940 um número crescente de casais americanos já usava contracepção. Na década de 1960 os filhos desses casais se tornaram os líderes da revolução sexual, rejeitando a necessidade do contexto do casamento para o ato sexual – uma rejeição logicamente baseada em suas próprias experiências. Na década de 1970 a geração seguinte consagrou “o direito de escolha reprodutiva para a mulher”, ou seja, o aborto, passando a ser juridicamente possível se livrar do fruto natural do ato sexual. Uma geração mais tarde, na década de 1990, vimos o surgimento dos movimentos pró-homossexuais.

Todos estes graduais “passos para Gomorra” são um subproduto natural da ruptura entre o ato sexual e a finalidade primeira e função natural fundamental desse ato: a procriação dos filhos. Essa ruptura mudou o foco do ato sexual, e ao fazê-lo mudou os adultos que assim agem, tanto em suas próprias disposições psicológicas quanto em suas relações interpessoais. Os costumes sexuais deixaram de ser “centrados no outro”, para se tornarem “centrados em mim”; ao invés de extroversão, as relações sexuais moveram-se em direção à introversão; passaram de “hetero-centradas” para “auto-centradas”.

Se se corta da natureza do ato sexual a possibilidade da reprodução, então fica difícil negar o “direito” de praticar atividades sexuais legalmente permitidas caracterizadas por sempre excluir a possibilidade de gerar um filho (como as atividades homossexuais e outras). Se os homossexuais alegam ainda que estão privados de um direito igual para a busca do prazer – o que eles dizem não poder obter em atos heterossexuais – seu argumento ganha ainda mais força. Conseqüentemente, muitas igrejas e órgãos do governo começaram a concluir que homossexuais têm “direito” a ter suas uniões sancionadas: o dito “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Sob o prisma dos costumes sexuais distorcidos que agora dominam a nossa cultura, é difícil negar o poder de persuasão de seu argumento.

A nova inversão sexual

A contracepção mudou radicalmente a função social do ato sexual; não se pode negar. E essa mudança na função social tem mudado a maneira como pensamos a nossa sexualidade, o que por sua vez, muda toda a sociedade. Os dados sociais sobre a cultura heterossexual são agora maciçamente perturbadores.

A afirmação fundamental deste ensaio é que os heterossexuais americanos estão agora mostrando os sintomas de uma doença que está relacionada com (e que é ainda mais perigosa do que) a estrutura psicológica interior da orientação homossexual.

Uma descrição psicanalítica amplamente utilizada da homossexualidade como um fenômeno psicológico diz:

“A homossexualidade é considerada um dos sistemas desenvolvidos pelos indivíduos para organizar experiências e expressões de sentimentos conflitantes e dolorosos, e o sistema atua como uma contenção das ansiedades mais profundas, e oferece ao indivíduo um ‘modus vivendi’. O sistema não é apenas a escolha de um objeto, mas uma maneira ampla de se relacionar, é parte do desenvolvimento do caráter da pessoa, e muito mais complexa do que a noção de ser parte da escolha de objeto. É importante distinguir a identidade homossexual e o comportamento homossexual. A presença da homossexualidade, se conflitante ou reprimida, poderia dar origem a sintomas como ansiedade, inibição social, ou disfunções sexuais como impotência ou a frigidez.”

Esta definição poderia ser reformulada para descrever a maioria dos casais nos Estados Unidos hoje, bem como uma grande proporção de indivíduos solteiros heterossexuais. Assim:

“A contracepção pode ser considerada como um dos sistemas desenvolvidos pelos indivíduos para organizar experiências e expressões de sentimentos e desejos conflitantes. O sistema [anticoncepcional] serve como contenção das ansiedades mais profundas, e oferece ao indivíduo um ‘modus vivendi’. O sistema não é uma escolha de objeto, [a escolha de um ser amado], mas é uma maneira ampla de se relacionar, e é parte do desenvolvimento do caráter de uma pessoa. É importante distinguir entre a identidade heterossexual e essa forma de comportamento heterossexual. A presença da heterossexualidade, se conflitante ou reprimida, como ocorre no caso da contracepção habitual, pode dar origem a sintomas como ansiedade, inibições conjugais, disfunção sexual, divórcio, rejeição das crianças, e aborto.”

No conflito psicológico vividos por homossexuais, a ameaça à integridade do ego decorre das demandas de intimidade com um membro do sexo oposto. No conflito causado pela contracepção a ameaça ao ego deriva da atenção íntima exigida por uma criança.

Ismond Rosen, um conhecido terapeuta britânico especializado em disfunções e desvios sexuais, e editor do “Livro Oxford de Desvios Sexuais”, afirma:

“Segundo a minha observação, o estilo de vida homossexual é aprendido, e se isto for incorporado como parte do sentido individual de identidade ou ‘self’, as chances da pessoa mudar para uma orientação heterossexual tornam-se muito mais distantes, devido à resistência inconsciente despertada pela ameaça de uma perda real de identidade ou senso de si mesmo.”

Estas percepções sobre o desenvolvimento da orientação homossexual também podem ser transpostas para a orientação contraceptiva, sendo reconstruídas da seguinte forma:

“O estilo de vida contraceptivo é aprendido (agora há uma gigantesca infra-estrutura educacional e médica dedicada a esse fim), e quando se incorpora como parte do senso da identidade sexual do indivíduo e de sua prática habitual, as chances de que a pessoa mude para uma “doação de si mesmo” tornam-se muito mais distantes, devido à ansiedade provocada pelo medo ou ameaça de perda de si mesmo no sacrifício envolvido em trazer uma criança à existência.”

Mudanças ao longo da história

A prática da contracepção se difundiu dramaticamente durante a última parte do século 20. Passou de rara a generalizada – na verdade, habitual. E a esterilização tornou-se uma forma cada vez mais popular de controle da natalidade, especialmente para os pais que já tiveram um ou mais filhos.

O “lobby” da educação sexual – que engloba a maioria das grandes fundações sem fins lucrativos do nosso país, seus correspondentes na educação e na ciência social nas universidades, e seus aliados nas profissões médicas e de enfermagem – colocou enormes recursos no esforço para mudar a forma como os jovens pensam a natureza do ato sexual. Fizeram incursões maciças na cultura comum.


Dada a prevalência da contracepção e a fácil disponibilidade de aborto, seria de se esperar que a proporção de nascimentos fora do casamento para as jovens americanas tivesse declinado durante a geração passada. Na realidade o que aconteceu foi completamente o oposto. Entre as mulheres americanas com idade inferior a 20 anos que deram à luz a cada ano, a proporção das que eram casadas quando a criança nasceu diminuiu de forma constante, de cerca de 90 por cento em 1950 para menos de 30 por cento em 1990. Não há nenhuma razão para esperar qualquer mudança nesta tendência.

O índice de rejeição

A mudança mais fundamental na sociedade resultante desta mudança radical na nossa maneira de encarar o ato sexual tem sido o surgimento de uma cultura de rejeição: um lugar cada vez mais hostil para as crianças viverem. A tendência para nascimentos fora do casamento, agravada pela divórcios, que deixam as crianças sem mãe casada e sem pai morando em casa, resultou em um aumento constante no número de crianças que vivem em lares desfeitos.

Os efeitos destas alterações são indubitavelmente negativos. Viver em um lar desfeito, para a criança, aumenta seu risco de:

* Problemas de saúde física;
* Retardo cognitivo, especialmente no desenvolvimento verbal;
* Menor grau de escolaridade;
* Aumento dos problemas comportamentais;
* Envolver-se em abuso de cônjuge ou filho;
* Envolver-se em crime e
* Ser fisicamente ou sexualmente abusada.

Com os lares desfeitos se tornando cada dia mais numerosos os resultados são ainda mais devastadores. O sociólogo Charles Murray determinou que, quando a proporção de lares desfeitos na população local atinge o nível de cerca de 30 por cento, a comunidade se torna uma fonte de riscos adicionais, ao invés de apoio para a criança e a família. Muitos bairros urbanos passaram desse nível estatístico há muito tempo; agora o país (EUA) inteiro tem beirado esse mesmo ponto estatístico perigoso.

Entre as famílias da classe trabalhadora dos Estados Unidos, as tendências são nefastas. Mas entre aqueles que vivem na parte inferior da escada sócio-econômica, o conjunto familiar estável praticamente desapareceu. Junto com esse desaparecimento há uma tendência crescente em relação ao abuso infantil.

Estatísticas do governo Federal confirmam que a incidência de abuso infantil está intimamente relacionada com a situação econômica da família. Mas seria um erro classificar o abuso de crianças simplesmente como um problema que aflige as famílias empobrecidas. Há uma correlação igualmente forte entre a incidência de abuso e a situação conjugal dos pais.

Um estudo britânico lança ainda mais luz sobre a relação entre estrutura familiar e abuso infantil, mostrando que o abuso das crianças é relativamente raro em famílias onde os pais naturais da criança continuam a viver juntos, mas cada vez mais provável em famílias onde a mãe voltou a casar, ou vive sozinha, ou onde os pais nunca se casaram, ou onde a criança vive com um pai solteiro, e – o mais perigoso de todos – onde a mãe vive com outro homem que não é nem o marido nem pai natural da criança.

A ligação entre aborto e contracepção

A rejeição definitiva de crianças, evidentemente, é o aborto. “É evidente que nada além dos contraceptivos pode pôr fim aos horrores do aborto e do infanticídio”, disse Margaret Sanger, expressando uma linha que tem sido repetida – ainda hoje – por muitos outros. Mas a crescente popularidade e disponibilidade de contraceptivos não reduziu o número de abortos, e hoje a maioria dos abortos ocorre fora do casamento, isto é, entre aqueles que mais radicalmente reivindicam o direito ao ato sexual “invertido”.

Um livreto distribuído pela “National Abortion Rights Action League” (antes de seu nome ser mudado para “National Abortion and Reproductive Rights Action League”) mostra como os defensores do planejamento familiar mudaram a sua perspectiva sobre a relação entre a contracepção e o aborto, desde os tempos de Margaret Sanger:

“É claro que os contraceptivos devem ser disponibilizados e promovidos mais amplamente, no entanto, no estado atual da tecnologia contraceptiva, e dada a possibilidade de erro humano mesmo na utilização dos melhores métodos, o aborto é necessário como uma proteção; a sua utilização não é preferível à contracepção, mas uma vez que a gravidez ocorre, é o único meio de prevenção da natalidade”.

O aborto agora ocupa apenas mais um lugar em um “continuum” de práticas, todas elas destinadas a impedir o nascimento. O objetivo final do planejamento familiar, o esforço a ser alcançado por todos os meios necessários, é separar o ato sexual da perspectiva de produzir filhos.


Relacionamentos alterados

Uma vez que nós, como sociedade, eliminamos do entendimento popular sobre o ato sexual a possibilidade de gerar uma criança, alteramos com isso a nossa noção do papel que o sexo tem dentro do casamento. Essa alteração levou naturalmente a outra, e o “trabalho” concluiu-se na década de 1960 pelos filhos dos primeiros casamentos “alterados”: a quebra do pressuposto de que a atividade sexual deve se limitar ao casamento. E então, depois de ter eliminado primeiro a perspectiva de que a atividade sexual poderia envolver a reprodução, e depois tendo eliminado o pressuposto de que a atividade sexual era uma prerrogativa do casamento, a nossa sociedade em seguida percebeu uma necessidade de eliminar mais um obstáculo, arranjando um dispositivo para, legalmente, “livrar-se” de uma criança inconvenientemente concebida, dentro ou fora do casamento. Este foi o trabalho da década de 1970. Finalmente, depois de ter eliminado da compreensão popular da sexualidade tanto a perspectiva da reprodução quanto a necessidade de um compromisso conjugal, a nossa sociedade começou a perceber as relações homossexuais como apenas mais um conjunto de variações da nova maneira de ver a atividade sexual, agora “voltada somente para o próprio prazer”.

Observe, a propósito, que todos os transtornos sociais e psicológicos descritos acima – os lares desfeitos, o abuso de crianças, e assim por diante – estão presentes na “cultura heterossexual”. Embora seja verdade que a “subcultura gay” mostra níveis ainda mais altos de disfunção em questões semelhantes, a cultura da inversão sexual não se limita à homossexualidade. Entre os heterossexuais, também, a transformação da atividade sexual em um processo “somente para o próprio prazer”, sustentada por uma atmosfera de ausência de qualquer compromisso para com crianças ou para com o cônjuge, produziu resultados sociais e psicológicos desastrosos.

Em uma sociedade tradicional os adultos assumem encargos sociais e aceitam os golpes da vida, protegendo assim os seus filhos, para que eles possam crescer num ambiente seguro e tranqüilo. Hoje são os filhos da nossa nação que carregam o fardo – muitas vezes, por viver na insegurança de um lar desfeito – enquanto os pais buscam seus próprios fins. De fato, a carga psicológica sobre as novas gerações muitas vezes pode ser atribuída precisamente à falta de vontade de seus pais e / ou sua incapacidade em fazer cumprir o compromisso conjugal para a vida toda, o que antes era uma condição prévia para a atividade sexual sancionada.

As crianças – a nova geração – são a principal razão para a família. Mas se nem passa pela cabeça do jovem casal a consideração para com as crianças, a situação está irremediavelmente mudada: “As pessoas não vivem juntas apenas para estar juntas. Elas vivem juntas para fazer algo juntas”, escreveu Ortega y Gasset. Ele continuou: “Nenhum grupo social sobreviverá por muito tempo sem sua principal razão de ser.” A América do Norte e a Europa Ocidental, com suas taxas de crescimento populacional negativas, em breve serão forçadas a entrar de acordo com as observações de Ortega y Gasset e de Roosevelt. Pode ainda sobreviver uma cultura que não se reproduz, e não protege as crianças?

Baixando os padrões de moralidade

Uma das funções públicas da religião é fortalecer a adesão da sociedade à lei moral natural. Quando a instituição da religião relativiza uma questão moral, não se pode esperar que as outras instituições (família, educação, governo e mercado) mantenham as “defesas” da sociedade. Quando as instituições da religião “definem em padrões mais baixos" o que é desvio e o que não é, outras instituições provavelmente seguirão o mesmo padrão. E é isso o que tem acontecido na questão da contracepção.

O movimento de planejamento familiar, o veículo para o avanço da contracepção, tinha sua posição clara não só fora do cristianismo, mas entre grupos que eram ativamente hostis ao Cristianismo. O ataque sobre os princípios morais tradicionais defendidos pela tradição judaico-cristã já estava bem avançado no início do século 20. Ao mesmo tempo, o movimento de controle da natalidade havia reconhecido a necessidade de conseguir algum tipo de sanção religiosa – e tinha até escolhido um alvo primário para os seus esforços de lobby. Em 1919, a Anglicana C.K. Millard escreveu no “The Modern Churchman”:

“Embora muitos malthusianos sejam racionalistas, eles estão bem conscientes de que sem alguma espécie de aprovação religiosa sua política jamais poderá emergir do submundo obscuro das coisas não mencionadas e desrespeitadas, e nunca poderia ser defendida abertamente, à luz do dia. Para este fim o controle da natalidade é camuflado em uma fraseologia pseudo-poética e pseudo-religiosa, e pede-se à Igreja Anglicana que altere os seus ensinamentos. Adeptos do controle de natalidade percebem que é inútil pedir isso à Igreja Católica, mas no que respeita à Igreja da Inglaterra, que não tem qualquer pretensão de infalibilidade, o caso é diferente, e o debate é possível.”

Se uma única data pode ser identificada como o marco da ruptura histórica do consenso cristão acerca dos princípios tradicionais da moralidade sexual, baseados na lei natural – se alguém quiser destacar o primeiro passo oficial do Ocidente em direção ao abismo escorregadio – então a data 15 de agosto de 1930 deve ser escolhida como essa data infeliz. Esse foi o dia em que a Conferência de Lambeth da Igreja da Inglaterra, por uma votação de 193 a 67, aprovou uma resolução que dizia, em uma de suas partes:

“Onde houver uma obrigação moral claramente percebida para se limitar ou evitar a paternidade, o método deverá ser decidido com base nos princípios cristãos. O método primário e óbvio é a abstinência completa de relações sexuais (tanto quanto for necessário), em uma vida de discipulado e de auto-controle, no poder do Espírito Santo. No entanto, nos casos em que há essa obrigação moral claramente percebida para limitar ou evitar a paternidade, e onde existe uma razão moralmente forte para evitar a abstinência completa, a Conferência concorda que outros métodos podem ser utilizados, desde que isso seja feito à luz dos mesmos princípios cristãos. A Conferência relembra a sua firme condenação do uso de qualquer método de controle de concepção por motivos de egoísmo, de luxúria, ou de mera conveniência”.

Com essa votação, a unidade moral tradicional da cristandade sobre este assunto foi quebrada.

Nos anos anteriores – nas Conferências de Lambeth de 1908,1914 e 1920 – os líderes da Igreja Anglicana sentiram a pressão para uma mudança no ensino da moral tradicional. Mas eles tinham respondido a essa pressão reiterando sua posição tradicional.

“Lançamos um enfático alerta contra o uso de meios não naturais para evitar a concepção, juntamente com os graves perigos – físicos, morais e religiosos – assim decorrentes, e contra os males com os quais a expansão de tal uso ameaça a raça humana. Em oposição ao ensino que, em nome da ciência e da religião, incentiva as pessoas casadas no cultivo deliberado da união sexual como um fim em si mesmo, nós defendemos firmemente aquilo que deve ser sempre considerado como a razão principal do matrimônio cristão. Uma é o objetivo principal pelo qual o casamento existe – qual seja, a continuação da raça através do dom e da procriação dos filhos –, a outra é a importância fundamental na vida de um auto-controle deliberado e consciente."

Debates semelhantes estavam em curso em muitas outras denominações religiosas. Os judeus ortodoxos continuaram com a norma moral tradicional, mas judeus reformados já tinham se afastado do antigo consenso. A Conferência Central dos Rabinos Americanos tinha tomado uma posição em favor de contracepção em 1929.

O Conselho Federal de Igrejas dos Estados Unidos (que hoje é conhecido como o Conselho Nacional de Igrejas), aparentemente estava à espera de algum outro grupo para assumir a liderança na “modernização” dos padrões cristãos sobre controle de natalidade. Em março de 1931, esse conselho seguiu a Conferência de Lambeth e aprovou “o uso cuidadoso e restrito de contraceptivos por pessoas casadas”, enquanto ao mesmo tempo ainda admitia que “graves males, como as relações sexuais extraconjugais, podem ser aumentados pelo uso geral de contraceptivos.”

No entanto, as afirmações lançadas após a declaração de Lambeth por grupos de líderes de outras igrejas cristãs, e até mesmo pela mídia secular, ilustram vividamente quão diferente as igrejas viam o ato sexual naqueles dias. Rapidamente, ainda com as declarações recentemente feitas por parte da Igreja Anglicana e do Conselho de Igrejas, seguiram-se declarações radicalmente diferentes:

Dr. Walter Maier, do Seminário Teológico Luterano Concórdia:

“O controle de natalidade, como popularmente é entendido hoje, envolvendo o uso de contraceptivos, é uma das aberrações modernas mais repugnantes, representando uma renovação da decadência pagã em pleno século 20”

Bispo Chandler Warren, da Igreja Metodista Episcopal do Sul:

“Todo o nojento movimento [de controle de natalidade] se baseia na suposição de igualdade do homem com os animais .... A declaração [do Conselho Federal de Igrejas] sobre a questão do controle de natalidade não tem autorização de nenhuma das igrejas que o representam, e o que foi dito eu considero extremamente lamentável, para não usar palavras mais fortes. Esta declaração certamente não representa a Igreja Metodista, e duvido que represente qualquer outra igreja protestante naquilo que foi dito sobre este assunto.”

Igreja Presbiteriana (2 de abril de 1931):

“O pronunciamento recente [do Conselho Federal de Igrejas] sobre controle de natalidade deve ser razão suficiente, se não houver outra, para retirar nosso apoio àquele organismo, que alega falar em nome da igrejas Presbiteriana e de outras igrejas protestantes em pronunciamentos “ex cathedra.”

A Convenção Batista do Sul:

“ Nossa Convenção exprime a sua desaprovação acerca ... do projeto de lei, atualmente pendente perante o Congresso dos Estados Unidos, cujo objetivo é viabilizar e assegurar a divulgação de informações sobre métodos anticoncepcionais e controle da natalidade; seja qual for a intenção e motivo de tal proposta, não podemos senão acreditar que tal legislação será degradante em seu caráter e irá provar ser muito prejudicial para a moral de nossa nação.”

Mesmo jornalistas seculares ficaram chocados com os novos ensinamentos provenientes de alguns órgãos de algumas igrejas protestantes. O Washington Post reagiu à declaração do Conselho Federal de Igrejas, com um editorial veemente, argumentando:

“Se for levado às suas conseqüências lógicas, o relatório da comissão, se levado a efeito, será a sentença de morte do casamento enquanto instituição sagrada, devido ao estabelecimento de práticas degradantes que visam promover a imoralidade indiscriminada. A sugestão de que o uso de contraceptivos legalizados poderia ser ‘cuidadosa e contida’ é absurda”.

Dois dias depois, relutante em deixar de lado o assunto, o Post acrescentou uma outra porção de desprezo editorial:

“É a desgraça das igrejas que elas sejam muitas vezes mal utilizadas por visionários para a promoção de ‘reformas’ em campos estranhos à religião. O afastamento dos ensinamentos cristãos da normalidade é surpreendente em muitos casos, deixando o espectador horrorizado com a má vontade de algumas igrejas em ensinar 'Cristo, e Cristo crucificado'. Se as igrejas estão se tornando organizações de propaganda política e científica, elas deveriam ser honestas e rejeitar a Bíblia, zombar de Cristo considerando-o como um professor obsoleto e anti-científico, e se apresentar corajosamente como líderes da política e da ciência, e como substitutos da religião dos velhos tempos.”

Não foi surpresa que a Igreja Católica tivesse continuado firme em sua condenação da contracepção. Várias semanas depois da declaração revolucionária da Conferência de Lambeth, o Papa Pio XI explicou na Encíclica Casti Connubi:

“Para que ela [a Igreja Católica] possa preservar a castidade da união conjugal da contaminação dessa mancha suja, ela levanta sua voz como embaixadora divina e através de nossa boca proclama de novo: qualquer uso do matrimônio exercido de uma maneira tal que o ato seja deliberadamente frustrado em seu poder natural de gerar a vida é uma ofensa contra a lei de Deus e da natureza, e aqueles que se entregam a tais atos são marcados com a culpa de um pecado grave.”

Embora a posição doutrinária da Igreja Católica continue a ser clara, e tenha sido freqüentemente reiterada por Roma, a resposta da maioria dos católicos nos Estados Unidos foi, na melhor das hipóteses, o silêncio; a prática de casais católicos é semelhante ao da maioria dos americanos. O estudo mais abrangente sobre os hábitos de controle de natalidade dos norte-americanos foi a Pesquisa Nacional de Crescimento Familiar de 1988, que também coletou dados sobre a filiação religiosa dos entrevistados. Em 1988, 72 por cento de todas as mulheres católicas casadas em idade fértil utilizavam contracepção artificial. Dessas, 55 por cento disseram que contavam com a pílula anticoncepcional, 22 por cento com laqueadura tubária, 12 por cento com vasectomia e 11 por cento com outros métodos.

Consequências da contracepção

A mudança nas atitudes em relação à contracepção envolveu uma mudança no entendimento do homem sobre seu relacionamento com Deus, com o sexo oposto, e consigo mesmo.

Tanto quanto a razão pode saber, o maior ato criativo de Deus é a criação do homem. No ato sexual, o Criador faz do ser humano seu “co-criador”, pois homem e Deus se juntam quando um outro ser humano é trazido à existência, para viver por toda a eternidade. Na tradição ortodoxa judaica, o ato sexual é convincentemente comparado com a entrada no Santo dos Santos no Templo de Deus – encontrar Deus onde ele está especialmente presente.

Para a pessoa casada que usa resolutamente de contracepção, e que vai louvar a Deus no Sábado, sua posição diante de Deus é invadida por uma contradição intrínseca. Na verdade, ela diz: “Eu adoro você como meu Criador, mas eu me recuso a participar convosco como co-criador nos atos mais importantes... trazer para a existência aquele próximo ser humano que Vós pretendeis dotar de existência por toda a eternidade”. A contradição é profunda, assim como são as conseqüências.

A prática da contracepção afasta o homem de seus fundamentos ontológicos e psicológicos. O ato sexual, enquanto estiver aberto à vida, tem o efeito de manter o ser humano, no mínimo, orientado para “o outro”. Sem esse mínimo, o homem tende a transformar o ato em algo “somente para o próprio prazer”. O mais prazeroso dos atos é transformado de “centrado no outro”, para “centrado em si mesmo”. O rearranjo das atitudes e disposições psicológicas produz rapidamente uma mudança nas relações com o cônjuge, com os membros do sexo oposto, e com os filhos. Os resultados – tão claros nas estatísticas – incluem o divórcio, nascimentos fora do casamento, abortos e crianças abandonadas ou maltratadas.


O debate político

O futuro da sociedade depende do surgimento de jovens adultos competentes. Esse surgimento depende, por sua vez, dos esforços de pais amorosos. Pais amorosos são aqueles que têm corações generosos: a disposição para doar-se em prol de outrem. A contracepção inverte as tendências naturais dos pais, e endurece seus corações. Essa inversão psicológica tem efeitos inevitáveis sobre os filhos, que ficam propensos a desenvolver a mesma visão distorcida da sexualidade, e transmitir as mesmas atitudes para a próxima geração.

O debate público atual sobre a homossexualidade é apenas o último estágio de um velho conflito, que opõe uma visão gnóstica do homem contra o ponto de vista da lei natural, na qual o significado da vida humana e da ação humana está centrado no Criador. A luta para controlar a compreensão da sociedade sobre o significado e o propósito do ato sexual está no cerne deste velho conflito, um dos mais antigos e com maiores conseqüências da história da humanidade.

Ao mesmo tempo, essa disputa profunda pode ser expressa em termos bastante simples. Se as pessoas heterossexuais não podem assumir as responsabilidades implicadas na heterossexualidade, como então podem elas pedir à pessoa com inclinações homossexuais para assumir o "fardo" da sua luta pela castidade? Se os heterossexuais distorcem o relacionamento entre homem e mulher em seu nível mais íntimo, através da sua decisão de evitar a geração de uma nova vida, como então podem eles razoavelmente pedir àqueles que são orientados de maneira diferente para que resistam à sua própria tentação particular de distorcer as próprias vidas?

Na verdade, a maior parte da hoje "américa heterossexual" está agora perigosamente perto, em suas atitudes e suas orientações, dos mesmos sintomas que estão no coração da desordem afetiva homossexual: a centralização em si mesmo. Os Estados Unidos criaram uma cultura da rejeição, que é incapaz de prover o antídoto para a cultura homossexual. Os heterossexuais não podem afirmar a humanidade do marido e da mulher e ao mesmo tempo negar seus frutos, os filhos. A comunidade heterossexual que hoje teme ter filhos e os rejeita não pode ensinar muito para o homossexual em seu grito mais complexo de aceitação e de amor. Heterossexuais que insistem em certo desenvolvimento sexual para si, não podem fazer nada além de concordar com o mesmo comportamento quando ele é exibido entre homossexuais.

Os enormes transtornos sociais e psicológicos que vemos ao nosso redor não são fruto da “comunidade gay”. Nossos problemas atuais – incluindo mesmo o próprio movimento de “direitos gays” – surgiram como resultado de desordens que se tornaram predominantes primeiramente entre os heterossexuais. Se queremos tirar o cisco do olho dos nossos irmãos “gays”, talvez devêssemos primeiro remover a trave de nossos olhos. Se quisermos desenvolver a atitude de amor e carinho que é fundamental para ajudar os membros da “cultura gay” a superar a sua inversão, então nós precisamos primeiro recuperar a nossa compreensão da relação entre amor, sexualidade e compromisso permanente para com cônjuge e filhos. Devemos reconhecer primeiro as crianças que cada um de nós tem sido chamado a "co-criar" e a amar, e devemos mostrar o nosso amor tanto para com as crianças que já estão neste mundo quanto para com as que ainda virão ao mundo. Do contrário, se as duas inversões – heterossexual e homossexual – continuarem a se reforçar uma à outra, o futuro de fato é sombrio; especialmente sombrio para as crianças, e para a sociedade que essas crianças serão capazes de construir.
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Fagan, Patrick F. "A ‘Culture’ of Inverted Sexuality". Catholic World Report (Novembro, 1998).

O AUTOR
Patrick F. Fagan é o “Senior Fellow” William H.G. FitzGerald em questões familiares e culturais da Fundação Heritage, em Washington, DC. Uma versão deste ensaio foi originalmente apresentada em um seminário patrocinado pela Instituto Público Americano de Filosofia; os trabalhos daquele seminário serão publicados em um conjunto de dois volumes, com o primeiro volume para janeiro de 1999, em edição de Spence Publishing, de Dallas, Texas.
Copyright © 2000 Catholic World Report

Traduzido de:
http://catholiceducation.org/articles/sexuality/se0049.html

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A Santa Ceia e a "Linguagem do corpo"

Por Daniel Pinheiro
01/04/2010

"Derramou água numa bacia, pôs-se a lavar os pés dos discípulos e enxugava-os com a toalha que trazia à cintura." (Jo 13, 5)


Nesta Quinta-feira celebramos a noite em que Jesus lavou os pés dos discípulos, instituiu a Eucaristia e o sacerdócio, e foi entregue pela traição de Judas Iscariotes. O gesto talvez que caracteriza essa noite, por ser próprio dela, é a cerimônia conhecida como "lava-pés". Em cada paróquia ou catedral, o sacerdote ou bispo despoja-se de suas vestes sacerdotais, toma jarro e bacia, e põe-se a lavar os pés de alguns "discípulos" escolhidos.

João Paulo II, em sua Teologia do Corpo, ao falar sobre o "sinal" matrimonial, que caracteriza o sacramento, fala de dois momentos. Inicialmente os votos matrimoniais, realizados na Igreja, diante de toda comunidade. Através deles, os noivos se administram mutuamente o sacramento, prometendo fidelidade e amor.

"Eu te recebo... e te prometo ser fiel, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te todos os dias da minha vida".

Antes os noivos já tinham confirmado que era livremente que contraím matrimônio. "É de livre e espontânea vontade que o fazeis?". "Sim". Tinham também prometido cuidar dos filhos que Deus lhes confiasse.

Assim, os agora casados acabaram de selar uma aliança livre, total (sem reservas), fiel e fecunda.

Porém, no segundo aspecto, toda essa liturgia de sinais se tornará, na intimidade do casal, pode-se dizer em certo sentido, "Liturgia do Corpo".

"A 'linguagem do corpo' relida tanto na dimensão subjetiva da verdade dos corações humanos, quanto na dimensão objetiva da verdade da vida em comunhão, se torna a linguagem da liturgia". (Audiência de 27/06/1984)

Observando hoje como o celebrante lavou os pés de 12 homens na Missa da Santa Ceia, pude constatar: como seu corpo falou uma linguagem! Imagine o sentimento daqueles homens. Se o coração deles era sincero, não pôde deixar de se sentir movido pelo gesto do celebrante lavando seus pés. Ele se ajoelhou, derramou água, enxugou seus pés. Seria preciso muitas palavras para fazer com que este homem sentisse o que sentiu ao ser alvo desse gesto do celebrante. Ali, a linguagem do amor falou, a linguagem do seu corpo, de seus atos, de seus gestos.

Do mesmo modo, na noite de núpcias, e a cada vez que marido e mulher se unem em uma só carne, é a linguagem de seus corpos que tem que falar a verdade. Se a linguagem dos seus corpos falar somente a linguagem da concupiscência, da ética utilitarista, do "usar" o corpo do outro, então serão "profetas" não do amor, mas do egoísmo. Por outro lado, se o casal experimenta e expressa nesse momento a linguagem do amor verdadeiro, aquele que é doação, que é entrega, que é total, que é fecundo, que é livre, e que é fiel, então seus corpos falarão (um para o outro) uma linguagem belíssima, que dificilmente poderia ser expressa em palavras. Em certo sentido, isso também é liturgia, pois estão cumprindo o mandamento de Deus: "Amai-vos uns aos outros" (Jo 13, 34), no contexto de um sacramento, um sinal visível da presença do Deus invisível.

Nosso corpo fala, nossos gestos falam. Que a linguagem do nosso corpo possa ser relida sempre na verdade, e nunca na falsidade.

"Podemos dizer que o elemento essencial do matrimônio enquanto sacramento é a "linguagem do corpo" relida na verdade. É precisamente através disso que o sinal sacramental é constituído" (João Paulo II, audiência de 12/01/1983).
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