sábado, 29 de maio de 2010

O poder da oração

(Pedimos desculpas pelas imagens com frases ofensivas.)

O número de abortos decresce em Rockford, e a clínica de aborto parece estar (corretamente) culpando o poder espiritual dos Padres.

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Em setembro de 2008 um grupo de Padres Católicos começou a rezar toda semana, em frente a uma clínica de aborto, orações especiais da Igreja para que a clínica fosse liberta da presença do mal. Imediatamente, as mulheres pró-vida que monitoram as atividades da clínica puderam perceber um dramático declínio no número de mães que procuravam o aborto, e um número sensivelmente crescente de mães que escolhiam a vida, mesmo à caminho da clínica.
Uma contagem não oficial mostra que o número total de abortos diminui por mais da metade. Foi então quando começaram a surgir cartazes nas janelas da clínica, atacando os Padres Católicos.
Em 29 de maio, uma sexta-feira, a clínica de aborto piorou os ataques. Enquanto um Padre pacificamente rezava as orações da Igreja, acompanhado de um seminarista, alguém dentro da clínica colocou um sinal que dizia claramente: “f... seus padres pervertidos” (“f... your perverted priests”).


Os Padres Católicos também tiveram que suportar insultos pessoais dos seguranças da clínica. O carro de um dos padres foi atingido com ovos por um ativista pró-aborto. Outro padre teve um cartaz escrito à mão pregado em seu carro, o cartaz dizia: “Eu violento crianças” (“I rape children”).

Uma coisa é certa. A clínica de aborto e seus apoiadores sabem que uma das principais razões da diminuição do número de bebês mortos ali foi pelo fato das orações constantes, comprometidas, e cheias de fé dos Padres Católicos, pedindo que o mal que envolve e sustenta a indústria do aborto fosse substituída pela graça de Jesus Cristo. Em Rockford esses padres e suas orações já salvaram incontáveis vidas e almas. É por isso que essa clínica odeia e ataca os padres dessa maneira desrespeitosa.

É como disse um ativista pró-vida de Rockford: “Esse grupo de padres rezou em frente a essa clínica independente do clima, da intimidação, e das ameaças que enfrentaram. No espírito de Jesus Cristo, eles responderam a esses ataques com oração, humildade e amor”.

Um homem afirmou acerca de um dos padres: “No último inverno, em um dia onde o vento gelado estava bem abaixo de zero grau, o Padre estava em oração na calçada com seu casaco aberto. Todos lhe disseram para se proteger melhor do frio, mas ele sabia que as pessoas que entravam na clínica precisavam saber eu um Padre estava ali. Uma jovem mulher hispânica olhou para o Padre, viu sua roupa, seu colarinho eclesiástico, viu que ele rezava por ela. Ela imediatamente deixou a clínica e nunca mais retornou”.


A comunidade cristã de Rockford espera que as autoridades da cidade olhem para a história longa e cheia de ódio da clínica de aborto, e venham a decidir que esse tipo de coisa não é aceitável na cidade.

E quanto a esses santos homens que rezam e trabalham pela vida e pelo fim da demoniacamente inspirada cultura da morte, devemos a eles nosso apoio, nossas orações, e nossa gratidão por nos liderar nessa batalha contra o pecado, satanás e a morte.

1548 No serviço eclesial do ministro ordenado, é o próprio Cristo que está presente à sua Igreja, como Cabeça do seu corpo, Pastor do seu rebanho, Sumo-Sacerdote do sacrifício redentor, mestre da verdade. É o que a Igreja exprime quando diz que o padre, em virtude do sacramento da Ordem, age in persona Christi Capitis – na pessoa de Cristo Cabeça. «É o mesmo Sacerdote, Jesus Cristo, de quem realmente o ministro faz as vezes. Se realmente o ministro é assimilado ao Sumo-Sacerdote, em virtude da consagração sacerdotal que recebeu, goza do direito de agir pelo poder do próprio Cristo que representa 'virtute ac persona ipsius Christi'». «Cristo é a fonte de todo o sacerdócio: pois o sacerdócio da [antiga] lei era figura d'Ele, ao passo que o sacerdote da nova lei age na pessoa d'Ele».

1549 Pelo ministério ordenado, especialmente dos bispos e padres, a presença de Cristo como cabeça da Igreja torna-se visível no meio da comunidade dos crentes. Segundo a bela expressão de Santo Inácio de Antioquia, o bispo é týpos toû Patrós, como que a imagem viva de Deus Pai.
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Traduzido de:
http://www.prolifecorner.com/node/333

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dinheiro de sangue

"Dinheiro de sangue" (Bloodmoney) um documentário que expõe a verdade por trás da indústria do aborto, a partir de uma perspectiva pró-vida.

“Tínhamos todo um plano para vender abortos, e se chamava “educação sexual”: quebrar a inocência natural das meninas, separá-las de seus pais e de seus valores, e tornarmo-nos os "experts" em sexo para elas, de modo que elas nos procurassem", é o que diz uma ex-funcionária da Planned Parenthood (rede de clínicas de aborto nos Estados Unidos). "Nossa meta [na Planned Parenthoo] era 3 a 5 abortos para cada menina entre as idades de 13 a 18 anos".

Esse filme provavelmente é o primeiro documentário profissional sobre a história, a política, o dinheiro e os horrores associados à indústria do aborto nos Estados Unidos. Como vocês podem adivinhar, o pessoal na Planned Parenthood e todo o pessoal pró-aborto não está nada feliz com o lançamento desse filme. Já começam a se organizar protestos e os donos de cinema se encontram relutantes em exibi-lo.

Convidamos você a dar uma olhada nesse trailer. Esperamos que "Bloodmoney" possa ter a divulgação merecida, e quem sabe possa estar em algum cinema perto de você.





Para ver no You Tube:

http://www.youtube.com/watch?v=gOK9eLzCiG4

(Legendas colocadas via You Tube, qualquer problema manda um comentário)
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Fonte: http://unitedfamiliesinternational.wordpress.com/2010/05/12/bloodmoney-the-horrors-the-politics-and-the-money-behind-the-abortion-industry/

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Depoimento da Deputada Fátima Pelaes

Convido os leitores a verem o seguinte vídeo, um depoimento da Deputada Fátima Pelaes (PMDB/AP), ocorrido durante a discussão do Estatudo do Nascituro - PL 478/07, em 19 de maio de 2010.



Para ver o vídeo no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=ewVuBQeAagM

quinta-feira, 20 de maio de 2010

10 falácias no debate sobre o aborto

Imagem de um bebê não-nascido de 23 semanas


Por Peter Cuthbertson



1. O feto não pode ser levado a sério como pessoa

Antes de conhecer mais a fundo o debate sobre o aborto, eu não tinha nenhum interesse no feto (bebê não-nascido). Quando era mencionado, eu aceitava sem criticar que o “feto” era apenas uma espécie de esperma superdesenvolvido, sem nenhum valor ou valia. A retórica pró-aborto havia me convencido que o bebê no útero era, de alguma forma, uma classe totalmente diferente de humano, diferente de você ou de mim, como se o simples ato de sair do ventre e respirar oxigênio conferisse a humanidade a alguém. Eu não tenho certeza se considerava isso racional no momento, mas apoiava o aborto, porque eu tinha sido levado a acreditar que não havia nada em jogo na destruição de um feto humano.

A realidade mudou minha opinião. É claro que o bebê não nascido, só por causa do fato de existir dentro do útero, não se torna uma classe especial de seres humanos, nem deixa de algum modo de ser uma pessoa. Por qualquer critério científico que se queira, uma vida humana completa é formada no momento em que um espermatozóide fertiliza o óvulo. A criatura formada está viva – crescendo, amadurecendo e substituindo as próprias células que morrem. É humano – já é original e diferente de qualquer outro ser humano que já existiu, da espécie homo sapiens sapiens, com 46 cromossomos humanos, e só pode evoluir para um ser humano adulto, nunca para outra criatura. E é completo – a pessoa em questão vai crescer muito ao longo dos anos que se seguem à concepção, mas tudo o que é adicionado é apenas a replicação do que já existe. Não há nenhuma dúvida científica de que um bebê de 23 semanas de gravidez no interior do útero é tão humano e tão vivo quanto um bebê que nasceu prematuro com 23 semanas de gravidez e está fora do útero. No entanto, a um é dado o pleno direito legal que todos nós normalmente temos, e o outro pode ser morto, como se fosse uma mera inconveniência [Nota do tradutor: O artigo é de outro país. No Brasil atualmente o aborto é sempre crime, sendo suspensa apenas sua punição quando não há outro meio para salvar a vida da mãe ou quando a gravidez resulta de estupro].

É óbvio porque o lobby pró-aborto fala sempre em termos de “feto”. Parece muito menos pessoal e menos humano falar de “eliminar um feto” do que de matar um bebê. Todos os tipos de eufemismos médicos já foram alguma vez utilizados: conjunto de células (quem de nós não é um aglomerado de células?), bolha de protoplasma, e assim por diante. Eles vão chamar a criança por nascer de qualquer coisa, menos de “bebê”.

Alguns defensores do aborto argumentam que seu lado fala de fetos, enquanto o outro lado fala de bebês, de acordo com suas agendas. Portanto, não há razão para dizer que um determinado lado é desonesto em seu uso da linguagem para se adequar ao seu argumento – um lado usa termos médicos e o outro lado usa termos mais emocionais, isso é tudo. Mas isso ignora a realidade de como as pessoas falam no dia a dia. Quando uma mulher está grávida, todas as perguntas são voltadas para um bebê, e não para um feto. Ninguém fala sobre o chute do feto na barriga da mãe. Nenhuma mãe que sofre um aborto espontâneo fala sobre a perda de seu feto. É só quando a discussão se volta para o aborto que os termos médicos são utilizados para descrever o bebê que vai ser morto. Apenas na hora de defender o aborto é que desumanizamos o bebê para que o argumento de matá-lo se torne mais fácil de aceitar. Essa não é uma tática nova. De “Untermenschen” a “Nigger” (1), fanáticos sempre inventaram termos que podem usar para evitar descrever como ser humano aqueles que querem matar. Mas chamar um judeu “Untermenschen” não faz dele menos humano, e chamar um bebê de “feto” (uma palavra que ironicamente significa na verdade “pequena criança”) não a fará nem um pouco menos humana.

Nenhuma pessoa pró-vida diz que o bebê deve ter precedência sobre a mãe. Mas deixar de reconhecer que existem duas vidas humanas nessa questão é cegueira deliberada. Nas circunstâncias em que nenhuma das duas pessoas vai morrer, por que uma das vidas deve ser ceifada?


2. "Pró-escolha" é uma posição neutra sobre o aborto

Um dos argumentos estranhos que as pessoas muitas vezes fazem sobre aborto é que elas não querem tomar partido sobre o assunto – o que elas querem é que a mãe escolha se quer abortar, sendo elas próprias “neutros” sobre o assunto. Implícito nisso está a idéia de que, de um lado está um grupo de pessoas que se opõem ao aborto em quaisquer circunstâncias, e do outro lado está um grupo de pessoas favoráveis ao aborto em todos os casos, quer a mãe deseje o aborto ou não. Ser "pró-escolha", segue-se, seria uma posição neutra e intermediária.

Este não é um argumento que dure muito tempo. Nenhuma pessoa em sã consciência defende o aborto em qualquer caso, portanto basear a alegação de neutralidade entre um argumento que existe e um argumento que não existe é claramente um absurdo. Mas o ponto chave que refuta a idéia de que a posição "pró-escolha" equivale à neutralidade é que ela afirma que as escolhas da mãe devem sempre prevalecer sobre a vida de seu filho ou filha. Ao ficar do lado da "escolha", a pessoa declara-se contrária à idéia de que a vida humana inocente deve ter precedência sobre as escolhas de um outro ser humano, e isso se alia à idéia dos defensores do “direito de abortar”, segundo a qual o “direito da mulher de escolher” deve vir em primeiro lugar.

O debate acerca do aborto não ocorre entre aqueles que não querem nenhum aborto e aqueles que querem todos abortados, mas sim entre aqueles que querem o aborto para a conveniência de um ou ambos os pais, e aqueles que pensam que a vida humana deve prevalecer sobre a escolha humana. Na dicotomia entre vida e escolha, que forma o debate sobre o aborto, você pode ser indiferente quanto ao que tem prevalência, você pode estar indeciso, pode estar incerto, e você não pode ter opinião nenhuma. Mas o que você não pode ser é neutro, porque não há uma posição neutra. Ou a vida vem primeiro, ou a escolha vem primeiro.


3. Restringir o aborto significa impor aos outros uma moral religiosa

Muitas pessoas de todas as confissões religiosas, bem como pessoas sem religião se opõem ao aborto, mas alguns sugerem que ser pró-vida é adotar uma posição religiosa. Portanto, apoiar as leis pró-vida seria sugerir a imposição de um ponto de vista religioso sobre todas as outras pessoas, a mesma coisa que tornar ilegal o consumo de carne de porco por causa das prescrições do Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos).

Se o aborto é uma questão religiosa, então quase tudo é. O que as pessoas costumam dizer com isso é que o aborto é uma questão exclusivamente religiosa, de nenhum interesse àqueles que não compartilham a fé das pessoas pró-vida. Como muitas religiões enfatizam o valor de uma alma humana eterna, e muitas pessoas pró-vida se expressam em termos religiosos, as duas coisas não estão desconectadas. Mas é completamente errado sugerir que uma questão ética como o aborto se torna inteiramente uma questão religiosa só porque a religião dá seu ponto de vista sobre ela. O livro do Êxodo diz que ninguém deve cometer um assassinato. Isso não significa que o assassinato é uma questão exclusivamente religiosa, e certamente não significa que as leis contra o assassinato seriam uma quebra na tradição de separação entre Igreja e Estado que existe em países como os Estados Unidos.

Não apenas é falso, é um insulto dizer que a oposição ao aborto é uma posição religiosa, ao invés de ser, em última instância, uma questão de direitos civis e humanos. Será que essas pessoas realmente acreditam que é impossível para um ateu se preocupar com o bebê não nascido? Será que honestamente acham que o supremo valor e importância de uma vida humana inocente é algo que só uma pessoa religiosa pode entender? Eu certamente espero que não.

Portanto, restringir o aborto não é imposição de moral religiosa. Mas seria errado no sentido de que se impõe algum tipo de moralidade? Bem, o problema com este argumento é de que toda lei é a imposição de uma moralidade. A lei que proíbe o roubo impõe sobre os outros uma moralidade anti-roubo. Ninguém tem um problema com isso, porque ninguém é realmente um relativista moral na prática. Nós todos sabemos que os indivíduos têm certos direitos que ultrapassam a vontade dos outros de fazer o que quiserem. Sejam os direitos “lockianos” à vida, à liberdade e à propriedade, sejam os direitos mais expansivos do “Ato de Direitos Humanos da Europa”, todos nós aceitamos que alguma proteção individual deve ser garantida. Para o nascituro, as pessoas pró-vida pedem apenas o direito mais básico de todos – o direito à vida. Não se trata de impor a ninguém, mas se trata de evitar a maior imposição de todas: uma execução de uma pessoa inocente, sem nenhum crime, e culpado apenas de ser um inconveniente. Essa seria a verdadeira imposição, o verdadeiro caso de uso de força ilegítima.

Ironicamente, as pessoas pró-aborto sempre acusam os seus adversários daquilo que elas são mais culpadas. São elas que querem fazer leis com base não num critério objetivo como a proteção da vida humana inocente, mas nas avaliações subjetivas da mãe. Experimente dizer a alguém que defende o aborto que o aborto deveria ser ilegal porque mata, e eles vão dizer que isso não importa, porque só mata um feto. Explique que um feto no útero é um ser humano em qualquer definição científica, e eles vão dizer que ele não está vivo. Diga-lhes que o bebê no útero está de fato vivo, e eles vão dizer que o bebê pode ser uma vida humana, mas não é o que eles consideram uma pessoa. Então, eles se defendem através de uma noção totalmente arbitrária e subjetiva do que merece e do que não merece o direito à vida, baseada em sua própria noção do que seja uma pessoa humana. Esse é um caso verdadeiramente injusto de imposição de moralidade, tão grande quanto justificar a escravidão porque, embora o negro seja um ser humano esteja vivo, ele não é uma pessoa, no sentido que você considera.


4. "Eu nunca faria um aborto, mas os outros devem ser livres para escolher” ou “Se você não gosta de aborto, não faça um”

Não é inconsistente alguém que nunca lutaria boxe na vida querer que o boxe continue juridicamente legal. Alguém pode odiar o gosto do café, mas isso não significa que seria preciso proibi-lo. Sempre se pode simplesmente parar de bebê-lo. Não seria necessariamente hipócrita para alguém que odeia a caça à raposa continuar a acreditar na liberdade dos outros para a caça. Alguns tentam estender este princípio liberal ao aborto: eles argumentam que não é preciso se opor ao aborto só porque existe alguém que acha o aborto imoral, de mau gosto e mau.

Tendo classificado o boxe, o café e a caça como três coisas que uma pessoa pode de forma bastante consistente não gostar, sem com isso acreditar que eles deveriam ser proibidos, devemos analisar algumas coisas que uma pessoa não pode se opor de forma consistente sem as querer proibidas. Um exemplo claro seria o estupro. Seria completamente absurdo dizer "Não gosta de estupro? Então não cometa nenhum". Isso acontece porque quando alguém está dizendo que acha o estupro errado não está simplesmente falando em discordar com as escolhas que os outros fazem, como pode ser o caso com a caça, mas porque ele é contra a própria idéia de que alguém venha forçar uma mulher a fazer sexo com ele.

A questão é se o aborto entra na primeira categoria – uma questão de escolha, como o boxe ou beber café, sem direitos fundamentais envolvidos – ou na segunda – uma questão de direitos fundamentais da pessoa, que não podem ser negociados e não se referem apenas às preferências de uma pessoa. Qualquer que seja o lado que se tome nesse debate, o aborto não se encaixa na primeira categoria, como as duas afirmações acima erroneamente sugerem.

Se alguém afirma que a vida humana inocente é sagrada e valiosa e que este valor permanece, independente das preferências dos outros, então o aborto é claramente uma questão de direitos individuais. Ninguém pode afirmar que o aborto é uma violação dos direitos individuais e ao mesmo tempo ter o pensamento que ele deve ser legalizado mesmo assim. Isso é que é tão absurdamente hipócrita naqueles que afirmam ser pessoalmente contra o aborto, mas ainda o desejam legalizado. Pela lógica, a única razão para se acreditar pessoalmente que seria errado cometer um aborto é pensar que o bebê que iria morrer tem direito à vida. Mas se o bebê no seu próprio ventre tem direito à vida, por que não qualquer outro bebê? Se o bebê em seu ventre é um ser humano inocente, como pode isso mudar para os bebês que terminam nos corpos daquelas que estariam dispostas a fazer um aborto? Será que o corpo sabe na concepção se a mãe é pró-vida ou pró-aborto, para produzir um bebê humano, no primeiro caso, mas não no segundo? E se a mãe mudar de idéia no meio da gravidez? É aqui que o absurdo dessa posição se torna clara. Eles estão, essencialmente, argumentando que o direito à vida de alguém deve depender do ponto de vista que sua mãe adotou a respeito do aborto – que seus próprios filhos têm direito à vida, mas os filhos de mulheres pró-aborto não. Se isto não é hipocrisia, nada mais é.

Da mesma forma, dizer que os opositores do aborto devem simplesmente “não cometer um” é perder completamente o argumento. As pessoas pró-vida não estão dizendo que é sua preferência pessoal que os indivíduos tenham direitos, mas sim que a vida humana inocente deve ser protegida, seja no corpo de uma fervorosa pró-vida ou de uma mulher sem escrúpulos em seu sétimo aborto. Não faz sentido de modo algum argumentar que, se alguém não gosta de escravidão, então não precisa comprar um escravo. No entanto, esse mesmo argumento foi muito utilizado nos Estados Unidos no século 19, e é usado agora como uma defesa do aborto. Ou o aborto é assassinato ou não é. Contornar essa questão e fingir que é apenas uma questão de preferência, como escolher entre marcas de detergentes, revela ignorância ou desonestidade.


5. O aborto é, em última análise, uma questão de direitos da mulher

Uma das tentativas mais desesperadas e fracas para vencer o debate sobre o aborto e calar os opositores pode ser vista naqueles que argumentam que, já que os homens não podem engravidar, e por isso não podem fazer um aborto, então a questão não tem nada a ver com eles. Em seguida sugerem que as opiniões dos homens não têm o direito de ser ouvidas de modo algum, ou então que o aborto beneficia as mulheres em relação aos homens.

A resposta a isso é um fato biológico simples: metade dos bebês não nascidos é do sexo feminino. Assim, para cada menino abortado, em média uma menina morre também. A relação, na verdade, é menos favorável às mulheres em países onde os meninos são mais valorizados do que meninas. Por exemplo, na Índia, tornou-se comum entre as mulheres pagar por um exame de ultra-som barato, e depois pagar por um aborto barato se o bebê for do sexo feminino. Em seguida, elas repetem tudo até que venha um menino. Assim, a idéia de que o aborto é uma vitória para as mulheres é desmentida pela realidade de milhões de meninas sendo mortas da forma mais brutal e cruel.

Bem, está certo, talvez o aborto mate pelo menos tantas meninas quanto mata meninos, mas com os homens incapazes de engravidar, são as mulheres as que têm abortos e, normalmente, são elas que no final decidem. Portanto, a questão cai para as mulheres decidirem, não os homens. Mas esse argumento é contrário a todos os princípios democráticos. Nós não exigimos que só os recrutas exponham os seus pontos de vista e seu voto sobre as questões relativas à guerra. Também não exigimos que somente os doentes tenham voz na área da saúde. A democracia dá a todos voz. Basta ver aonde esse argumento vai levar, para ver suas grandes falhas. Argumentar que, porque só as mulheres podem cometer aborto, então elas devem ser as únicas a decidir as leis relativas a ele é equivalente a argumentar que as leis de estupro só devem ser determinadas e discutidas pelos homens, porque só eles podem cometer esse delito. Democracia significa que todos têm uma palavra a dizer, quer o problema os afete ou os beneficie diretamente quer não.


6. Nenhuma pessoa pró-vida pode com sinceridade aceitar a pena de morte

Algumas pessoas argumentam que há uma contradição aqui, já que a opinião pró-vida tende a aparecer mais na direita política, que normalmente é mais simpática à pena capital. Como alguém pode ser pró-vida e ainda a favor da pena de morte?

A resposta é que, assim como o termo “pró-escolha”, o termo “pró-vida” talvez não seja o termo mais preciso para descrever a oposição ao aborto. A maioria das pessoas se opõe ao aborto por conferir um valor especial à vida humana inocente. Eles acreditam que ela é sagrada, ou ainda que seu valor não pode ser ignorado simplesmente por ser um inconveniente. Eu não sou pró-vida na medida em que eu me oponho ao término de toda e qualquer vida, porque eu como carne e não sou contra matar animais para esse fim. Nem sou pró-vida humana no sentido de que me oponho a tirar uma vida humana em qualquer circunstância. Na guerra, aceito que se atire no inimigo e, quando um assassinato foi cometido, eu estou disposto a aceitar a execução do assassino. A palavra chave é inocente. Simplesmente não é possível para um bebê não nascido cometer um assassinato. Portanto, não há contradição em aceitar a execução de assassinos e se opor à execução de bebês inocentes. O mesmo princípio inspira ambas as convicções: que a vida humana inocente é tão valiosa que não deve ser destruída, e que aqueles que tiram uma vida humana inocente deveria pagar um preço elevado.

Não são aqueles pró-vida e pró-pena capital que são inconsistentes, mas aqueles que são a favor do aborto e se opõem à pena capital. Sua posição é a de executar o inocente e proteger o culpado.


7. É hipócrita ser pró-vida se não se adota bebês ou se ajuda no seu sustento

Assim como o argumento feminista, esse tipo de acusação tenta encerrar o debate, dessa vez, sugerindo que se deve demonstrar pessoalmente um compromisso para com as crianças que resultariam da restrição do aborto. Certamente, é uma coisa maravilhosa se alguém pode e está disposto a ajudar nesses casos. Mas argumentar ad hominem que porque alguém não vai ou não pode botar em prática as suas convicções em termos de ajuda direta, isso é um argumento errado, é confundir o argumento com o argumentador. Se algo é mais ou menos verdadeiro, isso não depende de quem o diz. Acusações de hipocrisia são fáceis de se fazer por aí, mas, embora possam prejudicar a reputação dos acusados, não afetam o seu argumento.

Dizer que uma pessoa não pode ser contra o aborto se não estiver disposta a adotar uma meia dúzia de crianças é como dizer que não se pode apoiar uma guerra sem se oferecer para lutar, ou que não se pode ser contra a escravidão sem estar disposto a alimentar e vestir muitos ex-escravos. Apoiar o direito à vida, à liberdade e à propriedade de uma pessoa não significa que se tem que apoiá-las de outras formas. Uma injustiça é uma injustiça.

Novamente, a maior hipocrisia vem da posição geral da esquerda política. Se um homem engravida a mulher, eles dizem, então é justo que ele assuma a responsabilidade pelo bebê. Mesmo que o pai não o queira, ele ainda assim deveria pagar pensão alimentícia para ajudar em sua alimentação, vestuário etc. Ele escolheu se arriscar a engravidar a mulher, então ele deve – dizem-nos – assumir a responsabilidade pelas conseqüências.

Isso tudo soa bastante razoável, e seria, se eles aplicassem o mesmo argumento para as mulheres. Mas eles não o fazem. Eles não dizem que a mãe escolheu se arriscar a engravidar e que agora deve assumir a responsabilidade pelo bebê que resultou. Em vez disso, dizem que a escolha sobre a vida ou a morte do bebê depende inteiramente dela, e que ela pode determinar essa escolha segundo sua própria conveniência. Essa é a verdadeira hipocrisia e inconsistência.


8. Restringir o aborto não faria diferença; significaria apenas mais mulheres morrendo em “abortos clandestinos”

Embora o argumento seja muitas vezes declarado dessa forma, claramente ele quer dizer algo diferente, com a diferença sendo mais mulheres morrendo em decorrência da restrição do aborto. Em primeiro lugar, será que as leis sobre o aborto e um clima pró-vida reduziriam o número de abortos? O melhor exemplo disso é a Polônia. Quando os soviéticos a deixaram, as tradições religiosas e humanitárias da Polônia ressurgiram. Nos anos 80 havia cerca de 100 mil abortos por ano. Em 1990, esse número era de 59.417. Então, claramente, quando as pessoas começam a acreditar que o aborto é errado, elas começam a mudar seu comportamento. Seria estranho, na verdade, sugerir que as atitudes sociais não são de modo algum afetadas pelas leis sobre aborto e pela aprovação democrática das mesmas.

Mas que dizer sobre a acusação de que o aborto significaria mais mortes em “abortos clandestinos”? Na verdade, o número decrescente de mortes por “abortos clandestinos” não foi muito afetado, nem na Inglaterra nem nos Estados Unidos, depois que o aborto foi legalizado nesses países. Também deve se enfatizar como são poucas as mortes com essa causa: cerca de três dúzias por ano em todo o território dos Estados Unidos, ou menos de um por estado. Assim, ou os abortos ilegais ou eram muito raros, ou muito seguros. Se eles são muito seguros, então não se pode argumentar que a proibição do aborto seria uma ameaça para a vida das mulheres. Se eles eram muito raros, então claramente as leis pró-vida desencorajaram, de fato, os abortos ilegais, salvando as vidas das mulheres em questão, e os bebês que foram concebidos.

Como um último exemplo desta tendência, em 1993 a Polônia proibiu o aborto, exceto em casos de estupro, incesto ou deficiência, e no ano seguinte, 782 bebês foram abortados legalmente (contra 100 mil há uma década), mas absolutamente ninguém morreu em um aborto ilegal.


9. Os abortos são justificáveis, pois eles mantêm a população limitada, diminuem o crime e poupam algumas crianças de uma vida miserável

O argumento utilitarista para o aborto é mais cruel do que a maioria dos outros, mas ele merece ser tratado. Mesmo que se admita que o feto é uma vida humana inocente, isso não significa proteção para ela, diz o argumento, porque tal proteção significaria uma população excessiva, permitindo que os bebês mais pobres nasçam e venham a cometer crimes ou fazendo com que alguém nasça em um lar infeliz.

Em primeiro lugar, deve-se questionar a idéia de que a população de qualquer país moderno ocidental é demasiadamente elevada. Na Grã-Bretanha, prevê-se que a população fique mais ou menos estável ao longo dos próximos cinqüenta anos, caindo um pouco. Para a estabilidade de uma população, cada mulher deve ter uma média de 2,1 filhos (2 para substituir ela e o pai, e 0,1 por conta de mortes no parto etc.). Na Grã-Bretanha essa média atualmente é cerca de 1,8; e são esperados 2 milhões de imigrantes durante a próxima década. Nosso problema não é que temos muitas crianças, mas sim que temos muito poucas. Grande parte da Europa moderna está agora a perdendo a sua cultura através de tantos abortos, e da necessidade de imigração em massa.

Em segundo lugar está o argumento de que o aborto afeta desproporcionalmente a sorte de certo tipo de pessoas que se tornam criminosos e, portanto, o aborto diminuiria o crime. Matar outro ser humano para conseguir essa diminuição é uma solução muito dura. Executá-los em sua infância por um crime que eles ainda não cometeram e nem poderão mais cometer é brutal. Um bom sistema de justiça criminal e de polícia bem como atitudes sociais respeitáveis combate melhor o crime. Não devemos pensar que matar inocentes é uma substituição adequada ou moral.

Em terceiro lugar vem a sugestão de que seria melhor para muitos bebês serem abortados do que serem adotados ou não-desejados. A arrogância de tal posição é clara: quem são eles para decidir isso no lugar das pessoas que ainda nem sequer nasceram? O que lhes dá o direito de declarar a vida de outra pessoa tão miserável a ponto de ser cortada fora no momento mesmo de seu início?

Em última análise, a moralidade civilizada é baseada em princípios não-negociáveis: o direito à vida é um deles. Dizer que tais noções podem ser comprometidas em nome da conveniência da sociedade em geral é uma defesa monstruosa e sem sentido do aborto. Se a vida humana inocente merece proteção, então é irrelevante. Se não, então é supérflua.


10. Mesmo que um mendigo venha a morrer se eu jogá-lo fora da minha casa no frio, eu tenho o direito legal de fazê-lo

Alguns no debate sobre o aborto admitem a imoralidade do mesmo, mas o defendem legalmente como se fosse questão de controle do próprio corpo. Pode-se ter o dever de cuidar de outro ser humano, mas a lei obrigar isso é impor à pessoa uma carga que não é razoável. Pode ser cruel, no meio de uma nevasca, não aceitar que um mendigo entre em sua casa, mas a pessoa tem esse direito legal. Porém a gravidez é diferente de qualquer situação de propriedade. Para estender a analogia do mendigo, se a pessoa tivesse convidado o mendigo para entrar em sua casa, e depois tivesse sugado seu cérebro antes de jogá-lo fora no frio, a lei olharia para isso de maneira um pouco diferente. Já que na gênese de quase todos os abortos está uma atividade sexual consensual – a escolha de arriscar uma gravidez – o bebê não é uma imposição, mas um inquilino escolhido.

Pode-se perguntar também sobre os direitos e deveres legais dos pais e de seus filhos. Nenhuma mãe poderia ser legalmente autorizada a jogar seu bebê fora no frio, só porque um dia pagou pela casa, como era seu direito. Por quê? Porque a maternidade traz consigo certas obrigações legais. Nós, portanto, concedemos o direito à vida e o “impomos” a um bebê recém-nascido, e com razão, mas não para um bebê por nascer. Essa não é uma obrigação permanente, e essa mãe poderia cuidar do bebê até o ponto em que ela poderia lhe dar para adoção. Mas isso poderia muito bem ser feito também por uma mulher grávida que não deseja o bebê. O que não permitimos com os bebês de 23 semanas de gravidez e já nascidos, mesmo prematuros, é a mãe matá-los. Infelizmente, por algum motivo que ninguém consegue explicar logicamente, nós de fato permitimos que bebês de 23 semanas dentro do útero sejam “evitados” de maneira mortal para o bebê [Nota do tradutor: Nos países onde o aborto é legalizado. No Brasil o aborto é crime]. Ninguém sugere que o bebê não é uma vida humana, nem que seja culpado de um crime. Mas ainda assim deixamos a nossa própria conveniência vir em primeiro lugar.

Ao invés de falar mal do aborto, eu pensei que poderia apenas rebater alguns mitos pró-aborto. Isso acabou ficando mais estruturado e mais divertido. Espero que inspire alguma meditação. Vou encerrar com uma citação que resume a posição pró-vida de forma justa e sucinta:

“A antiga lei permitia que o aborto salvasse uma das vidas quando as duas fossem morrer caso ele não fosse feito. A nova lei permite que o aborto tire uma vida, quando as duas iriam viver caso ele não fosse feito.” - Herbert Ratner.
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(1) “Untermenschen” é um termo alemão que significa “sub-humano”, “abaixo do humano”. É um terno da ideologia racial nazista, usado para descrever “pessoas inferiores”, especialmente as “massas do oriente”: judeus, ciganos, eslavos, soviets, homossexuais ou qualquer pessoa que não fosse “ariano”. “Nigger” é um termo pejorativo usado nos Estados Unidos para se referir a pessoas de cor, a maioria afro-descendentes. Nos tempos modernos é considerado um termo racista.

Traduzido de:
http://www.freerepublic.com/focus/news/785378/posts

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Como o aborto é promovido na América Latina?

Muito importante artigo publicado na ZENIT, aqui só trechos, veja ele na íntegra.

LIMA, quarta-feira, 19 de maio de 2010 (ZENIT.org).- Primeiro se cria uma polêmica sobre um caso humano dramático de uma criança estuprada; depois se propõe uma lei geral de legalização do aborto. Este processo, adotado em outros continentes, está sendo aplicado na América Latina, como explica a ZENIT nesta entrevista Carlos Polo Samaniego, peruano, antropólogo e diretor do escritório para a América Latina do Population Research Institute desde 2001.

(...)

- Em que se baseia para afirmar que os casos são "fabricados"?

Carlos Polo: Temos que dizer que o drama das meninas grávidas é real e sumamente doloroso. O que se fabrica e manipula é a repercussão midiática e a insistência de que o aborto é a única solução. Sobre esta realidade, são montadas campanhas que apresentam o aborto para aqueles que procuram outras saídas fora do aborto como um povo sensível, desumano e incompreensível. Os bispos, sacerdotes e leigos comprometidos, usualmente os primeiros defensores da vida dessas criaturas que estão por nascer, são muitas vezes alvos de ataque. A pressão chega a ser muito forte, como se a tensão estivesse situada no nosso senso de humanidade ao extremo. Mas é tudo parte de uma falácia, de uma grande mentira baseada num drama humano: muitas vezes essas meninas nem correm perigo nem querem abortar. E o pior, depois sofrem as consequências de fazê-lo.

- Esta acusação é muito grave. O senhor está em condições de mantê-la?

Carlos Polo: Cada vez temos mais evidências. Durante muito tempo, suspeitamos que isso acontecia mais ou menos da forma como agora conhecemos bem. Mas foi necessário um grande número de leigos, profissionais em diferentes áreas; nós nos organizamos e trocamos eficientes informações e experiências para que pudéssemos descrever todo o circuito, encontrando os padrões de "fabricação" de casos dos quais se falava antes. Agora, cada vez que é gerado um destes "casos", surgem voluntários para socorrer as meninas e seus pais. Por exemplo, graças a Deus, em Quintana Roo se pôde resgatar a menina e salvar seu bebê.

(...)

- Qual é a origem desta estratégia abortista?

Carlos Polo: De fato, há muitas pistas. Uma delas nos coloca em um documento que, em janeiro de 2003, o Center for Reproductive Rights publicou com o título What Role Can International Litigation Play in the Promotion and Advancement of Reproductive Rights in Latin America? (Qual o papel dos conflitos internacionais na promoção e desenvolvimento dos direitos reprodutivos na América Latina?). Suas autoras, Mônica Roa, Luisa Cabal e Lilian Sepúlveda, são membros destacados desta organização de Nova York que promove o aborto legal e o manifesta abertamente.

Nesse documento, dizem claramente: "Os tribunais podem ser um fórum excelente para produzir a mudança". Também afirmam que, nesta estratégia de litígios, sua última oponente é a Igreja Católica. E afirmam que tudo isso se inicia por "examinar o processo de identificação de temas e casos". Abertamente, o Center for Reproductive Rights expõe como sua própria equipe de advogados e suas organizações associadas apresentaram os quatro "casos" citados no documento. Um deles, o da peruana Karen Llantoy, foi utilizado anos depois como argumento por Mônica Roa na sentença que legalizou o aborto na Colômbia.

(...)

- Finalmente, que recomendação o senhor daria para evitar que haja mais danos com esta estratégia?

Carlos Polo: Que sejamos Igreja. Que nos unamos para pensar, orar, entender e agir pro-ativamente a favor da vida. Que nossos pastores não se sintam sós, porque cada vez somos mais leigos e colocamos nossos talentos profissionais ao seu serviço. Que nossos irmãos se animem a aprofundar neste trabalho e a entrar em contato, como uma grande rede. Só assim podemos enfrentar à altura os desafios do mundo de hoje.

terça-feira, 11 de maio de 2010

40 anos depois, as palavras do Papa sobre controle de natalidade resistem ao teste do tempo

Por Douglas Farrow

Quarenta anos atrás, em 25 de Julho de 1968, o Papa Paulo VI emitiu a sua sétima e última carta encíclica, que não era dirigida apenas aos bispos, clero e fiéis da Igreja Católica, mas a todas as pessoas de boa vontade. A carta era sobre a "regulação dos nascimentos", e sua promulgação foi aguardada com grande expectativa.

Um método novo e imediatamente popular de contracepção tinha aparecido dez anos antes - a pílula foi introduzida em 1958 - e muitos esperavam ardentemente que o Papa que supervisionou o Concílio Vaticano II, no qual a Igreja tinha “aberto suas janelas” para o mundo moderno, fosse sinalizar agora a aprovação de seu uso.


Essas esperanças foram frustradas. A Humanae vitae reafirmou a doutrina tradicional da Igreja: os atos de contracepção artificial são "intrinsecamente desordenados e, portanto, indignos da pessoa humana, mesmo quando a intenção é salvaguardar ou promover bens individuais, familiares ou o bem-estar social".

A “choradeira” foi enorme, e diz-se que isso partiu o coração do Papa. Entre os líderes cristãos de prestígio internacional, somente o Patriarca Ecumênico se levantou em sua defesa. A maioria das denominações protestantes - a começar com os anglicanos na sua Conferência de Lambeth de 1930 - tinha começado a fazer as pazes com a contracepção artificial alguns anos antes.

Então é claro que havia muitos católicos do Canadá que já estavam apreciando sua “Revolução Silenciosa” (entre 1959 e 1971, a taxa de natalidade em Quebec caiu do maior para o menor patamar entre as regiões do Canadá). A consternação foi sentida em todo o país. Em 27 de setembro, quase dois meses após a promulgação da encíclica, os bispos canadenses lançaram a Declaração de Winnipeg, como um ato de “controle de danos”.

A Declaração de Winnipeg fez uma grande concessão, que contrariou a solidariedade que os bispos professam ter para com o Papa. As pessoas, eles disseram, "que têm tentado, sem sucesso, mas sinceramente, perseguir uma linha de conduta em conformidade com as diretivas dadas... pode estar seguramente certas de que quem escolhe honestamente esse caminho que parece certo para ele o faz em boa consciência." É seguro dizer que a grande maioria dos católicos levou em conta essas palavras dos bispos e continuou suas viagens à farmácia.

Quarenta anos depois, no entanto, é a Humanae vitae – e não a Declaração de Winnipeg – que tem resistido ao teste do tempo. Estudo após estudo tem documentado a precisão fantástica das previsões, na época ridicularizadas, do Papa, previsões que se destacam fortemente contra as falhas dos “queridos” profetas contemporâneos, como Paul Erhlich, que no mesmo ano, publicou seu livro famoso e equivocado, “The Population Bomb”.

Entre essas previsões estavam o aumento acentuado nos casos de adultério e de fornicação (o que nós aprendemos a chamar de "sexo casual"), o aumento correspondente na alienação entre homens e mulheres (que nós chamamos agora de “guerra de gênero”), o enfraquecimento da família (pois agora não temos sequer uma definição dela), e especialmente a intrusão do Estado "no setor mais pessoal e mais reservado da intimidade conjugal" - isto é, nos próprios processos de reprodução humana.

Sobre este último ponto, Paulo VI advertiu que os governantes poderiam até começar a impor ao seu povo "o método de contracepção que eles julgassem ser mais eficaz". Esta previsão, bastante ridicularizada na época, encontrou sua realização na China, que não só permite a contracepção, a esterilização e o aborto como meio legítimo de regulação de nascimentos, mas impõe-lhes sistematicamente.

A adoção da mentalidade contraceptiva por parte do Canadá (não pensamos muito no "grave dever de transmitir a vida humana"), produziu o problema da exacerbada redução populacional. Ainda assim, através do Fundo das Nações Unidas para População o Canadá participa de uma grande variedade de políticas de “planejamento familiar” manipulativas, para não dizer assassinas, incluindo as da China. E as suas políticas em casa, especialmente na área da educação sexual, sobre o que a Declaração de Winnipeg foi tão absurdamente esperançosa, são apenas marginalmente menos manipuladoras. Os bispos canadenses nunca imaginaram programas obrigatórios ensinando as crianças católicas como experimentar todo tipo de sexo “estéril”, incluindo a sodomia, ou como apreciar o fato de que "famílias" vem em todos os tamanhos e formas. Nem os políticos católicos previram as taxas astronômicas de divórcio e de aborto, ou seu multi-bilionário custo anual, quando em 1968 eles decidiram adaptar nosso sistema jurídico à era dos anticoncepcionais.

A Humanae vitae, no entanto, não se contentou apenas com a previsão da dissolução da vida familiar nas águas rasas da mentalidade contraceptiva. Ela efetivamente condenou a contracepção como uma violação da lei natural que, separando as dimensões unitiva e procriativa da sexualidade humana, também separou os próprios laços sociais que ela deveria proteger. Mas ela também reconheceu que a aceitação da contracepção artificial dissolveria laços eclesiais, rasgando um grande buraco na visão sacramental da Igreja sobre o casamento. Para provar isso não precisamos ir mais longe do que a Comunhão Anglicana, reunida este mês para a sua Conferência de Lambeth 2008, na vã esperança de salvar seu navio afundando.

Paulo VI não ignorava que os católicos, para não mencionar os outros "homens de boa vontade", a quem ele dirigiu a sua carta, teriam grande dificuldade em aceitar o ensinamento da Humanae vitae. Ele sabia, no entanto, que a forma adequada da Igreja chegar ao mundo moderno não era diferente do que a maneira com que tinha abordado o mundo antigo. Tinha que falar a verdade no amor, custe o que custar. "A Igreja", disse ele, "não se surpreende em se tornar, como seu divino Fundador, um ‘sinal de contradição'”. Isso é como a própria Igreja sobrevive ao teste do tempo.

A Humanae vitae foi sinal de contradição não tanto por causa da sua condenação da contracepção, mas por causa da sua visão construtiva para o casamento. Aquele que se importar hoje em ler esse “infame” documento, nesse seu quadragésimo aniversário, vai descobrir, para sua surpresa, que ele traz uma visão atraente do amor esponsal e da paternidade responsável. Integrando os princípios da caridade, da castidade e "a intervenção da inteligência" na vida conjugal, ele estabelece a base sobre a qual João Paulo II viria a construir com habilidade pastoral suprema. Como consequência de sua intervenção corajosa existe hoje uma nova geração de fiéis católicos que estão aprendendo a lidar com seu próprio chamado a ser sinal de contradição na cultura canadense. Que seu número aumente, e sem dúvida aumentará.
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Douglas Farrow é professor adjunto de pensamento cristão na McGill University e autor do livro “Nation of Bastards”.

Traduzido de: http://network.nationalpost.com/np/blogs/fullcomment/archive/2008/07/31/douglas-farrow-40-years-later-the-pope-s-words-on-birth-control-have-stood-the-test-of-time.aspx

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A epidemia de pornografia: pesquisas científicas


Por Kerby Anderson

A pornografia está deteriorando o tecido de nossa sociedade. No entanto, os cristãos na maioria desconhecem seu impacto, tornando-se apáticos com relação à necessidade de controlar esta ameaça.

A pornografia é um negócio de oito bilhões de dólares por ano [Nota: este artigo é de 1997, para dados mais atuais, clique aqui], e possui laços estreitos com o crime organizado. (1) Os lucros financeiros do pecado são enormes quando se trata de pornografia. Fornecedores de pornografia colhem enormes lucros com as vendas nas chamadas livrarias "adultas" e com a audiência de filmes e atuações ao vivo em teatros.

A pornografia envolve livros, revistas, vídeos e dispositivos. Ela migrou da periferia da sociedade para o consumo de massa através do aluguel de fitas de vídeo [Nota: artigo escrito em 1997, atualmente seriam DVD’s], televisão e vendas de revistas do chamado "soft-porn", bem como veiculação de filmes sexualmente explícitos na TV a cabo. Para alguns, a pornografia não passa de algumas fotos de mulheres com pouca roupa em poses sedutoras. Mas a pornografia se tornou muito mais do que apenas fotografias de mulheres nuas.

Cerca de 900 cinemas [Nota: dados dos Estados Unidos em 1997] exibem filmes pornográficos e mais de 15.000 livrarias e locadoras de vídeo “adultas” oferecem material pornográfico. Tais livrarias “adultas” superam o número de restaurantes McDonald's nos Estados Unidos por uma margem mínima de 3 para 1 (2). Em 1985, cerca de 100 filmes pornográficos de longa metragem foram distribuídos aos cinemas “adultos”, resultando em estimativas de vendas anuais de 50 milhões de dólares. (3) [Para dados mais atualizados clique aqui]

Definições

A Comissão da Procuradoria-Geral que lidou com o assunto pornografia em 1986 a definiu como material que “é predominantemente de sexo explícito e destina-se principalmente ao propósito de excitação sexual.” A pornografia Hardcore “é sexualmente explícita ao extremo, e desprovida de qualquer outro conteúdo ou propósito aparente.” (4)

Outro termo importante é a definição de obscenidade. A definição legal atual de obscenidade [nos Estados Unidos] se encontra no caso de 1973 de Miller vs. California. De acordo com o caso de Miller, o material é obsceno se forem cumpridas as três seguintes condições:
1. A pessoa normal, aplicando padrões contemporâneos da comunidade, acha que o trabalho, tomado como um todo, apela para interesses lascivos.
2. O trabalho mostra ou descreve, de modo claramente ofensivo, conduta especificamente definida como sexual pela lei aplicável do Estado correspondente, e
3. O trabalho considerado como um todo carece de valor sério, artístico, político ou científico (5).

Tipos de Pornografia

O primeiro tipo de pornografia é constituído pelas revistas para adultos. Estas são principalmente voltadas para um público adulto do sexo masculino (mas não exclusivamente). As revistas que têm a mais ampla distribuição (por exemplo, Playboy, Penthouse) não violam a norma da obscenidade de Miller e, portanto, podem ser distribuídas legalmente. Mas outras revistas que violam estas normas ainda estão disponíveis em muitas livrarias “adultas”.

O segundo tipo de pornografia são as fitas de vídeo-cassete [artigo escrito em 1997]. Estas são alugadas ou vendidas em livrarias “adultas”, e se tornaram uma indústria crescente para a pornografia. Pessoas que nunca iriam entrar em uma livraria para adultos ou em um cinema para assistir a um filme pornográfico irão obter estas fitas de vídeo através de livrarias ou pelo correio, podendo vê-las na privacidade de suas casas. Geralmente estes vídeos apresentam um elevado grau de pornografia “hardcore” e de atos ilegais.

O terceiro tipo de pornografia é o cinema. As normas de recomendação de idade mínima estão sendo relaxadas e muitos filmes com conteúdo pornográfico estão sendo apresentados e distribuídos para menores de 18 anos. Muitos filmes liberados hoje em dia contêm cenas que teriam sido consideradas obscenas apenas uma década atrás.

Um quarto tipo de material pornográfico é a televisão. Como no cinema, as normas para a televisão comercial têm sido continuamente relaxadas. Mas a televisão a cabo representa uma ameaça ainda maior. A lei não regula a TV a cabo da mesma maneira que faz com as estações de acesso público, assim, muitos filmes pornográficos são mostrados nela. Como acontece com as fitas de vídeo, a TV a cabo fornece à pessoa comum acesso fácil a material pornográfico. Pessoas que nunca iriam a uma livraria para adultos podem agora ver o mesmo material sexualmente explícito na privacidade de suas casas, através da TV a cabo.

Um quinto tipo de pornografia é a ciberpornografia. Fotos e filmes “hardcore”, bate-papo online, e até mesmo atos sexuais ao vivo pode ser baixados e vistos por praticamente qualquer pessoa através da Internet. Imagens sexualmente explícitas podem ser encontradas nas páginas web e em grupos de notícias, sendo de acesso muito fácil para qualquer pessoa de qualquer idade. O que estava disponível apenas para um pequeno número de pessoas dispostas a ir para o lado “underground” da cidade, agora pode ser visto em qualquer momento na privacidade do lar.

Um último tipo de pornografia é o áudio. Este inclui serviços de conversa pornográfica pelo telefone mediante pagamento de uma taxa, e representam o segundo mais rápido crescimento do mercado de pornografia. Embora a maioria das mensagens se encontre dentro da definição de Miller de obscenidade, essas empresas continuam a prosperar e esses serviços muitas vezes são mais utilizados por crianças.

De acordo com Henry Boatwright (presidente do Conselho Consultivo de Preocupações Sociais dos Estados Unidos), aproximadamente 70 por cento das revistas pornográficas vendidas acabam nas mãos de menores. A organização “Mulheres Contra a Pornografia” estima que cerca de 1,2 milhões de crianças são anualmente exploradas no comércio sexual (prostituição e pornografia infantil).

Efeitos Psicológicos

O psicólogo Edward Donnerstein (University of Wisconsin) descobriu que uma breve exposição a formas violentas de pornografia pode levar a atitudes e comportamentos anti-sociais. Espectadores do sexo masculino tendem a ser mais agressivos em relação às mulheres, menos sensíveis à dor e ao sofrimento das vítimas de estupro, e mais dispostos a aceitar vários mitos sobre o estupro (6).

Pesquisadores descobriram que a pornografia (especialmente pornografia envolvendo violência), pode produzir uma variedade de efeitos indesejáveis, tais como estupro e coerção sexual. Especificamente, eles descobriram que essa exposição pode levar ao aumento do uso de coerção ou de estupro, (7) ao aumento de fantasias de estupro, (8) e dessensibilização à violência sexual e banalização do estupro (9).

Em uma tentativa de isolar o papel da violência separadamente do papel do sexo em situações induzidas por pornografia, James Check (York University in Canada) conduziu um experimento onde homens eram expostos a diferentes graus de pornografia, algumas violentas, outras não. Todos os grupos apresentaram a mesma mudança de atitude, ou seja, uma maior inclinação a usar a força como parte do sexo (10).

Em um estudo, os pesquisadores Dolf Zillman e Jennings Bryant investigaram os efeitos da pornografia não violenta na insensibilidade sexual e na banalização do estupro. Eles mostraram que a exposição continuada à pornografia teve sérios efeitos adversos nas crenças sobre a sexualidade em geral e sobre as atitudes em relação às mulheres em particular. Eles também descobriram que a pornografia insensibiliza as pessoas para o estupro enquanto crime (11). Estes pesquisadores também descobriram que a exposição maciça à pornografia estimula o desejo por materiais cada vez mais desviantes que envolvam violência (estupro e sadomasoquismo) (12).

Dolf Zillman mediu o impacto que o fato de ver pornografia tem no ponto de vista do sujeito quanto ao que constitui para ele uma prática sexual normal. O grupo que viu a maior quantidade de pornografia apresentou índices muito maiores de incidência de sexo oral, sexo anal, sexo grupal, sadomasoquismo e bestialidade em sua classificação de prática sexual normal do que outros dois grupos (13).

Um estudo mostrou que a pornografia pode diminuir a satisfação sexual da pessoa (14). Os pesquisadores descobriram que pessoas expostas à pornografia não violenta relataram diminuição da satisfação com a aparência física, o afeto, a curiosidade e o desempenho sexual do parceiro sexual. Eles também eram mais inclinados a dar mais importância ao sexo sem envolvimento emocional.

Em um estudo de âmbito nacional, os pesquisadores Larry Baron e Murray Strauss, da Universidade de New Hampshire, encontraram uma forte correlação estatística entre as taxas de circulação de revistas pornográficas e as taxas de estupro (15). Eles descobriram que em estados com taxas de grande circulação, as taxas de estupro também eram elevadas. E em estados com taxas baixas de circulação, as taxas de estupro também tendiam a ser baixas.

Evidentemente, uma correlação estatística não prova que a pornografia causa estupros. Certamente, nem todas as pessoas que vêem pornografia tornam-se estupradores. E é possível que o estupro e o consumo de pornografia estejam apenas indiretamente relacionados com outros fatores, como a permissividade social e atitudes “tipo macho” entre os homens. De fato, o Baron e Strauss realmente examinaram alguns desses fatores em seu estudo, mas não encontraram qualquer correlação significativa.

Estudos posteriores mostraram resultados semelhantes. Os pesquisadores Joseph Scott (um homem que testemunha com freqüência a favor dos editores de pornografia nos tribunais) e Loretta Schwalm, da Ohio State University, examinaram ainda mais fatores do que Baron e Strauss (incluindo a circulação de revistas não-sexuais), e ainda assim não puderam eliminar a correlação entre pornografia e estupro. (16)

Darrell Papa, detetive de polícia do estado de Michigan, constatou que em 41 por cento dos 38.000 casos de agressão sexual em Michigan (1956 a 1979) o criminoso viu material pornográfico pouco antes ou durante o crime. Isto corrobora a pesquisa feita pelo psicoterapeuta David Scott, que descobriu que "metade dos estupradores estudados na pesquisa viam pornografia para se excitar, imediatamente antes de sair à procura de uma vítima." (17)

Efeitos Sociais

Definir os efeitos sociais da pornografia tem sido difícil por causa de algumas teorias dominantes sobre seu impacto. Certo ponto de vista chega a dizer que a pornografia exerce uma função positiva na sociedade, agindo como um "fator de segurança" ou “válvula de escape” para os potenciais agressores sexuais.

O mais famoso proponente desta visão foi Berl Kutchinsky, criminologista da Universidade de Copenhagen. Seu famoso estudo sobre a pornografia descobriu que, quando o governo dinamarquês retirou restrições à pornografia, o número de crimes sexuais diminuiu. (18) Sua teoria era que a disponibilidade de pornografia “canalizava” impulsos sexuais perigosos. Mas quando os dados de sua teoria de “válvula de escape” foram posteriormente avaliados, começaram a aparecer muitas falhas de sua pesquisa.

Por exemplo, Kutchinsky falhou em não distinguir entre diferentes tipos de crimes sexuais (por exemplo, estupro, atentado ao pudor, etc) e, em vez disso, simplesmente os considerou juntos. Isso efetivamente mascarou um aumento nas estatísticas de estupro. Ele também falhou ao não levar em conta que a tolerância crescente para com certos crimes (por exemplo, nudez em público, sexo com menor de idade) pode ter contribuído para uma queda nos crimes relatados.

Provar relações de causa e efeito na pornografia é praticamente impossível, porque eticamente os pesquisadores não podem fazer determinados tipos de investigação. O pesquisador Dolf Zillman diz: "Os homens não podem ser colocados em risco de desenvolver inclinações sexualmente violentas através da ampla exposição à pornografia violenta ou não-violenta, e as mulheres não podem ser colocados em risco de serem vítimas de tais inclinações." (19)

Deborah Baker, assistente jurídica e diretora executiva de um grupo anti-obscenidade, concorda que seria muito difícil conseguir uma prova conclusiva de uma ligação entre pornografia e crime:

“O argumento de que não existem estudos reconhecidos mostrando uma ligação entre pornografia e crimes violentos é apenas uma cortina de fumaça. Aqueles que promovem essa postura bem sabem que essa pesquisa nunca será feita. Seria necessária uma amostragem de mais de mil homens, expostos à pornografia na puberdade e adolescência, enquanto outro grupo permaneceria totalmente isolado de sua influência em todas as suas formas e graus diferentes. Cada grupo então teria de ser acompanhado através da prática de crimes violentos ou não. Apesar da falta de investigação formal, porém, as estatísticas do próprio FBI mostram que a pornografia é encontrada em 80 por cento das cenas de crimes sexuais violentos, ou nas casas dos agressores” (20).

No entanto, há uma série de estatísticas convincentes que sugerem que a pornografia de fato tem profundas consequências sociais. Por exemplo, dos 1.400 casos de abuso sexual infantil em Louisville, Kentucky, entre julho de 1980 e fevereiro de 1984, a pornografia adulta esteve presente em cada um dos incidentes, e a pornografia infantil estava ligada com a maioria deles (21). Extensas entrevistas com agressores sexuais (estupradores, culpados de incesto, e molestadores de crianças) trouxeram à tona uma grande porcentagem de criminosos que utilizavam a pornografia para se excitar antes e durante seus ataques. (22) Agentes policiais viram o impacto que a pornografia teve sobre os assassinatos em série. De fato, o consumo de pornografia é uma das características mais comuns do perfil de assassinatos em série e estupradores (23).

O professor Cass Sunstein, escrevendo no Duke Law Journal, diz que algumas violências sexuais contra as mulheres "não teriam ocorrido, se não fosse a circulação massiva de pornografia." Citando dados interculturais, ele conclui:

“A liberalização das leis sobre pornografia nos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália e nos países escandinavos, tem sido acompanhada por um aumento nas taxas de estupro relatados. Nos países onde as leis de pornografia não foram liberalizadas tem havido um aumento menos acentuado no número de estupros. E nos países em que as restrições foram adotadas, os estupros diminuíram” (24).

Em sua introdução para uma reimpressão do Relatório Final da Comissão da Procuradoria Geral da República sobre a pornografia, o colunista Michael McManus observou que:

“O FBI entrevistou duas dúzias de assassinos sexuais na prisão, que haviam matado múltiplas vítimas. Cerca de oitenta e um por cento disseram que seu maior interesse sexual era ver pornografia. Eles colocaram suas fantasias sexuais em prática com pessoas reais. Por exemplo, Gary Arthur, acusado de abusar sexualmente e matar cinco meninos, disse: ‘Se o material pornográfico não me tivesse sido disponibilizado, o mais provável é que minhas atividades sexuais não teriam chegado ao grau que chegaram’. Ele disse que o impacto da pornografia nele foi ‘devastador.... Eu sou um pedófilo homossexual condenado por assassinato, e a pornografia e foi um fator determinante na minha queda’.” (25)

O Dr. James Dobson entrevistou Ted Bundy, um dos serial killers mais conhecidos nacionalmente. No dia anterior à sua execução, Ted Bundy disse que "a maioria dos tipos nocivos de pornografia são aqueles que envolvem violência e violência sexual. Porque o casamento dessas duas forças, que eu conheço muito bem, traz um comportamento que é simplesmente, simplesmente terrível demais para descrever. "(26)

Passos para combater a pornografia

Primeiramente os pais devem ensinar aos seus filhos uma visão integral e cristã da sexualidade.

Em segundo lugar, devemos avaliar nossa exposição à mídia (revistas, TV, música) que contenha temas sexuais inapropriados. Os pais devem dar um exemplo positivo para os filhos, e discutir com eles acerca desses programas e músicas etc.

Em terceiro lugar, líderes religiosos devem advertir seus fiéis sobre os perigos da pornografia, e instruí-los em uma visão sadia da sexualidade.

Em quarto lugar, os pais devem bloquear o acesso a sites pornográficos através de softwares apropriados para bloquear esses conteúdos. Eles devem também procurar estar perto dos filhos quando eles estão na internet, conversando com eles sobre o tempo de acesso. Entrar pela madrugada na internet pode ser um mal sinal.

Em quinto lugar, cada cristão deve se envolver em um grupo e se organizar para lutar socialmente contra a pornografia. Em muitas localidades esse tipo de grupo encontrou sucesso.

Em sexto lugar, devemos expressar nossa preocupação às autoridades (através de cartas e petições) sobre os perigos da pornografia e a presença de casas de “diversão”, livrarias ou locadoras pornográficas.

Em sétimo lugar, ao receber material pornográfico por e-mail, cabe relatar o spam ao serviço responsável na internet, para que providências possam ser tomadas.
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Notas

1. Report of the Attorney General's Task Force on Family Violence, U.S. Department of Justice, Washington, D.C., 112.

2. "Effect of Pornography on Women and Children," U.S. Senate Judiciary Committee, Subcommittee on Juvenile Justice, 98th Congress, 2nd Session, 1984, 227.

3. "The War Against Pornography," Newsweek, 18 March 1985, 60.

4. Final Report of the Attorney General's Commission on Pornography, ed. Michael McManus (Nashville, Tenn.: Rutledge Hill Press, 1986), 8.

5. Ibid.

6. Edward Donnerstein, "Pornography and Violence Against Women," Annals of the New York Academy of Science, 347 (1980), 277-88.

7. Edward Donnerstein, "Pornography: Its Effects on Violence Against Women," in Malamuth and Donnerstein, eds., Pornography and Sexual Aggression (New York: Academic Press, 1984).

8. Neil Malamuth, "Rape Fantasies as a Function of Repeated Exposure to Sexual Violence," Archives of Sexual Behavior, 10 (1981): 33-47.

9. Linz, Donnerstein, and Penrod, "The Effects of Multiple Exposures to Filmed Violence Against Women," Journal of Communication, 34 (1984): 130-47.

10. James Check, "The Effects of Violent and Nonviolent Pornography," Department of Justice, Ottawa, Canada, submitted June 1984.

11. Dolf Zillman and Jennings Bryant, "Pornography, Sexual Callousness, and the Trivialization of Rape," Journal of Communication, 32 (1982): 10 21.

12. Zillman, Bryant, Carveth, "The Effect of Erotica Featuring Sadomasochism and Beastiality of Motivated Inter-Male Aggression," Personality and Social Psychology Bulletin, 7 (1981): 153-59.

13. Dolf Zillman, "Effects of Prolonged Consumption of Pornography," a paper prepared for the Surgeon General's Workshop on Pornography and Public Health, Arlington, Va., 22-24 June 1986.

14. Dolf Zillman and Jennings Bryant, "Pornography, Sexual Callousness, and the Trivialization of Rape," Journal of Communications 32(1982): 15.

15. Larry Baron and Murray Strauss, "Legitimate Violence and Rape: A Test of the Cultural Spillover Theory," Social Problems 34 (December 1985).

16. Joseph Scott and Loretta Schwalm, "Rape Rates and the Circulation Rates of Adult Magazines," Journal of Sex Research, 24 (1988): 240-50.

17. David Alexander Scott, "How Pornography Changes Attitudes," in Pornography: The Human Tragedy, ed. Tom Minnery (Wheaton, Ill.: Tyndale House Publishers).

18. Berl Kutchinsky, "The Effect of Easy Availability of Pornography on the Incidence of Sex Crimes: The Danish Experience," Journal of Social Issues, 29 (1973): 163-81.

19. Dolf Zillman, "Pornography Research and Public Policy," in Dolf Zillman and Jennings Bryant, eds., Pornography: Research Advances and Policy Considerations (New York: Academic Press, 1989), 387-88.

20. Deborah Baker, "Pornography Isn't Free Speech," Dallas Morning News, 17 March 1989, Op. Ed. Page.

21. Testimony by John B. Rabun, deputy director, National Center for Missing and Exploited Children, before the Subcommittee on Juvenile Justice of the Senate Judiciary Committee, 12 September 1984.

22. W. Marshall, "Pornography and Sex Offenders," in Dolf Zillman and Jennings Bryant, eds.,Pornography: Research Advances and Policy Considerations (New York: Academic Press, 1989).

23. "The Men Who Murdered," FBI Law Enforcement Bulletin, August 1985.

24. Cass R. Sunstein, "Pornography and the First Amendment," Duke Law Journal, September 1986, 595ff.

25. Final Report, ed. McManus, xvii.

26. Interview with Dr. James Dobson with Ted Bundy in Starke, Florida, on 23 January 1989.

© 1997 Probe Ministries International
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Trecho traduzido de:
http://leaderu.com/orgs/probe/docs/pornplag.html

quarta-feira, 5 de maio de 2010

É verdade que não é saudável ficar sem se masturbar?


Por Jason Evert

Alguém no colégio me disse que não era saudável ficar sem se masturbar, e que isso a longo prazo podia fazer mal ao meu corpo. Isso é verdade?
***

Isso é um mito. Não há um “aumento” constante de “pressão” que venha fazer mal ao indivíduo se ele não se masturbar. Da próxima vez que ouvir alguma coisa do tipo, peça para a pessoa que mostre a pesquisa médica que dá suporte ao que ele está dizendo.

Se a evidência científica mostra alguma coisa, mostra que a masturbação é prejudicial tanto para homens quanto para mulheres. Se você já teve alguma aula de psicologia, provavelmente aprendeu sobre o cachorro da experiência de Pavlov. Ele era um cientista , e nesse experimento ele tocava um sino toda vez que estava prestes a alimentar o seu cachorro. Ao fazer isso, o cachorro passou a associar o sino com a comida, e começava a salivar com o som do sino. Isso é conhecido como resposta condicionada.

A mente humana pode ser treinada do mesmo modo. De fato, o centro de prazer do cérebro é a parte mais facilmente treinável da mente humana. Esse centro é chamado de Núcleo Pré-óptico Medial (NPM), e quando o corpo experimenta grande prazer, como no clímax sexual, essa parte do cérebro é recompensada. De acordo com uma pesquisa do Dr. Douglas Weiss (1), quando uma pessoa experimenta excitação sexual, o cérebro libera endorfinas que ajudam a treinar o NPM a associar prazer o que a pessoa estiver experimentando no momento do prazer, com o que ela estiver fazendo, olhando, cheirando, etc. Inconscientemente, a pessoa forma uma ligação entre o prazer sexual e uma particular imagem, cheiro, ou pessoa.

Essa ligação é posteriormente solidificada pela liberação de um neuropeptídeo chamado oxitocina, durante o prazer sexual. Isso também cria um vínculo entre as pessoas durante o ato sexual. Se uma pessoa estiver sozinha, ainda assim cria um vínculo mental com o que estiver fantasiando sobre. O mecanismo de vínculo é prejudicado pelo sexo casual (2). Essa descoberta científica lança novas luzes sobre as palavras de São Paulo: “Não sabeis que aquele que se une a uma prostituta torna-se com ela um só corpo? Pois está dito: ‘Os dois serão uma só carne’... Fugi da devassidão. Em geral, todo pecado que uma pessoa venha a cometer é exterior ao seu corpo. Mas quem pratica imoralidade sexual peca contra seu próprio corpo” (1 Cor 6, 16-18).

Quando uma pessoa experimenta um clímax sexual enquanto se masturba e fantasia outra pessoa em sua imaginação, ele está treinando seu cérebro para ser estimulado com as imagens de fantasia de sua própria mente. Se é isso que o cérebro de um homem ou de uma mulher passa a identificar como causa de prazer sexual, então onde fica a futura esposa ou o futuro esposo um dia? Eles não são fantasia, são seres humanos reais. Portanto, ao invés de ser capaz de usufruir de prazer com a pessoa real no leito matrimonial, o indivíduo treinado pela masturbação pode se sentir compelido a encontrar estímulo em fantasias interiores, mesmo enquanto tenta fazer amor com a esposa. Homens e mulheres podem procurar o adultério, boates para “adultos”, pornografia, ou uma luxúria desordenada um pelo outro, a fim de satisfazer seus “desejos”. Frequentemente, especialmente para os homens, o hábito da masturbação continua, na tentativa de lidar com as “necessidades” sexuais. Isso se torna um câncer no casamento.

Agora, isso não significa que você está condenado a um casamento com problemas, caso já tenha experimentado prazer sexual com alguém que não seu esposo ou esposa. Entretanto, isso quer dizer que você terá obstáculos a vencer, que as pessoas sem esse “passado” não terão. O cérebro pode ser “re-treinado”, mas vai levar tempo, de acordo com a profundidade do hábito que se formou.

Isso nos mostra que o plano de Deus para nossa sexualidade está estampado em nossa anatomia. Se as pessoas viverem de acordo com a verdade de Deus, seus corpos irão associar o prazer sexual com a figura do esposo ou esposa. Deus projetou nossos corpos para garantir a atração fisiológica entre um casal. Suas mentes foram treinadas dessa maneira. Como diz a Bíblia: “Preserva tua água para ti e não sejam teus sócios os estranhos. Seja bendita a tua fonte e alegra-te com a esposa da tua juventude: corça querida e gazela graciosa, suas carícias te inebriem em todo o tempo, e te alegres sempre no seu amor” (Provérbios, 5, 17-19).
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(1) Douglas Weiss, M.D. “The Final Freedom” (Forth Worth, Texas: Discovery Press, 1998). (2) Eric J. Keroack, M.D., FACOG and Dr. John R. Diggs Jr., M.D., “Bonding Imperative”, a special report from the Abstinence Clearinghouse Medical Council.

Trecho do livro: “If You Really Loved Me”, de Jason Evert (San Diego, Catholic Answers, 2003), págs. 124-126.

Eu quero entender o que tem de errado com a masturbação


Por Jason Evert

Para entender o que tem de errado com a masturbação, temos que compreender o objetivo e o sentido do sexo. Deus criou o sexo com o propósito da procriação e também da ligação amorosa. A masturbação não chega perto nem de uma coisa nem de outra. Ela apenas reforça o mito de que os homens “precisam” de gratificação e atividade sexual sempre que “desejam”. Se você parar para pensar, a masturbação é um tipo de “controle de natalidade” para pessoas que não têm “parceiro” sexual. Você quer o prazer, mas não quer seus efeitos: a criação de uma nova vida.

E quanto ao sentido do sexo, veja o que Deus planejou. Quando homem e mulher se casam, prometem um ao outro no altar que seu amor será livre, total, fiel, e aberto à vida. Quando eles fazem amor, estão “falando” um para o outro esses mesmos votos matrimoniais, só que com o próprio corpo. Seu amor é livre: não é forçado nem dirigido pela luxúria. Ele é total: até que a morte os separe; eles não prendem nada para si, nem mesmo a própria fertilidade. Seu amor é fiel: inclui a mente, olhos, e o coração, bem como o corpo. É aberto à vida: não é deliberadamente esterilizado. Considere tudo isso que o sexo deve ser; com tudo isso, pode-se ver que a masturbação não chega nem a ser uma sombra de amor.

A masturbação também prejudica sua habilidade de amar, porque você está se ligando a fantasias. Durante o prazer sexual, o cérebro libera epinefrina, que ajuda a “imprimir” as imagens sexuais na memória. Deus planejou você para uma só mulher, por isso Ele quis que suas imagens fossem “marcadas” em seu cérebro “a ferro e fogo”, mas somente a beleza de sua mulher. Quando fugimos desse planejamento, nos ferimos. É por isso que a Bíblia diz: “Em geral, todo pecado que uma pessoa venha a cometer é exterior ao seu corpo. Mas quem pratica imoralidade sexual peca contra seu próprio corpo” (1 Cor 6, 18).

Se um homem nunca supera o hábito da masturbação, o que vai acontecer quando ele se casar? Ao invés de fazer amor, ele vai usar sua mulher como um objeto para o que ele pensa ser suas “necessidades sexuais”. Antes do casamento, ele pode pensar: “Cara, vai ser legal quando eu me casar um dia, então vou poder experimentar tudo isso de verdade”. Mas se ele se casar mesmo, logo cai descobrir que o sexo conjugal não é a plenitude da pornografia nem da masturbação. Essas coisas são uma distorção do amor – são dominadas pela luxúria e pelo egoísmo, ao invés do amor e do altruísmo.

Se você olhar para as qualidades que uma mulher espera de um homem – coragem, altruísmo, força, honra, confiança – você vai descobrir que a masturbação é quase que o oposto disso tudo. Ao invés de crescer na confiança, a masturbação enfraquece a imagem que um homem tem de si mesmo. Ao invés de fazê-lo corajoso e forte, ele o rouba de sua coragem.

Deus não nos deu esse desejo sexual forte para gastarmos conosco mesmo e nos tornarmos escravos de nossas próprias fraquezas. João Paulo II, antes de se tornar Papa, disse: “Deus, que é Pai, que é Criador, pantou um reflexo de seu poder criador no homem... Devemos cantar hinos de louvor a Deus Criador por essa imagem dEle em nós – e não apenas em nossas almas, como também em nossos corpos.”(1)

Nosso mundo precisa desesperadamente da renovação da verdadeira paternidade, e não importa a que vocação somos chamados, devemos amadurecer nesse papel. A idéia de se tornar um pai pode parecer distante, mas as virtudes ou vícios que praticamos agora é que irão forjar quem seremos no futuro. Que possamos começar nossa batalha contra nossas tendências egoístas, e começar a aprender o auto-controle. Embora a masturbação possa ser um hábito muito tentador, ela pode – e deve – ser superada.
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(1) Karol Wojtyla, “The way to Christ” (San Francisco: Harper, 1982), 55-56.

Trecho do livro: “Pure Manhood”, de Jason Evert, págs. 27-30. (San Diego: Catholic Answers, 2007).