quarta-feira, 3 de maio de 2017

Testemunho de conversão

Olá!
Meu nome é D., neste ano de 2017 completarei 26 anos. Faço parte do movimento Renovação Carismática Católica (RCC) em uma Comunidade desde 2002. Meu ministério é o de em Cura e Libertação e atualmente coordeno um Grupo de Oração de minha Comunidade.


Sou o mais velho de um casal de filhos de uma família Católica, que hoje é pouco praticante. Cresci sendo levado por meus pais à Santa Missa e eventos de minha Paróquia até meus 9 a 10 anos, quando meus pais, a partir desse momento, tiveram um afastamento notável da Santa Missa e eventos de pastorais que eles participavam, como o Encontro de Casais com Cristo (ECC). Em minha infância já tinha tido um contato com a RCC pois minha mãe participou durante algum tempo.

Enfim, meu primeiro contato com a RCC realmente foi em 2002, a convite de uma amiga, que hoje é protestante. Ela me apresentou ao grupo de jovens, este mesmo que hoje tenho a missão e a graça de coordenar.

Nessa época, em 2002, eu já tinha experimentado álcool e dava meus primeiros passos a uma juventude desregrada. Já participando do grupo, o que mais me atraía eram as meninas e os amigos que lá eu fiz e que tinham os mesmos interesses que eu.

Nesse tempo, que durou de 2002 a 2006, eu só queria saber de “ficar”. Maquiávamos o “ficar” denominando-o de “missão” (onde sempre no final das reuniões do grupo dizíamos que depois do grupo teria “missão”, que era apenas “ficar” com as meninas nos becos/passarelas).

Houve um tempo em que tive de me afastar do grupo em virtude de um curso de informática que tive de fazer, mas sempre aparecia no final do grupo para ir às ditas “missões” com meus amigos. Nesse tempo as “missões” não ficavam só restritas aos finais de grupo, elas também ocorriam aos sábados, quando “íamos” à Santa Missa, e sempre ficava do lado de fora da Igreja. Não tinha nenhum amor e nem o mínimo de respeito por Jesus Eucarístico, pois enquanto se celebrava o Santo Sacrifício eu estava me entregando a satanás, ficando com uma ou mais meninas, e assim profanando o templo do Senhor. Nesse tempo dei início a uma vida de depravações e curtições.

Passado um tempo, por volta de 2006 e 2007, depois de algumas experiências espirituais e crescimento da maturidade, eu me engajei na Comunidade da qual hoje sou servo, e nesse tempo comecei a participar dos retiros do grupo e da Comunidade, os quais até então nunca tinha participado. Nesse tempo fiz toda uma caminhada disfarçadamente cristã. Ingressei no celeiro (grupo de perseverança) da Comunidade e cheguei em até discernir meu primeiro ministério, o de Intercessão (e como foi de Deus esse ministério, pois apesar de eu não ter perseverado, o Senhor fez em mim muitas maravilhas, que venho colhendo até hoje).

Nessa mesma época me interessei por minha atual noiva, T., e que modéstia à parte é linda. Eu já a conhecia de vista, já tinha dado “uma olhada”, e por obra divina, tempos depois me aproximei dela no grupo de jovens, onde ela começou a caminhar também. Quando a vi no grupo comentei com os amigos: “Carne nova no Pedaço”. A princípio pensava apenas em “ficar” com ela, em usá-la. Mal sabia eu que Deus já estava se utilizando dela para me ajudar.

Passado algum tempo, e depois de muitas tentativas falhas e de muita peleja, eu tentei engrenar uma primeira conversão. Tinha um ministério e já estava em uma caminhada de namoro com a T., minha atual noiva, caminhada esta que durou 10 meses (apenas de mãos dadas e selinhos roubados, que para alguns mundanizados são atitudes bem arcaicas, mas para o povo eleito é “Um namoro Santo”). O namoro até então vivido em santidade continuava, mas não tive muitas forças para lutar contra meus desejos e inclinações para o pecado, e aos poucos ia me deixando consumir por minha concupiscência. Depois de algumas batalhas sem êxito deixei o ministério, e engrenei em uma vida que muitos “católicos” frouxos vivenciam ainda hoje. Marcava constantemente de sair com os amigos do grupo, levando muitos à perdição. Consegui arrastar muitos, desviar do caminho certo (luto até hoje para trazê-los de volta); fazia festinhas em minha casa, as quais denominávamos de “reuniões”. E, como de costume, não podiam faltar bebidas alcoólicas, mulheres, essas meninas do grupo, e muito forró. Nesse tempo era tido por “ovelha negra”, e meu nome era tema de reunião até no conselho de minha Comunidade. O demônio tinha grande domínio em minha vida até então.

Já chegando em 2010, tive um novo afastamento do grupo de jovens e principalmente da Comunidade. Nesse tempo conheci novas amizades, fora do grupo, e com essas conheci e comecei a vivenciar novas “curtições”, essas bem mais intensas.

Até então ainda estava namorando, até que fui para a famosa “Vaquejada de Itapebussu”, onde foi o ponto chave para nosso término. Ela já estava sufocada com a vida que eu levava, e não era pra menos. Reclamava, e brigávamos sempre, até que quando cheguei da festa e fui na casa de minha namorada, começamos a discutir e usei disso para terminar o namoro, pois assim poderia dar total liberdade para o demônio agir em minha vida poderosamente. E então terminamos.

Nessa mesma época ingressei na faculdade e comprei minha moto. Daí pode-se imaginar a facilidade que tinha de me depravar cada dia mais. Pois bem, estava afastado do grupo, porque quando ia não me sentia bem; e me afastei de vez, sem namorada, com novas amizades no bairro e na faculdade, conhecendo cada vez mais novas realidades depravadas, o suficiente para me afundar inteiramente na lama do pecado, atado a satanás.

Ingressei em uma juventude intensamente desregrada, muitas festas de todo o tipo, gosto, gênero e grau; e com elas uma vivência sexual totalmente desregrada. Tornara-me um viciado em pornografia e orgias, essas praticadas em festinhas particulares, em sítios e casas de praia. Estava totalmente entregue ao vício que mais prende nossa juventude, a masturbação. Apesar de ter uma vida sexual ativa e desregrada (não faltavam “mulheres”), mesmo assim me masturbava diariamente, várias vezes por dia. Eu era um porco.

Passados 1 ano e 6 meses do término do meu namoro, atolado e imerso em todos esses pecados, T. e eu resolvemos nos dar uma nova chance, e reatamos o namoro. Só que foi um tiro no escuro, nada mudou. Muito pelo contrário, só aumentava minha dependência do pecado, pois muitas vezes saía da casa de minha namorada e ia direto para as “curtições”, desgraçar ainda mais minha juventude; e, é claro, não podiam faltar mulheres e bebidas. Nesse tempo estava tão cego e consumido pelo pecado que cheguei a ter um relacionamento com uma jovem que morava a mais ou menos 50 metros da casa da minha namorada.

Durante todo esse período, onde só me afundava cada vez mais no pecado, em diversas vezes corri risco de vida, quando retornava para casa embriagado pilotando minha moto, ou até mesmo quando nos envolvíamos em brigas. Mas o Senhor tinha algo guardado para mim, pois por diversas vezes me livrou da morte. Digo sempre que meu Anjo da Guarda foi quem me livrou por duas vezes de um acidente fatal, onde sobrei em uma curva, e em uma dessas estava sem capacete e embriagado. Mas a mão do Senhor e a proteção do meu Anjo da Guarda me livraram de algo pior. Só tive escoriações, nunca quebrei nenhum osso.

No dia 25 de Novembro de 2012 (ah esse dia...) o Senhor resolveu intervir em minha vida. Foi nesse período que eu tive meu encontro pessoal com Deus. Depois de muito falar, quando meu coordenador, L. (hoje atual coordenador de minha Comunidade), me perguntava quando eu voltaria, eu sempre lhe dava a mesma resposta: “Cara, um dia o Senhor vai me dar um golpe forte, que eu voltarei zonzo e de cabeça baixa.” E, para honra e glória do Senhor, essa profecia se cumpriu em minha vida. Assim como acontece com grande parte das pessoas, eu voltei para a casa do Pai pela dor.

Nesse final de semana de Novembro de 2012, do dia 24 para o dia 25, eu estava em mais uma de minhas “curtições” (mal sabia que seria a última de minha vida), era a comemoração de aniversário de um “amigo”, e nesse mesmo fim de semana T. recebeu um convite da comunidade para participar de um retiro. Bom, enquanto ela estava no retiro, eu estava chegando no fundo do poço, no chiqueiro dos porcos. Nesse sítio me embriaguei, tive relação sexual com uma jovem, fazia parte de uma orgia só vista em filmes pornográficos, mas desta vez era ao vivo e eu era o ator principal.

Passada a noite, depois de todo o acontecido, pensava ter sido apenas só mais uma curtição como muitas outras. Mas estava enganado. Chegando em casa, por volta das 7 horas, tomei banho e fui dormir. De repente, por volta das 8 da manhã despertei, e já me levantei em prantos, não entendia o que estava acontecendo comigo. Mal sabia eu que era a misericórdia do Senhor que me atingia, assim como atingiu Saulo. Eu chorava incontrolavelmente! Olhava-me no espelho e sentia um nojo inexplicável do meu próprio corpo, um nojo que nunca senti até hoje por nada neste mundo, a não ser por mim mesmo. Corria para o banheiro, tomava banho, e quando voltava e me olhava no espelho de novo, retornava rapidamente para me lavar, tentando de alguma forma me limpar de todos aqueles pecados que passavam como um filme rapidamente em minha mente. Eu perguntava ao Senhor, sem saber o que era aquilo que estava acontecendo comigo. Hoje tenho o discernimento de saber que era a nova oportunidade que o Senhor me dava, Ele que me resgatava do fundo do poço, a mim que me encontrava em meio a tanta lama e detritos. Ele me derrubava do cavalo e me chamava de volta, Ele estava de braços abertos a me amar, e eu me rendia e me DECIDIA VERDADEIRAMENTE por esse Amor inexplicável!

Depois de toda essa experiência com o amor de Deus, o Espírito Santo me impulsionou a ligar para meu coordenador e relatar, ainda em prantos, tudo o que tinha me acontecido, e que eu não queria mais retornar à vida que levava. Feito isso, o Espírito Santo me impulsionou a algo ainda mais ousado: contar com toda a sinceridade tudo o que acontecera em todo esse tempo para minha namorada. E mesmo sabendo que o término do namoro seria inevitável, o Santo Espírito me deu ousadia, e no dia seguinte (dia 26) conversamos. Ela brigou comigo de todas as maneiras que você possa imaginar. E não era pra menos. Feito isso, me senti aliviado, pois fui sincero e o fiz por amor a Deus e a ela.

Após essa maravilhosa experiência de conversão, dei início à minha caminhada de forma radical. Afastei-me de todos que me influenciavam no sentido contrário à minha fé, parei de beber, de escutar músicas seculares, etc.

Não foi fácil... Tinha semanas que todo dia estava no confessionário curando minha alma, ferida por mim mesmo por conta do vício da masturbação, um vício com o qual lutava com todas as forças pra me libertar. E durante meses nessa luta minha vida se resumia da seguinte forma: rezava, pecava, confessava, comungava e lutava para não cair. E, se caía, como caí várias vezes durante alguns meses, repetia o mesmo ciclo, e assim ia buscando minha santidade. Nesse período escolhi um diretor espiritual, que o próprio Senhor colocou em minha vida, e que foi de total importância para que eu me tornasse a pessoa que sou hoje, sem esquecer as orações da T., que depois passou a me ajudar bastante (e eu pude ajudá-la também).

Depois de mais ou menos 1 mês, reatamos o namoro, com total radicalidade e santidade. Cortamos as expressões de “carinho” excessivas, cortamos os deliciosos beijos de língua, pois toda vez que nos beijávamos o clima esquentava, e pra “baixar o fogo” só correndo. Falo muito para os jovens hoje essa frase que aprendi com um grande pregador: “Beijo de língua é igual a ferro de passar roupa... liga em cima e esquenta embaixo”.

Hoje uso do meu testemunho para mostrar aos jovens que, diferente do que o mundo nos fala, nós podemos SIM viver uma vida em santidade, e ter um namoro santo e casto.

Atualmente sou consagrado, sou um escravo por amor de Jesus pelas mãos virginais da Santíssima Virgem Maria pelo método de São Luís Maria Grignion de Montfort, que indico a todos aqueles que querem alcançar a santidade, pois foi por meio dessa escravidão que meu amor pela Santa Eucaristia, pela Santa Igreja e pela radicalidade do Evangelho aumentou gradualmente.

Assim caminhando, reatei o namoro, me decidi verdadeiramente por Deus, vivo uma intensa busca pela santidade. Ingressei novamente na minha Comunidade, ao qual amo, e sou e serei eternamente grato. Discerni meu ministério de Cura e Libertação e sou servo no grupo de oração. Noivei no dia 25/12/2014, com a bênção do meu diretor espiritual. Depois, eu e T. nos casamos no dia 23/09/2016 em uma cerimônia muito bonita, e estamos esperando nosso primeiro filho, José Diogo, que é uma das maiores bênçãos que o Senhor nos deu. Quando T. me disse que estava grávida foi um dos dias mais felizes da minha vida. E hoje caminhamos decididamente conforme o Senhor nos concede e aproveitando este tempo de gestação que é maravilhoso.

Peço ao Senhor Jesus, pelos méritos da poderosa intercessão da Santíssima Virgem, que este humilde testemunho ajude muitos Cristãos a buscar uma vida em santidade e que tomem consciência que nunca será em vão morrer para o mundo e viver somente para Deus!

Deus os abençoe poderosamente e que o Divino Amigo seja sempre seu guia!
Salve Maria Imaculada!


Rezem por este humilde servo para que persevere nesta árdua missão em busca da pátria amada, o Céu!

D.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

O golpe está preparado

Por Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

(STF está pronto para impor a nós a descriminalização do aborto)

Em 29 de novembro de 2016, quando a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal julgava um habeas corpus (HC 124.306-RJ)impetrado contra a prisão preventiva de uma quadrilha que praticava abortos em uma clínica em Duque de Caxias – RJ, o Ministro Luís Roberto Barroso, aproveitando-se da ocasião, fez em seu voto-vista um tratado de “direitos humanos” e concluiu que os réus deveriam ser soltos não apenas por razões processuais, mas por haver “dúvida fundada sobre a própria existência do crime” (sic). Segundo ele, os artigos 124 e 126 do Código Penal (que incriminam o aborto), deveriam ser interpretados “conforme a Constituição” (sic), a fim de excluir o aborto praticado nos três primeiros meses de gestação.

Mas a Constituição não protege o nascituro? Sem dúvida protege, admite Barroso. Mas protege do mesmo modo como protege a fauna, a flora e os monumentos históricos, ou seja, de maneira objetiva, como um bem a ser preservado, não como uma pessoa sujeito de direitos. Segundo o (des)entendimento do ministro, o nascituro não goza de proteção subjetiva da qual gozamos nós, pessoas, mas de uma proteção puramente objetiva. E mesmo essa proteção objetiva não é completa, mas varia ao longo da gestação. A proteção é maior quando a gestação está avançada e o “feto” (assim ele chama o nascituro) adquire “viabilidade extrauterina”. No início da gestação, porém, a proteção é ínfima. Tão pequena que Barroso considera um absurdo obrigar a gestante a não matar um bebê de poucas semanas (!). A proibição do aborto no primeiro trimestre feriria o direito da mulher à sua “autonomia”, à sua “integridade física e psíquica”, os seus direitos “sexuais e reprodutivos” e a sua igualdade com o homem (igualdade de “gênero”).
O lamentável voto de Luís Barroso foi acompanhado por Rosa Weber e Edson Fachin. Marco Aurélio e Luiz Fux também votaram pela soltura dos acusados, mas não se pronunciaram sobre a não existência do crime de aborto. Ou seja, a Primeira Turma do STF decidiu, por maioria, que não há crime se o aborto é praticado até o terceiro mês de gestação. No entanto, essa era uma declaração puramente incidental de inconstitucionalidade, e valia apenas para os acusados. Faltava estender essa declaração para todos os praticantes de aborto no primeiro trimestre e dar a ela um efeito vinculante.
Com este fim, no dia internacional da mulher (8 de março de 2017), o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) propôs diante da Suprema Corte a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442 (ADPF 442). Os argumentos são os mesmíssimos já usados pelo ministro Barroso, e o pedido refere-se exatamente aos artigos do Código Penal por ele citados (arts. 124 e 126). Pede-se que seja declarada a “não recepção parcial” de tais artigos pela Constituição de 1988, “para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção da gestação induzida e voluntária realizada nas primeiras 12 semanas”.

O que o PSOL fez foi imitar o que Barroso fizera em 2004, quando, ainda como advogado, ajuizou uma ADPF junto ao Supremo (a triste ADPF 54) para obter a descriminalização do aborto de anencéfalos “com eficácia geral e efeito vinculante”.
Adivinhe quem foi sorteada como relatora da ADPF 442: a ministra Rosa Weber, a mesma que já havia acompanhado o voto-vista de Barroso no habeas corpus julgado em 29 de novembro de 2016. Pode-se assim prever que o voto da relatora será pela procedência do pedido.


Por favor, leia o artigo na íntegra em: http://www.providaanapolis.org.br/index.php/todos-os-artigos/item/540-o-golpe-esta-preparado

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Beijo de língua, beijo na boca: é pecado ou não é?

O "beijo de língua" é comum entre casais de namorados, e muitos perguntam sobre ele, se é pecado ou não. A maior preocupação é saber "até onde posso ir" nas carícias do namoro, sem pecar. Esse assunto já rendeu um artigo do blog Revolução Jesus, da Canção Nova (1), e também no nosso blog já traduzimos um artigo do Jason Evert a respeito (2). 




Para explicar melhor a doutrina da Igreja a esse respeito, precisamos ter em mente sempre os três "pontos" que precisam ser analisados quando vamos determinar se uma ação é moralmente boa ou má. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, nos parágrafos 1750 a 1756 (3), lemos que: 

"A moralidade dos atos humanos depende:
 – do objeto escolhido; 
– do fim que se tem em vista ou da intenção;
– das circunstâncias da ação.
(...)
O objeto escolhido é um bem para o qual a vontade tende deliberadamente. É a matéria de um ato humano. 
(...) 
A intenção é um movimento da vontade em direção ao fim; diz respeito ao termo do agir. 
(...) 
As circunstâncias, incluindo as consequências, são elementos secundários dum ato moral. Contribuem para agravar ou atenuar a bondade ou malícia moral dos atos humanos." 

Para saber se um determinado ato é moralmente bom ou mau, devemos analisar esses três "aspectos", e todos eles devem ser bons, para que o ato seja bom, conforme o Catecismo:

"O ato moralmente bom pressupõe, em simultâneo, a bondade do objeto, da finalidade e das circunstâncias. 
(...) 
O objeto da escolha pode, por si só, viciar todo um modo de agir. Há comportamentos concretos – como a fornicação – cuja escolha é sempre um erro, porque comporta uma desordem da vontade, isto é, um mal moral. 
(...) 
Uma intenção boa (por exemplo: ajudar o próximo) não torna bom nem justo um comportamento em si mesmo desordenado (como a mentira e a maledicência). O fim não justifica os meios. Assim, não se pode justificar a condenação dum inocente como meio legítimo para salvar o povo. Pelo contrário, uma intenção má acrescentada (por exemplo, a vanglória) torna mau um ato que, em si, pode ser bom (como a esmola). 
(...) 
As circunstâncias não podem, de per si, modificar a qualidade moral dos próprios atos; não podem tornar boa nem justa uma ação má em si mesma." 

Agora vamos ver alguns exemplos dessa análise da moralidade dos atos, para que possamos depois explicar a situação do "beijo de língua". 


EXEMPLO 1: Um casal deseja beber uma taça de vinho para comemorar o aniversário de casamento, junto com a família, em uma festa. 

Vamos analisar os três pontos: 
A) OBJETO: BOM - Tomar uma taça de vinho não é, em si, pecado. 
B) INTENÇÃO: BOA - A intenção é comemorar o aniversário de casamento, se alegrar. 
C) CIRCUNSTÂNCIAS: BOAS - A ocasião de comemoração não traz nenhum problema.
RESULTADO FINAL: Como os três "pontos" analisados são bons, esse ato específico é moralmente bom. 


EXEMPLO 2: Um jovem decide ter relação sexual com uma garota antes e fora do casamento (fornicação). 

Vamos analisar os três pontos: 
A) OBJETO: MAU - Como explicado pelo Catecismo da Igreja Católica, a fornicação é intrinsecamente má, ou seja, má em si mesma. 
B) INTENÇÃO: DESCONHECIDA - Independente da intenção do rapaz, esse ato já pode ser condenado como mau. Não adianta a pessoa argumentar que tinha uma intenção boa. O rapaz poderia dizer, por exemplo, que tinha intenção de "fazer feliz" a garota, ou "mostrar como a ama", ou pode até mesmo prometer casar com ela no futuro. Nenhuma dessas intenções tem a capacidade de transformar seu ato moralmente condenável em um ato moralmente bom. 
C) CIRCUNSTÂNCIAS: DESCONHECIDAS - As circunstâncias, quaisquer que sejam, não alteram a moralidade ruim deste ato, já que seu objeto é mau. 
RESULTADO FINAL: Ato moralmente pecaminoso, já que seu objeto é mau. 


EXEMPLO 3: Um homem dá uma esmola com a intenção interior de seu coração de se vangloriar diante dos amigos da Igreja. 

Vamos analisar os três pontos: 
A) OBJETO: BOM - Dar esmola é um ato de caridade reconhecidamente bom, inclusive recomendado pela Igreja e pedido pelo próprio Jesus (cf. Lc 12, 33). 
B) INTENÇÃO: MÁ - A intenção de se vangloriar é má, e isso torna essa ação específica desse homem uma ação má, muito embora dar esmola, em si, seja louvável. Se, numa outra oportunidade, o homem desse esmola com a intenção correta no coração de ajudar o próximo, e por amor a Deus, então essa ação passaria a ser boa. 
C) CIRCUNSTÂNCIAS: DESCONHECIDAS - Quaisquer circunstâncias não fariam esta ação específica se tornar boa, já que foi "manchada" pela má intenção do homem em questão. 
RESULTADO FINAL: Ação moralmente ruim, devido à intenção do homem ser má, apesar de seu objeto (dar esmola), em si, ser bom. 


Agora vamos analisar a questão do beijo "de língua". 

EXEMPLO 4: Um casal de namorados resolver dar um "beijo de língua". 
A) OBJETO: BOM OU NEUTRO- O beijo, em si, enquanto contato físico, é uma carícia, que varia de significado de cultura para cultura. Mesmo quando é "na boca", guarda ainda essa característica de neutralidade. Alguns estudiosos poderão dizer que é um objeto neutro, outros poderão dizer que é bom. São diferentes formas de colocar a questão, mas o importante é frisar que ninguém sustenta que o beijo seja, em si mesmo, mau. 
B) INTENÇÃO: BOA ou MÁ? - Aqui está o centro da questão. Se a intenção do casal for boa, ou seja, se o seu coração não procurou o beijo meramente por luxúria, para obter prazer, mas sim para manifestar o apreço e o amor pela pessoa, pode-se sustentar que esse beijo específico foi moralmente bom. Porém, em outra oportunidade, se por exemplo o casal de namorados resolve se beijar por ter seu coração invadido por desejos inapropriados de luxúria, por querer obter prazeres ilícitos, com a intenção de provocar um contato mais íntimo que não é permitido no namoro, por querer "usar" a ocasião e a outra pessoa para sentir esse prazer, então esse beijo específico se torna um ato mau, no aspecto moral. Ou seja, se torna pecado. 
C) CIRCUNSTÂNCIAS: DESCONHECIDAS - Deixamos a análise das circunstâncias para um outro momento. As circunstâncias podem agravar ou atenuar a malignidade desse ato específico. 
RESULTADO FINAL: Depende da intenção da pessoa, Se a intenção do coração for boa, o ato específico é bom. Se a intenção for má, este ato específico será mau, apesar do objeto em si (beijar) ser bom. 

Precisamos também, para ampliar a discussão, analisar a situação descrita no artigo do Jason Evert (2), de um casal de namorados que decide não se beijar na boca, guardando esse momento para o casamento. A intenção do Jason Evert, com certeza, foi disseminar e incentivar a vivência da pureza, citando esse casal como uma espécie de exemplo de vivência da pureza. 


EXEMPLO 5: Um casal de namorados decide não se beijar na boca durante o namoro, guardando esse momento para o casamento. 
A) OBJETO: BOM - Não há nenhuma maldade em se abster do ato de beijar por um certo período de tempo. 
B) INTENÇÃO: BOA ou MÁ? - Aqui novamente está o centro da questão. Se a intenção do casal for boa, essa decisão deles é moralmente louvável. Consigo imaginar que um casal tome essa decisão, por exemplo, como uma espécie de "jejum", ou seja, um sacrifício temporário feito por amor a Deus, ou pela salvação das almas, ou pela conversão dos próprios corações. Imagino também um casal decidindo isso por precaução ante o medo de "passar dos limites", principalmente se supormos que os dois, ou um deles, tenha porventura uma especial dificuldade de viver a pureza, e possa facilmente se deixar levar pela "emoção do momento" e querer avançar para contatos mais íntimos que não são moralmente corretos no namoro. Nesses casos, a intenção dos dois é louvável, e ganha méritos diante de Deus. Por outro lado, pode ser o caso deles terem uma intenção errônea, como, por exemplo, no caso de os dois decidirem isso por querer se vangloriar diante dos amigos do grupo de oração, por querer ser considerados "mais santos". Nessa caso, apesar do objeto do ato ser louvável, esta decisão específica fica "manchada" pela má intenção do casal, e se torna moralmente reprovável. 
C) CIRCUNSTÂNCIAS: DESCONHECIDAS - Deixemos de lado, por enquanto, a discussão sobre as circunstâncias. 
RESULTADO FINAL: Depende da intenção das pessoas. Se a intenção for boa, este ato específifco será bom. Se a intenção for má, o ato será mau, apesar de seu objeto em si (abster-se de beijos "na boca") ser bom. (4)


Concluímos, então, que muitas pessoas não percebem a diferença entre a discussão do objeto do ato (ou seja, sua definição, de um modo geral), e a discussão da moralidade de cada ato particular, a qual leva em consideração também a intenção e as circunstâncias. Escrever um artigo para dizer que o "beijo de língua" não é pecado está teologicamente correto se o autor do artigo está se referindo ao objeto do ato. E normalmente está, porque não tem como saber a intenção do coração de cada um. Entretanto, penso que o autor deveria deixar claro que está falando do objeto do ato de modo geral, resssaltando que, apesar de ser bom em si, cada ato específico de beijar pode ser "manchado" por uma intenção maliciosa. Minha opinião é que os autores de artigos sobre o tema deveriam levar em consideração essa realidade, alertando sempre as pessoas para a importância da intenção do coração, da formação das consciências. 

Um jovem casal de namorados que examina sua consciência com retidão saberá quando é hora de parar com os beijos. Saberá qual a melhor forma de manifestar seu carinho discernindo as intenções de seu coração, e levando em conta as circunstâncias específicas. 

Por exemplo, um jovem rapaz que luta para vencer os pecados contra a castidade (pornografia, masturbação etc) pode ter bastante dificuldade em manter pura a intenção do coração quando está dando um "beijo de língua" na namorada. Já para a ela pode ser mais fácil, dependendo da situação de seu coração. Enfim, estou dando um exemplo para dizer que cada casal de namorados deve dialogar muito, formar suas consciências, e buscar viver a pureza de coração, tomando os cuidados necessários nesse ponto, podendo chegar até a abstinência de beijo, temporária ou definitiva (porque não?) se for preciso salvaguardar a reta intenção e a pureza da alma. 

Uma última palavra que gostaria de oferecer é sobre os julgamentos. Devemos evitar julgar a intenção dos outros, como o próprio Jesus nos ensinou (cf. Mt 7, 1). Somente Deus é capaz de ver o interior dos corações. Sobre a intenção do coração, a Igreja só pode dar direcionamentos gerais. Na verdade, é obrigação da Igreja orientar. Ela aconselha que todos formem sua consciência e procurem ter uma intenção pura. Mas somente a própria pessoa e Deus têm acesso ao que passa no interior de seu coração. Ao fazer um exame de consciência, a pessoa deve pedir a Deus a graça de se revelar a verdadeira intenção do coração, ou seja, que Deus possa lhe dar a graça de conhecer e reconhecer seus pecados. Caso sua consciência a acuse, a pessoa deve procurar um sacerdote para confissão. 

Voltando ao caso dos namorados que decidem se beijar só no casamento, digo que não podemos julgar porque, se porventura sabemos de um casal que decide esperar pelo casamento para se beijar, corremos o risco de julgar que fazem isso por serem "puritanos", ou por querer "ser mais santos que os outros". Eu já vi isso acontecer na prática. Só que não devemos agir assim. Somente Deus sabe a intenção de seus corações, e eles podem estar agindo com méritos diante de Deus. Algumas pessoas, ao saber de casais que decidem esperar para dar o primeiro beijo no altar, se sentem incomodadas, pois não acreditam que possa existir alguém tomando uma decisão dessas com reta intenção de coração. Não acreditam que possa existir tamanho grau de pureza. Acham que eles são "puritanos", ou "hipócritas", que na verdade estão com "desejos" pecaminosos enormes em seu interior, mas disfarçando com uma "máscara" de santidade exterior. 

Amigos e amigas, não cabe a nós julgar a intenção dos outros. Além do mais, pode ser que essa descrença na capacidade dos outros viverem a pureza revele, no fundo, ou uma descrença na própria capacidade de viver a pureza, ou a inexistência de pureza em si mesmo. 

Por outro lado, também, se sabemos que um casal se beija "de língua" com mais "intensidade", não podemos de antemão julgar que estão com desejos luxuriosos em seu coração, por mais que isso seja difícil. O que podemos (e não só podemos, devemos) fazer, nesse caso, é dar uma orientação sobre a formação da consciência, sobre o sentido de pecado, e aconselhar que possam fazer um exame de consciência mais atento com relação às intenções de seu coração. Assim, eles próprios, se for o caso, poderão se arrepender e se converter, de coração, procurando a confissão e mudando de atitude. Mudarão de comportamento porque saberão, de dentro para fora, a partir do próprio coração, que os desejos desordenados e luxuriosos são maus. 

Como podem ver, o assunto é complexo. Mas espero que esse artigo tenha contribuído para a discussão e para a formação de todos.

__________
Notas:
(4)  Imagino mais duas possibilidade para essa análise do casal de namorados que decide não se beijar na boca até o casamento: 
     a) Pode acontecer de o casal ter vontade em seu coração de ter "beijos de língua" tão somente por luxúria, alimentando desejos maliciosos, buscando sentir prazeres ilícitos para o namoro, mas na realidade deixar totalmente de se beijar por achar que o "beijo de língua" é pecado em todas as ocasiões, pois alguém lhes ensinou assim. Nesse caso hipotético, o coração dos dois já está impuro, pois já o próprio desejo de pecar pode ser considerado ruim (ver Mateus 5, 28). Mesmo que na realidade não se beijem "na boca" nunca, podem já estar pecando com o coração.
     b) Pode acontecer de o casal não ter esses desejos luxuriosos de sentir prazer que relatei no parágrafo anterior (e cf. Mt 5, 28), e deixar totalmente de se beijar porque alguém lhes ensinou que era sempre pecado. Nesse caso, o casal não teria culpabilidade, pois seu desejo de se beijar seria idôneo (como forma de manifestar carinho, não como busca de prazer). Se o casal continuar totalmente sem se beijar, não estará pecando, claro. Se souberem fazer dessa abstinência temporária sacrifício sincero de louvor a Deus, poderão ter méritos. Mas se o casal decidir se beijar, desde que mantida a reta intenção e pureza de seus corações, deve ser esclarecido a eles que não estariam pecando, nesse caso específico, para que eles não fiquem com um "peso" na consciência que não deveria estar lá.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Teologia do Corpo 004 - A Solidão Original

"É verdade que Deus nos criou com um propósito?". Os olhos dela pareciam não acreditar muito no que estava ouvindo.

"Sim, minha filha. Deus nos chamou para viver o amor." Respondeu Padre Felício (nome fictício).

"Eu não sei, Padre... Eu sou muito jovem, mas minha vida até aqui tem sido só um monte de confusão e... e..." - Gaguejou, e as palavras não conseguim sair de sua boca. Os olhos de Miriam (nome fictício) começaram a ficar cheios de lágrimas. "Às vezes eu tenho vontade de sumir, de viver na solidão, sabe?", concluiu dizendo as únicas palavras que lhe vinham na mente.

Seu namoro tinha acabado no último final de semana, e por isso tinha pedido ao Padre para conversar, pois estava muito triste. Tinham sido dias difíceis, pois tinha investido muito na relação com o Mateus (nome fictício), apesar dos constantes alertas de seus pais sobre o comportamento do rapaz. 

"Você está se sentindo sozinha, não é verdade?", perguntou o Padre. "Sim, claro, foi terrível principalmente no sábado, quando ele terminou comigo", respondeu ela. "Sentia muita vontade de estar com ele, simplesmente não sei..." As palavras fugiram de novo.



"Minha filha", disse o Padre, "todos nós fomos criados para o amor. O que você deseja é ser amada. Em última instância somente Deus pode preencher esse vazio que está no seu coração. Nessa vida passageira nunca seremos totalmente felizes, pois a felicidade está em Deus. Um dia, quando estivermos no céu, se Deus quiser, iremos nos sentir totalmente saciados, totalmente plenos, totalmente felizes e repletos de amor, pois veremos Deus face a face, e viveremos em comunhão com Ele, que é o próprio Amor. Enquanto isso, na terra, a solidão vai ser um aspecto de nossa existência que sempre vai estar ali. Você acha que pessoas casadas há 10, 20, 30 anos, nunca sentem momentos de solidão? Pois eu digo que sentem sim. Pode ser o casamento mais perfeito do mundo, ainda assim, por mais amor que a pessoa vivencie no relacionamento perfeito, ainda existirá uma dimensão de solidão em seu coração."

Miriam escutava atenta às palavras do Padre, que continuou: "No princípio, quando fez Adão, o primeiro ser humano, Deus lhe apresentou todos os animais para que Adão desse um nome a cada um. No final, Adão reclamou que não tinha conseguido encontrar nenhuma 'auxiliar', nenhuma pessoa que lhe correspondesse. Adão, nesse relato, representa a humanidade, ou seja, todos nós, seres humanos, homens e mulheres. Essa experiência por que passou Adão foi uma experiência de solidão. Veja que interessante, minha filha. Adão estava na presença de Deus, e na presença de todos os seres vivos, e ainda assim se sentiu sozinho. Deus fez Adão passar por essa experiência de solidão antes de criar Eva, e antes colocá-la Eva na presença de Adão. É como se Deus quisesse que Adão experimentasse o desejo de conhecer Eva. Todos nós vivenciamos esse desejo de entrar em contato com outra pessoa igual a nós na natureza. Está tudo no capítulo 2 de Gênesis. Leia quando chegar em casa. Guardamos um 'eco' dessa experiência original. Experimentamos esse desejo de comunhão. Por isso você está tão triste. Por que essa possibilidade de comunhão com esse rapaz se frustrou. Mas não fique triste. Viva na oração, na espera, no discernimento da pessoa que Deus tem preparado para você. Se não deu certo, talvez é porque não era para acontecer mesmo. Mas Deus vai lhe mostrar o caminho"

Miriam escutou com atenção. Trocaram mais algumas idéias, e no final ela saiu mais confortada. Pensou consigo mesmo que iria refletir melhor sobre a solidão, e aproveitar para entrar mais em contato com Deus.

Alguns anos se passaram. A última vez que falei com Padre Felício perguntei sobre aquela jovem. Ele me confidenciou que Miriam, agora adulta, estava noiva, e prestes a casar com um rapaz muito voltado para as coisas de Deus, com toda aprovação dos pais, e sem nenhum problema no namoro. Ela estava muito feliz, e mais madura. Agradeci ao Padre e fiquei feliz pela Miriam. Afinal de contas, se Deus nos fez passar pela solidão, assim como Adão ao nomear os animais, foi para depois nos mostrar a graça da comunhão, assim como fez com Adão ao criar Eva e mandar que os dois se unissem "em uma só carne!

Chastity Project: Blog com artigos em português!

Pessoal, vejam o blog do Project Chastity, no link abaixo, onde existem artigos em português.

Recomendo!



http://chastityproject.com/category/portugues/

O site é de Jason Evert e Crystalina Evert. Todos deveriam conhecer melhor os dois (que tem uma linda família) e o trabalho deles. Deus continue os abençoando sempre.


quinta-feira, 23 de março de 2017

Nunca podia imaginar que um biquini pudesse esconder tanto de mim

Por Kaylin Koslosky


Um  momento chave que me fez abrir os olhos para a modéstia no vestir aconteceu enquanto estava deitada em uma espreguiçadeira na beira de uma piscina, tomando banho de sol com meu novo biquini. Eu comecei simplesmente a observar a cena na qual estava imersa. Mulheres de todos os tamanhos e formas estavam caminhando por ali ao redor, ou deitadas como eu, com seus biquinis. Eu percebi que algumas meninas andavam com seus braços ao redor da barriga - uma insegurança que eu imediatamente entendi e me solidarizei, apesar de ter, eu mesma, um corpo bem trabalhado. Outras meninas jovens passavam confiantes pela piscina, como se nada demais estivesse acontecendo. Facilmente se percebia os olhares dos homens ao redor quando elas passavam.

Mas, em todas as situações, seja nas que caminhavam com confiança, seja nas inseguras, uma coisa começou a me deixou intrigada sobre todas. Nenhuma vez, em minhas observações naquele dia, eu cheguei a me perguntar "O que estaria sentindo aquela menina em seu coração hoje?". Ou: "Como seria sua personalidade?". Ou ainda: "Que sonhos ela deseja realizar na vida?". Nem uma vez sequer. Todos os meus pensamentos estavam direcionados para seu biquini ou para seu corpo. Enquanto mulher, isso significa apenas que eu estava me perguntando onde ela comprou aquele biquini, ou comparando meu corpo com o dela. Mas imagine o que deve ser para um homem! É difícil olhar para uma mulher usando quase nenhuma roupa e tentar ver a beleza de seu coração, quando é apenas a beleza do seu corpo que ela está transmitindo. Ou até mesmo quando ela está se escondendo por trás da beleza do seu corpo.

Então ali estava eu, tomando consciência de tudo isso, e ainda assim deitada, eu mesma, com meu biquini. Eu percebi que, se eu atraísse o olhar de um homem (o que eu muitas vezes pensava mesmo querer), isso jamais seria por qualquer outra razão que não meu corpo. Pare para pensar: como ele poderia se sentir atraído por outra coisa? Ele nem me conhece. Alguma coisa naquilo tudo me deixou com um sentimento de vazio no coração. E mesmo com relação a outras mulheres, eu percebi que a falta de roupas nos deixava vulneráveis a dolorosas comparações entre nós, em um mundo tão voltado para a beleza exterior.

(...)

Onde quer que você esteja nessa jornada em direção à modéstia, faça uma pergunta a si mesma: Que tipo de beleza eu estou revelando para o mundo? Revelar essa beleza está me levando para o caminho do amor que meu coração realmente deseja?

__________
Este é um trecho de um artigo do site Chastity Project. Para ler o artigo completo, clique em:
http://chastityproject.com/2015/10/i-never-knew-a-bikini-could-hide-so-much/

Teologia do Corpo 003 - O Plano Original de Deus

Qual o sentido da vida? Se Deus nos criou, qual era sua intenção? Essas perguntas são muito profundas para um resposta simples, mas baseado nos comentários de São João Paulo II sobre o Gênesis, podemos ter uma idéia parcial sobre uma intenção que Deus tinha em mente ao criar o ser humano.

As catequeses da Teologia do Corpo começam com S. João Paulo II citando o diálogo de Jesus com os fariseus: 

Alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e, para experimentá-lo, perguntaram: “É permitido ao homem despedir sua mulher por qualquer motivo?”  Ele respondeu: “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e disse: ‘Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne’? De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe”. Perguntaram: “Como então Moisés mandou dar atestado de divórcio e despedir a mulher?” Jesus respondeu: “Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi assim desde o princípio. Ora, eu vos digo: quem despede sua mulher – fora o caso de união ilícita – e se casa com outra, comete adultério”. (Mt 19, 3-9)

Com essa resposta, "Não foi assim desde o princípio", Jesus leva os fariseus a um reflexão sobre a intenção de Deus ao criar o ser humano. Lemos no Gênesis que Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, homem e mulher os criou. E, desde o princípio, destinou o homem para a mulher e a mulher para o homem, e ordenou que se unissem, criando uma comun-união no amor, a ponto de se tornarem uma só carne.

Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne. (Gên 2, 24)

Assim, temos pelo menos um aspecto muito importante do plano original de Deus para o ser humano. Podemos dizer, com base na Bíblia, que Deus tinha pelo menos uma intenção ao criar o ser humano: fazer com que homem e mulher vivessem uma união, que vivessem o amor.


Esse plano original de Deus para o amor humano significa exatamente isso: Deus "pensou" o ser humano para amar, para viver o amor. Esse plano original repercute em nós, que não estamos mais no princípio. Esse plano de viver o amor repercute em nossa consciência, em nossas emoções, em nossa mente, em nossos desejos.

Temos desejo de viver o amor. Nossa vida se torna sem sentido se não vivemos o amor, se não o experimentamos, se não fazemos dele nossa razão de viver. Deus é amor (cf. 1 Jo 4, 8). E nosso coração anseia pelo amor, e vive angustiado enquanto não repousa no amor, enquanto não repousa em Deus.

Diante dessa reflexão sobre os primeiros capítulos do livro do Gênesis e sobre esse plano original de Deus para o ser humano, no qual Deus nos cria para viver o amor, temos muitos pontos a considerar. Espero que você possa acompanhar nos próximos artigos da nossa série sobre a Teologia do Corpo.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Estatísticas sobre pornografia e jovens, casamento, atores / atrizes pornô, religião

Abaixo apresento algumas estatísticas sobre pornografia, tendo como fonte dois sites: um de uma ex-atriz pornô que deixou a vida antiga para hoje liderar um movimento que busca resgatar os atores/atriz desse meio; e outro do site de um software de bloqueio de conteúdo inapropriado. 

Só avisando, nosso blog não faz publicidade de nenhuma empresa ou pessoa, nem recebemos doações. Nosso interesse é divulgar informações importantes para jovens, pais, e para o público em geral, sobre a castidade e a defesa da vida, contra o aborto.

Na minha opinião, poderia ressaltar três conclusões importantes das estatísticas abaixo. Em primeiro lugar, a pornografia se tornou difundida amplamente, principalmente entre os jovens. Se você imagina que seu filho ou sua filha nunca seria capaz de ver pornografia, pense mais uma vez. A maioria dos jovens hoje tem contato fácil com esse material, com o advento da internet. O que acontece é que ninguém fala no assunto, mas ele está ali.




Em segundo lugar, os atores e atrizes que fazem sua performance nesses filmes e vídeos são, em sua maioria, pessoas que vem de famílias desestruturadas ou de uma realidade difícil, e a atuação nesses vídeos é altamente impactante psicologicamente, isso no aspecto negativo, claro, além da série de doenças e abusos físicos a que eles se expõem, principalmente as mulheres. Cada vez que você visualiza um site ou vídeo desses, você está contribuindo para a degradação física e emocional de um irmão ou uma irmã que compartilha a mesma humanidade que você.

Em terceiro lugar, é preciso criar uma cultura e um movimento que faça as pessoas ficarem alertas para essas realidades, para quem sabe no futuro criarmos condições para algum tipo de atividade de resistência a esse material. Não saberia dizer exatamente como, mas quem sabe campanhas de conscientização dos prejuízos, ou até mesmo o boicote ou a proibição desse tipo de conteúdo, visandoreduzir e desencoraja seu consumo e sua visualização.

Estatísticas sobre a indústria pornografia

  • 1 em cada 5 pesquisas em celular são por pornografia
  • 24% dos donos de smartphone admitem possuir material pornográfico no celular
  • O lucro da indústria pornográfica nos Estados Unidos em 2006 foi de $13 bilhões de dólares
  • 69% do conteúdo pay-per-view da internet é pornografia
  • Existem cerca de 420 milhões de webpages pornográficas, e 68 milhões de pesquisas diárias sobre o assunto em mecanismos de pesquisa
Estatísticas sobre visualização de pornografia por jovens
  •  9 em cada 10 rapazes são expostos a pornografia antes dos 18 anos
  • Em média, a primeira exposição dos homens a pornografia acontece aos 12 anos de idade
  • 28% dos jovens de 16 a 17 anos foram expostos à pornografia na internet de maneira não intencional
  • 6 de cada 10 meninas são expostas à pornografia antes dos 18 anos de idade
  • Em média, os homens são 543% mais propensos a ver pornografia do que as mulheres
  • 83% dos rapazes e 57% das garotas já viram sexo grupal online
  • 67% de jovens rapazes adultos e 49% de jovens mulheres adultas dizem que ver pornografia é uma maneira aceitável de expressar a sexualidade
  • A faixa etária que mais vê pornografia é composta pelos jovens entre 12 a 17 anos 
Estatísticas sobre a relação entre pornografia e casamento
  •  Homens felizes no casamento tem 61% menos chance de ver pornografia
  • 68% dos casos de divórcio involvem um dos cônjuges encontrando um amante pela internet
  • 56% dos casos de divórcio involvem um dos cônjuges tendo interesse obssessivo por sites pornográficos
  • 70% das esposas de maridos viciados em sexo pode ser diagnosticada com Transtorno de Stress Pós-Traumático
Estatísticas sobre os efeitos negativos na vida dos atores/atrizes pornô
  •  Análise de conteúdo dos 50 vídeos pornô de maior sucesso revela que 88% das cenas continham atos de agressão física, e 49% continham atos de agressão verbal 
  • Análise dos mesmos 50 vídeos revelou que 94% das agressões verbais e físicas contidas nas cenas dos filmes foi realizada contra mulheres
  • 79% dos atores/atrizes já usou maconha, e 50% já usou ecstasy
  • 70 atores/atrizes pornográficos cometeram suicídio
  • O principal método de suicídio nesses casos foi enforcamento
  • 228 atores/atrizes pornô morreram prematuramente devido a AIDS, drogas, suicídio, e homicídio, desde 2003
  • No total, 514 atores/atrizes pornô morreram precocemente de AIDS, suicídio, drogas, ou homicídio
  • A expectativa média de vida de uma estrela pornô é 36,2 anos
 Estatísticas sobre visualização de pornografia em relação a religião
  •  64% de homens cristãos e 15% de mulheres cristãs dizem assistir a pornografia ao menos uma vez por mês
  •  De 1351 pastores pesquisados, 54% tinham visto pornografia no último ano

Fonte:

https://www.shelleylubben.com/stats

http://www.covenanteyes.com/pornstats/

terça-feira, 21 de março de 2017

Teologia do Corpo 002 - Desejo bom e desejo ruim

Amanda (nome fictício) não saberia dizer há quanto tempo vem pensando naquele rapaz. Parece que todas as coisas da sua vida estavam rodando em torno dele. Se desse certo, tudo o mais daria certo. Se não desse em nada, toda sua vida seria em vão.

André (nome fictício) falou comigo ontem pela manhã, estava tenso e preocupado. Não conseguia parar de pensar naquela garota. Achava realmente que era a garota mais bonita que já tinha visto em toda sua vida. Não se achava nem digno dela, mas ao mesmo tempo parece que sua cabeça não conseguia tirar a imagem daquele rosto de seus pensamentos.

Será que alguma vez você já teve algum pensamento parecido com os de Amanda ou de André? Muitas vezes na nossa vida somos tomados pelo desejo de conhecer uma pessoa, de estar com alguém. Mas será que esse desejo não é pecado?

Na Teologia do Corpo um dos pontos fundamentais (e mais difíceis de entender), na minha opinião, é saber diferenciar o desejo santo do desejo malicioso. Às vezes é uma descoberta para alguns saber que existe um desejo santo. Para muitas pessoas, todo desejo é pecaminoso, e a castidade se alcançaria mutilando os pensamentos e desejos. Mas não é assim. 

É compreensível que, em uma sociedade tão sensualizada, tão pervertida, tão cheia de pornografia e luxúria, as pessoas passem a olhar com maus olhos para o desejo. Mas é preciso diferenciar: de que desejo estamos falando?

São João Paulo II comenta que o utilitarismo é o que está por trás do desejo libidinoso. Utilitarismo significa, em termos simples, "utilizar" alguém para seu prazer. Nesse caso, a outra pessoa se torna um mero objeto, que está ali para me dar prazer. Eu só recebo, só usufruo. Não partilho nada.

O contrário disso é o amor-doação. O amor que é entrega de si para a felicidade do outro. Se você tem desejo de estar com aquele rapaz ou aquela garota porque você realmente quer fazer a pessoa feliz, você está no caminho certo. Está no caminho do desejo santo. 

Claro que, se você ama de verdade aquela pessoa, vai querer estar junto dele ou dela por toda a vida, tendo a oportunidade de viver para fazer a outra pessoa feliz. O nome disso é casamento. Claro que casamento envolve sexualidade, filhos, procriação. E sexualidade envolve prazer. Você sabe disso. Mas não está procurando aquele relacionamento com o fim exclusivo de encontrar prazer. Esse prazer vem como um adicional. Um adicional agradável aos sentidos, e bem vindo, é certo. Mas, ainda assim, não é o principal.

Se por acaso meu esposo ou minha esposa sofre uma doença ou um acidente inesperado que desfigura sua beleza física ou deixa a pessoa incapaz de proporcionar prazer, por causa disso vou deixar de amar a pessoa? Se o marido ou a mulher avança na idade e a passagem do tempo não deixa de trazer suas consequências em termos de rugas e de decaimento da beleza corporal, por isso vou amar menos a pessoa?

Por outro lado, quem ama só o corpo da outra pessoa, não ama a pessoa inteira. Enquanto a pessoa está jovem, as coisas se mantêm, com base na pura atração física. Muitos chamam isso de "amor". Vem a idade, e a beleza começa a desaparecer. "Vamos fazer cirurgia plástica", dirão algumas pessoas. Sim, a cirurgia pode até atrasar mais alguns anos as marcas do tempo, mas não existe pessoa imortal. Será que as pessoas realmente precisavam daquela cirurgia? Será que não era medo de não ser realmente amada se deixasse de ser bela?

O amor verdadeiro traz consigo o desejo verdadeiro. Então, da próxima vez que estiver pensando sem parar naquele rapaz, ou naõ estiver conseguindo tirar a imagem daquela garota de sua mente, pare para refletir um pouco. Será que meu desejo é verdadeiro, ou é apenas busca de prazer? Será que eu quero realmente o bem daquela pessoa e estou disposto a sacrificar minha vida pela seua felicidade, ou será que estou apenas tendo uma tentação de usufruir luxuriosamente daquela beleza, daquela companhia?

São perguntas assim que podem ir aos poucos amadurecendo nossa consciência para o que é o verdadeiro amor. Não deixo de pensar que muitos jovens precisam urgentemente parar e refletir sobre muitas coisas relacionadas com o desejo. Não consigo deixar de pensar que o ambiente em que crescemos (escola, amigos, programas de TV, filmes etc) nos educa para o desejo libidinoso. Não educa para o desejo santo, o desejo de amar de verdade, de se doar, de se sacrificar, de estar junto... E também de ter gratificação (prazer etc) por estar com a pessoa? Sim, mas não só por causa disso, e sim principalmente por realmente querer o melhor para ele(a).

Resumindo, o desejo tem que estar ordenado para o bem, para o plano de Deus. Por exemplo, se você tem desejo por uma pessoa casada, com certeza isso não é plano de Deus! Tire esses pensamentos da cabeça! Se você tem desejos que identifica como luxuriosos, pensando somente em prazer e aspectos corporais, cuidado, pois pode ser pecado sim, por não estar ordenado para o bem daquela pessoa, mas somente para sua satisfação sensual. Por outro lado, se o seu desejo te leva a querer conhecer a pessoa, amando-o(a) de verdade cada vez mais, fazendo surgir em você, além da admiração da beleza da pessoa, o desejo de entregar sua vida pela felicidade dele(a), é mais provável que você esteja num caminho melhor.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Disney apresenta momento gay em "A Bela e a Fera"

Com lançamento recheado de expectativa, e com grandes bilheterias no mundo todo, neste mês de março de 2017, o novo filme da Disney, um remake de "A Bela e a Fera" com atores reais, apresenta um enredo secundário gay.

Pela primeira vez nos filmes da Disney, um diretor abertamente explica, em entrevista, a clara intenção de mostrar uma história gay. Ainda que não tenha cenas explícitas, a intenção é clara.

Bill Condon, o diretor de "A Bela e a Fera", disse em entrevista à publicação gay britânica Attitude Magazine que: "LeFou (um serviçal do personagem Gaston) é alguém que um dia que ser Gaston, e no outro dia quer beijar Gaston". Ele continuou dizendo que: "Ele está confuso sobre o que quer... É alguém que está percebendo que tem esses sentimentos... Mas é um momento gay muito legal, exclusivo, em um filme Disney".

O diretor Bill Condon continuou esclarecendo abertamente que: "é um momento divisor de águas para a Disney... O estúdio está mandando a mensagem de que isso é normal e natural, e essa é uma mensagem que será escutada em todos os países do mundo, mesmo em países onde ainda é socialmente inaceitável ou mesmo ilegal ser gay."

Ao mesmo tempo em que o diretor desse remake de "A Bela e a Fera" fez declarações abertas em prol do movimento gay, surgem notícias de que desenhos produzidos e transmitidos pelo canal Disney XD apresentam beijos entre personagens do mesmo sexo. O desenho "Star vs the Forces of the Evil", voltado para crianças e adolescentes, reportadamente apresentou cenas onde casais gays se beijam enquanto uma banda toca a música "Best Friends".





Ainda sobre "A Bela e a Fera": por causa dessa sub-história gay, o filme foi proibido na Rússia para menores de 16 anos. Alguns cinemas se recusaram a exibir o filme, como o Henagar Drive-In Theater, em Alabama, Estados Unidos. Na Malásia, o filme foi permitido, mas censurado: a cena gay tinha que ser cortada. Então a Disney decidiu bloquear a distribuição  no país. Ou seja, na Malásia, nada de "A Bela e a Fera". Já na Itália dois críticos ligados à Conferência dos Bispos do país não opuseram restrições ao filme. Nos Estados Unidos, o site "Life Site News" está propondo uma campanha de boicote ao filme, que já alcançou 128 mil assinaturas, e também divulgando uma pesquisa do grupo "Faith-Driven Consumer" (Consumidores guiados pela fé) no qual 95% dos 6.700 entrevistados revelaram estar menos dispostos a ver o filme "A Bela e a Fera" nos cinemas por causa do conteúdo gay, e boicotar produtos Disney.

Fontes:





P.S.: Estou pensando em criar um espaço aqui no blog para críticas de filmes a partir de uma visão cristã. O objetivo seria ter uma equipe de pessoas, maduras na fé, dispostas a assistir os filmes que entram em cartaz nos cinemas, e comentar para o público alertando para certos pontos inadequados relacionados, entre outros, à linguagem obscena, cenas explícitas de sexo etc. Isso serviria primeiro para os pais estarem cientes do que estão mostrando a suas crianças. E também para os adultos, para criar um senso crítico com relação aos conteúdos dos filmes. Em última instância, caso a pessoa considere que aquele conteúdo ofensivo demais, pode evitar o filme. Se alguém estiver interessado no projeto, mande um e-mail para vidaecastidade [arroba] gmail [ponto] com

quinta-feira, 16 de março de 2017

Teologia do Corpo 001 - Criados para o Amor

Leandro (nome fictício) me chamou no canto, depois de uma palestra, e pediu para conversar um pouco. Jovem, de cabelos negros, devia ter uns 16 ou 17 anos. Soube depois que uma pessoa exemplar no grupo de oração. Não tinha namorada, e estava discernindo uma possível vocação sacerdotal.

"Sabe qual o problema?", perguntou ele. "Eu não consigo entender como é que Deus pode ter colocado na gente tantos... tantos... impulsos sexuais... se é que você me entende... se no final das contas não podemos fazer nada, que tudo é pecado..."



Depois que ele falou, percebi em seu olhar um misto de dúvida, perplexidade, e um início de desesperança. Pensei que talvez esse conflito já fizesse parte de sua vida há algum tempo. Não pude deixar de sentir compaixão pelas suas dúvidas, mas também senti tristeza pelas pessoas que poderiam tê-lo orientado ao longo da vida, mas não o fizeram: pais, professores, figuras religiosas.

Talvez você já tenha passado pelo que nosso personagem fictício passou. Talvez você não esteja sozinho. O que vou escrever aqui não é exatamente o desenrolar daquela conversa. Deixo as particularidades para a intimidade do coração de nosso personagem. O que desejo é trazer alguma luz para a situação.

Sim, é verdade que Deus nos fez seres sexuados. Temos um sexo. Masculino ou feminino. Sim, é verdade que Deus colocou em nós os desejos e impulsos sexuais. Na verdade essa foi minha primeira grande descoberta quando comecei a estudar a Teologia do Corpo. 

Nela, São João Paulo II começa nos levando de volta para o início, para o Gênesis. Quando Deus criou o ser humano, Ele tinha um plano em mente. Nesse plano, estava incluído o ser homem e o ser mulher. Não é mesmo extraordinário pensar que existem essas duas "formas" (digamos assim) de ser humano, e que elas sejam complementares? Que o corpo do homem e da mulher foram feitos um para o outro? 

Na minha opinião, o fato mais importante do relato da Criação é o chamado que Deus faz ao ser humano para que viva em unidade: "O homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, e os dois se tornam uma só carne" (Gn 2, 24). É uma ordem expressa de Deus, e um convite à união. Homem unido com mulher, casal que se une e se torna uma só carne. Tudo isso já estava no projeto original de Deus.

Nada mais justo que esperar a presença da atração do ser humano pelo outro sexo: atração do homem pela mulher, e da mulher pelo homem. Atração sexual, porque é uma atração entre os sexos.

Mas, voltando à pergunta do nosso amigo: porque ter essa atração se tudo relacionado a sexualidade é pecado?

Para responder, primeiro é preciso reconhecer que nem tudo é pecado. Infelizmente vivemos numa sociedade com tantos problemas morais, tanta pornografia, sensualização banal, que temos a tentação de rejeitar tudo como sendo pecado. Mas é preciso discernir que o pecado não está no corpo do ser humano, nem na atração, mas sim está na distorção e no mau uso que fazemos da sexualidade.

O plano de Deus é que homem e mulher se unam em uma só carne. A isso damos o nome de matrimônio, uma realidade tão sagrada que foi elevada à categoria de sacramento. Quando um homem deixa seu pai e sua mãe e se une à mulher escolhida, temos um matrimônio, inicia-se uma nova família. Isso não é pecado. A vivência da relação conjugal entre cônjuges não é pecado. É plano de Deus. As distorções, como pornografia, sexo desenfreado antes e fora do casamento, tudo isso é pecado, justamente por serem distorções do plano de Deus.

Não é verdade que Deus proíbe a sexualidade. Não é verdade que a Igreja só vê pecado na sexualidade. Pelo contrário, Deus (e a Igreja) consideram a sexualidade humana algo muito sagrado e querido por Deus desde o plano original da criação do ser humano, e por isso tanta proteção para com o matrimônio. Proteção, sim. Daí vem a denúncia das distorções que nos afastam desse projeto de Deus.

Infelizmente, cada vez que imoralidades e contatos sexuais fora ou antes do casamento acontecem entre jovens, é mais um pouco da sacralidade do matrimônio que é vilipendiada, é mais um pouco da beleza do casamento sendo desprezada e aviltada. 

Mas, então, enquanto jovem que ainda não se casou, como nosso amigo Leandro pode aprender a viver esse momento de espera antes do casamento? Ou ainda, se por acaso ele tem vocação sacerdotal, como viver essa atração natural que Deus nos dotou em uma vida inteira de celibato pela causa do Reino dos Céus? Para tudo isso São João Paulo II dedicou muitas linhas de sua Teologia do Corpo, que poderemos discutir mais na frente. Por agora, basta saber que não só é possível, como é o único caminho realmente dignificante e feliz para o ser humano. Esse caminho é o caminho do amor verdadeiro. Aprender a viver o amor é o único caminho realmente digno para o ser humano. 

E, na verdade, é o caminho que nosso coração deseja ardentemente. É o que nosso coração tão calorosamente procura nos momentos mais pessoais de nossa vida, nos momentos que nos definem.

Então, concluindo, Deus, em seu plano original, não nos criou para a solidão. Ele nos criou para a união, para a comum-união, para o amor. E colocou em nosso coração esse desejo.

Vamos ter oportunidade de aprofundar mais esse assunto nos próximos artigos. Até lá!

Morrre Norma McCorvey

Por Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Disponível em: http://www.providaanapolis.org.br/index.php/todos-os-artigos/item/538-morre-norma-mccorvey

(com uma falsa alegação de estupro, ela obteve a liberação do aborto nos Estados Unidos)

No dia 18 de fevereiro deste ano, Pe. Frank Pavone, Diretor Nacional de “Priests for Life” (“Sacerdotes pela vida”), noticiava em um e-mail a morte de sua amiga Norma McCorvey, aos 69 anos de idade.


Conhecida como Jane Roe, Norma tinha 21 anos quando em 1969 descobriu que estava grávida de seu terceiro filho. Desejosa de fazer um aborto na cidade de Dallas, Texas, EUA, inventou a história de que havia sido estuprada por uma gangue. Então duas advogadas recém-graduadas, Linda Coffee e Sarah Weddington, que estavam à procura de uma mulher grávida desejosa de abortar, ofereceram-se para representá-la em juízo contra o Estado do Texas (cuja legislação proibia seu aborto), representado por Henry Wade, procurador do Condado de Dallas.

Em 1970 estava criado o caso “Roe versus Wade”, que subiria até a Suprema Corte e resultaria na tristemente célebre sentença de 22 de janeiro de 1973, dando vitória a Roe por sete votos contra dois. Norma não fez aborto. Antes que o processo encerrasse, ela deu à luz e encaminhou a criança para adoção. Mas foi por causa dela (e da mentira por ela inventada) que a Suprema Corte declarou inconstitucional a legislação do Texas que incriminava o aborto. E foi mais adiante:

Afirmou, de fato, que qualquer lei estadual que proibisse o aborto para proteger o feto nos primeiros dois trimestres de gravidez - antes do sétimo mês - era inconstitucional. (...) De um só golpe, em Washington, um tribunal de nove juízes que haviam sido nomeados e não eleitos para seus cargos, e que nem foram unânimes em sua decisão, mudara radicalmente as leis de quase todos os cinquenta estados norte-americanos[1].

A decisão fundou-se, por um lado, no direito da mulher à “privacidade”, por outro lado, na negação da personalidade da criança por nascer. Para declarar que o nascituro (unborn) não era pessoa, e que, portanto, não tinha direito à vida, a Suprema Corte usou o mesmo texto da emenda que outrora havia proibido a escravidão. Dizia tal emenda que “... todas as pessoas, nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos (...) são cidadãos dos Estados Unidos...” (destacou-se). Ora, como o nascituro não é nascido nem naturalizado, então ele não é cidadão dos Estados Unidos. Assim, ele não goza de nenhum direito! Por meio desse artifício, o Tribunal declarou que a personalidade legal não existe nos Estados Unidos antes do nascimento: “... a palavra ‘pessoa’, como foi usada na 14ª Emenda, não inclui o nascituro.”[2]

Além de declarar inconstitucional qualquer lei estadual, como a do Texas, que proibisse o aborto inclusive até o sexto mês de gravidez, a Suprema Corte declarou que o aborto poderia ser permitido até o momento do nascimento, desde que o médico o julgasse necessário para preservar a saúde da mãe. O conceito de saúde foi estendido ao extremo, compreendendo o completo bem-estar físico e psicológico da gestante. Acerca disso, transcreva-se o voto do juiz relator Blackmun:

A maternidade, ou uma prole adicional, pode forçar a mulher a uma vida e a um futuro angustiados. O dano psicológico pode ser iminente. A saúde física e mental pode ser sobrecarregada pelo cuidado do filho. Há ainda a angústia, para todos os envolvidos, associada ao filho indesejado, e há o problema de trazer uma criança a uma família já incapaz, psicologicamente e por outros motivos, de cuidar dela. Em outros casos, como neste [o de Jane Roe], as dificuldades adicionais e o contínuo estigma de mãe solteira podem estar envolvidos. Tudo isso são fatores que a mulher e seu médico responsável necessariamente levarão em conta na consulta.[3] (destacou-se).

Com esse conceito tão amplo de “saúde”, a partir de 1973 qualquer mulher estadunidense pôde abortar simplesmente por alegar que a gravidez, sendo indesejada, causava-lhe um mal-estar psicológico, e assim, prejudicava a sua “saúde” psíquica. Estava liberado na prática o aborto por simples solicitação da gestante: o aborto a pedido (abortion on demand).

Falso estupro revelado

Em 1987, Norma McCorvey reconheceu, em entrevista televisiva com Carl Rowan, que a história do estupro tinha sido completamente inverídica[4].

Sarah Weddington, uma das advogadas de Roe versus Wade, explicou em um discurso feito no Instituto de Ética da Educação, em Oklahoma, por que se utilizara da falsa alegação de estupro até que o caso chegasse à Suprema Corte: “Minha conduta pode não ter sido totalmente ética. Mas eu fiz por que pensei que havia boas razões”[5].

Norma tornou-se um ícone do movimento pró-aborto (chamado “pro-choice”, que significa “pró-escolha”) e passou a trabalhar na indústria do aborto.

Conversão à vida

Sua conversão ocorreu quando a Operação Resgate (um grupo pró-vida que atua nas portas das clínicas de aborto) mudou-se para um prédio do outro lado da rua da clínica onde ela trabalhava, em Dallas. Inicialmente ela reagiu com violência, mas pouco a pouco passou a sentir simpatia pelos militantes pró-vida.

Em 8 de agosto de 1995, Norma McCorvey foi batizada pelo Pastor Flip Benham, Diretor Nacional da Operação Resgate[6]. No entanto, ela ainda se dizia favorável ao aborto no primeiro trimestre de gestação. Ouçamo-la em seu livro “Won by love” (1998) (“Vencida pelo amor”) dizer o que aconteceu:

Poucas semanas depois da minha conversão, eu estava sentada no escritório da Operação Resgate, quando notei um cartaz de desenvolvimento fetal. A progressão era tão óbvia, os olhos eram tão doces. Meu coração se feriu, somente de olhá-los.
Corri para fora e finalmente despertei: “Norma,” disse a mim mesma, “eles estão certos”. Eu tinha trabalhado com mulheres grávidas por anos. Eu mesma tinha passado por três gravidezes e três partos. Eu deveria ter sabido. Algo ainda no cartaz fez-me perder a respiração. Continuei olhando a figura daquele minúsculo embrião de dez semanas, e disse a mim mesma: aquilo é um bebê!
Foi como se antolhos caíssem de meus olhos e de repente eu compreendi a verdade: aquilo é um bebê!
Senti-me “esmagada” pela verdade daquela percepção. Tive que enfrentar a terrível realidade. O aborto não era de ‘produtos da concepção’. Não era de ‘menstruações perdidas’. Era de crianças sendo mortas no ventre de suas mães. Durante todos aqueles anos eu estava errada. Ao assinar aquele depoimento, eu estava errada. Ao trabalhar em clínicas de aborto, eu estava errada. Não mais essa coisa de primeiro semestre, segundo trimestre, terceiro trimestre. O aborto – em qualquer ponto – era errado. Era tão claro. Dolorosamente claro[7].

Em 27 de agosto de 1998, Norma ingressaria na Igreja Católica, recebendo a Comunhão Eucarística e a Confirmação, esta última administrada pelo Pe. Frank Pavone[8].

Em um vídeo de um minuto produzido em 2013, Norma McCorvey dizia: “Depois de conhecer a Deus, eu percebi que o meu caso [Roe versus Wade], que legalizou o aborto a pedido, foi o maior engano da minha vida”[9].

Leiamos o que escreveu Pe. Frank Pavone na mensagem em que noticiava a morte de sua amiga:

Apesar do peso em seu coração pelo assassinato de 58 milhões de crianças desde a sentença Roe versus Wade, ela sempre soube como tomar a mão do Senhor e deixar sua graça levantá-la. Ela experimentou o programa do retiro das Vinhas de Raquel[10] para ajudá-la a sarar suas feridas (embora ela mesma nunca tenha feito um aborto), e dedicou-se de todas as maneiras a pôr um fim à tragédia do aborto.

Amigos, a história de Norma continuará viva. É uma história de esperança. Se ela pôde se converter e encontrar perdão por seu envolvimento com o aborto, então qualquer um pode. E se ela pudesse dizer alguma coisa agora para o mundo, estou convencido de que seria: “Aprendam minha história e tenham esperança”.

Anápolis, 13 de março de 2017.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis


[1] Ronald DWORKIN. Domínio da vida, São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 7.
[2] UNITED STATES OF AMÉRICA. Supreme Court. Roe v. Wade. Appeal from the United States District Court to the Northern District of Texas. BLACKMUN, J., Opinion of the Court, 22 Jan. 1973, Washington, DC. Disponível em: https://www.law.cornell.edu/supremecourt/text/410/113
[3] Ibidem.
[6] Cf. Steven WALDMAN; Ginny CARROL, Roe v. Roe. Newsweek, New York, 21 Aug. 1995, p. 24.