sábado, 30 de outubro de 2010

Castidade significa dizer “sim”!

Por Robert Colquhoun

A castidade é a virtude de encontrar e viver o amor no contexto da sexualidade. As virtudes nos apontam para a perfeição da vontade que controla nossas ações e paixões. Estas, por sua vez, nos levam à felicidade, estabilidade, espontaneidade e segurança. João Paulo II uma vez disse que “a castidade só pode ser pensada em associação com a virtude do amor.” [1] Nas encruzilhadas entre a cultura da vida e a cultura da morte, a virtude da castidade aponta para a pureza, a criatividade e a segurança. Deus nos dá um dom de pureza de coração se nós amamos e guardamos seus mandamentos (Jo 14, 15), pois a castidade e o auto-controle são um dom do Espírito Santo (Gal 5, 23-24). Essa pureza pode ser alcançada como fruto da oração, especialmente quando se pede essa virtude a Deus com humildade.





Ao promover a virtude da castidade, é vital transmitir que a virtude da pureza não é primeiramente um “não” para o sexo fora dos planos de Deus, mas antes de tudo um “sim” para o amor autêntico. A virtude da pureza primeiramente e acima de tudo afirma e celebra a bondade dos nossos corpos e o dom do sexo. Não é uma repetição repressiva de um “não”, mas um contínuo “sim” a Jesus. Maria nos oferece o exemplo perfeito de amor e obediência ao dizer: “Seja feito segundo a vossa vontade” (Lucas 1, 38). Quanto mais imitamos seu “sim”, mais alegria e paz deixamos entrar em nossas vidas. Se não somos capazes de dizer “não” ao sexo [fora dos planos de Deus], de que vale nosso “sim”?

Viver uma vida de castidade autêntica significa que será bem mais fácil cuidar e alimentar seu futuro casamento do que prazeres passageiros. Viver uma vida casta nos relacionamentos ajuda os casais a expressar a intimidade de modo que não é necessariamente físico. Essa intimidade ajuda as pessoas a serem elas mesmas. Uma intimidade não sadia faz os casais se sentirem como se estivessem perdendo sua identidade.

Mais do que tentar viver a vida tentando não ofender a Deus, devemos viver a vida tentando glorificá-lo. Cada um dos atos de nossas vidas pode ser considerado um ato de louvor a Deus. As leis de Deus existem porque Ele nos ama e deseja que participemos desse amor. Devemos nos concentrar no “sim” ao amor verdadeiro, mais do que ficar obcecado em dizer “não” ao pecado. Deus inventou o sexo; Ele nos criou. É por isso que “Quando você decide viver uma vida santa, a castidade não vai ser um peso para você: será uma coroa de triunfo.” [2]

Não existe “camisinha” para o coração nem para a alma. A própria definição de tentar fazer “sexo seguro” é uma total contradição de termos. O sexo foi criado para ser uma doação total de vida, de si mesmo. “Segurança” normalmente é um ato contra um inimigo, e não contra uma pessoa amada de convívio mais próximo. Uma barreira no relacionamento é um obstáculo à comunicação e à intimidade.

Uma vida casta é livre da poluição e da esterilidade da cultura da morte. O grande segredo que as pessoas jovens precisam descobrir é que a castidade é recompensadora, cheia de alegria, e favorece uma verdadeira experiência de amor! Os corações dos jovens sentem um “desejo de uma generosidade maior, mais comprometimento, um amor maior. Esse desejo por mais é característico da juventude; um coração que está no amor não calcula, não inveja, que dar de si mesmo sem medida.” [3] Sem dúvida esse amor requer sacrifício e pode ser exigente, às vezes.

Programas de educação sexual devem transmitir a idéia de que o sexo é belo e bom dentro dos limites do matrimônio. Deve ser ensinado que o objetivo do sexo é o estreitamento dos laços e da união entre o casal e a procriação de filhos. Devem também ressaltar os problemas e perigos da fornicação, e explicar e informar a distinção entre amar e usar alguém. Viver autenticamente na castidade e na pureza é uma coisa que não pode ser imposta através do medo, circunstâncias, ou escondendo fatos. Esses pontos não são uma boa introdução para a compreensão de uma vida casta. Os jovens e adolescentes estão cada vez mais sendo educados pela mídia, que não necessariamente tem em mente o melhor interesse de seus espectadores. Os pais e os responsáveis devem ser os guardiões de um uso responsável da mídia por parte dos filhos.

Viver uma vida casta verdadeiro traz liberdade, respeito, amizade, segurança e romance. Enquanto uma forma de auto-domínio e temperança, nos ajuda a imitar a fidelidade de Deus e nos ajuda a amar com ternura. George Weigel disse que a Teologia do Corpo, de João Paulo II é uma “bomba relógio teológica”, esperando para ser detonada, e minha esperança sincera é que seus ensinamentos sejam progressivamente descobertos e vivenciados neste século XXI. O aprendizado desses ensinamentos por parte das novas gerações as ajudará a amar as outras pessoas ao invés de usá-las, ajudará a prevenir a destruição da vida humana, e também evitar que os corações sejam feridos e machucados.

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[1] Karol Wojityla, Amor e Responsabilidade, Collins and Son publishers, London, 1981, p170.
[2] Josemaria Escriva, Caminho, Holy Purity, no. 123.
[3]Pope John Paul II, address, 18 May 1988, Asuncion, Paraguay. As quoted by Pedro Beteta.
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Traduzido de: http://catholicexchange.com/2010/10/06/134698/

sábado, 16 de outubro de 2010

Vale a pena esperar pelo casamento e guardar abstinência

Meu marido e eu frequentamos o mesmo colégio, mas nessa época havia pouco interesse entre nós. Foi na universidade, quando compartilhamos a mesma residência de estudantes, que começamos a nos ver com maior freqüência; foi então que tudo começou.

Nós participávamos regularmente de reuniões na capelania da universidade. Martin não esconde o fato de que ia às reuniões principalmente por causa de mim, embora ele seja um homem de uma fé excepcional.Quanto a mim, fui participante do Movimento Jovem Católico desde o colégio, e costumava ir a retiro espirituais no verão.

Depois de quatro anos de universidade, nós decidimos participar de uma peregrinação a Czestochowa. A idéia era atraente para nós. Em nossa peregrinação seguinte decidimos nos casar; na verdade, sentíamos muito forte que nosso casamento deveria ocorrer durante essa mesma peregrinação. Decidimos fazer nossos votos matrimoniais no santuário diocesano, o qual nosso grupo estava planejando visitar no segundo dia de peregrinação. Informamos nossos pais sobre a nossa decisão. Eles foram contra a idéia, mas isso não era surpresa, devido às circunstâncias. Apesar disso, eles não tinham escolha, a não ser aceitar nossos planos. Já tínhamos terminado nossos estudos, tínhamos bons trabalhos, e éramos financeiramente independentes. O ônibus que trazia os convidados do casamento chegou no santuário. Depois da cerimônia tivemos uma recepção, para a qual convidamos não apenas nossos familiares, mas a peregrinação inteira.

Eu agradeço a Deus porque desde o princípio do nosso relacionamento tínhamos um forte desejo de permanecer castos para o matrimônio. Depois de nosso primeiro beijo, fui consultar o padre da minha paróquia, pois tinha convicção de ter cometido um pecado. Para minha surpresa, o padre tranqüilizou minha mente. Eu aprendi sobre o Método Natural (de paternidade responsável) durante um retiro de verão quando ainda estava na universidade. Eu aprendi a medir minha temperatura e anotar meu ciclo menstrual. Eu também me consultei com uma mulher no centro de aconselhamento. Eu sabia que isso era uma parte importante da preparação para o matrimônio. Quando nossa ligação emocional tinha se aprofundado o bastante, informei ao Martind o meu desejo de permanecer virgem até o dia do nosso casamento, e então conduzir nossas relações sexuais de acordo com a doutrina da Igreja. Felizmente, tínhamos o mesmo pensamento no assunto. Graças à minha formação religiosa (adquirida através do Movimento Jovem Católico e de vários retiros e peregrinações espirituais) eu tinha desenvolvido um profundo senso de confiança na Mãe Igreja, e uma convicção de que, se você acredita em Jesus, você não pode fazer outra coisa senão escolher pensar e agir de acordo com a doutrina da Igreja, a qual Ele fundou sob a liderança visível de Pedro (Mt 16, 14-19). Meu marido, do mesmo modo, era guiado por um forte desejo de obedecer aos Dez Mandamentos e à vontade do Criador. Intuitivamente, ele sentia que a castidade dentro e fora do casamento valia o sacrifício; de fato, ele via isso como um valor em si. E então estabelecemos nosso objetivo: guardar nossa virgindade para o dia do nosso casamento, e portanto oferecer um ao outro o mais belo presente de casamento de todos. Não era fácil, de modo algum, pois nosso namoro durou quatro anos e meio; mas ainda assim, conseguimos.



Depois de muitos anos de casamento (já tínhamos dois filhos na época), começamos a notar que alguma coisa não estava certa com nossa vida sexual. Frequentemente eu tinha a sensação de estar sendo violada. Eu me fechei em mim mesma. Meu marido se tornava irritado, e eu cedia a ele. Começamos a dormir em camas separadas. Muitas vezes eu ia dormir com as crianças. Alguma coisa estava definitivamente errada. E assim continuou até o dia em que uma cópia da revista “Love One Another” caiu em nossas mãos. A revista tinha um testemunho escrito por um casal. Martin viu o artigo primeiro. Eu não me lembro dos autores, mas o texto tinha a ver com a castidade conjugal. Depois de ler o artigo, Martin leu em voz alta para mim. De repente compreendemos a causa de nossas tensões e incompreensões. Nossos problemas se deviam à falta de consistência. Sim estávamos usando o Método Natural, mas também estávamos nos permitindo certas liberdades – nos arriscando em dias férteis; na verdade, fazíamos sexo sempre que queríamos, e então aplacávamos nossa consciência com o pensamento de que, afinal de contas, não estávamos usando anticoncepcionais artificiais. No dia seguinte mesmo já estabelecemos um princípio de não ceder: as relações sexuais seriam somente nos dias inférteis, ou nos dias férteis quando decidíssemos ter outro bebê – e nada mais, sem trapaças! Levou cerca de três semanas para que víssemos os “resultados”. Um indescritível frescor começou a se fazer sentir em nossa relação. Todos os nossos medos e dúvidas acerca de sermos capazes de nos abster de sexo por uma quinzena, mais ou menos, provaram-se sem fundamento. Pode-se medir a melhora na qualidade da nossa intimidade sexual pelo fato de que agora sou eu que “violo” meu marido, enquanto ele tenta fugir, totalmente exausto! Quando chega perto do final de cada período fértil, olhamos um para o outro com renovado frescor. Desejamos um ao outro tanto quanto no tempo no namoro. O ciclo de uma mulher é idealmente “projetado”. Justamente quando o casal parece estar saciado de intimidade física, o início de um novo período fértil oferece-lhes um descanso de uma quinzena.

As relações maritais castas sempre demandam um elemento de serviço e uma boa dose de sacrifício mútuo. À primeira vista isso deve vir do lado da mulher. Sobre ela recai a responsabilidade de aprender métodos naturais de controle da procriação, consultar especialistas, e anotar seu ciclo. Eu aceitei isso como minha parte de responsabilidade em prol do nosso matrimônio. Agora que corrigimos a inconsistência descrita acima, e que nossas relações estão novamente em um equilíbrio, a necessidade de se abster de intimidade física por duas semanas em cada ciclo requer outro sacrifício (dessa vez a responsabilidade recai sobre o marido). Mas eu acho que estou sendo honesta em dizer que nenhum de nós vê mais isso como um sacrifício, mas sim como a expressão natural do amor que nos une – um amor que cresce sempre mais puro e sem mancha. É verdade que os tempos de grande sacrifício existiram. Depois do nascimento de cada um de nossos filhos, nos abstínhamos da intimidade sexual até o início do meu primeiro período (no caso do nosso último filho, nos abstivemos por oito meses). Essa foi uma grande privação, mas nos ofereceu uma oportunidade para um sacrifício maior, e portanto, para fortalecermos nossa união ainda mais. Rezamos muito pela graça da perseverança. Aceitando esse sacrifício, fizemos nossa intenção crescer em afeição um pelo outro e perseverar no amor. Nós também rezamos pelos nossos filhos, especialmente nosso recém-nascido.

Nós temos três filhos, e estamos prestes a ter outro. Com exceção de nosso pároco (que é também nosso diretor espiritual), ninguém sabe disso ainda.

Barbara e Martin
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Traduzido de: http://www.loveoneanothermagazine.org/nr/true_love_waits_pure/premarital_abstinence_is_worth.html

sábado, 9 de outubro de 2010

Crise da masculinidade, impacto da pornografia, conselhos para os homens

Trecho da entrevista que a repórter Christine B. Whelan, do site Busted Halo (revista eletrônica dos padres paulinos dos EUA) fez com Damian Wargo (foto), co-fundador e diretor do The King's Men (www.thekingsmen.us), um ministério católico masculino com sede na Filadélfia, nos EUA, que é especialista nessas questões. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
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Conte-me um pouco sobre o The King's Men: por que ele começou? Quantos homens estão envolvidos? Qual é a sua missão e o seu objetivo?

O The King's Men teve início em resposta à crise da masculinidade. Infelizmente, muitos homens não são ativos na Igreja de forma nenhuma. Alguns homens até veem as iniciativas de fé como exclusivamente para mulheres. Além disso, muitos homens estão confusos sobre seu papel natural como líderes, protetores e sustentadores. Meu colega Mark Houck (foto) e eu começamos o The King's Men para enfrentar essa crise e para convocar os homens a agir, especialmente lutando nobres batalhas.

A missão do The King's Men é: "Sob o chamado universal de Cristo Rei a servir, nós, como homens, comprometemo-nos a unir-nos e a fortalecer outros homens nos moldes do líder, do protetor e do sustentador, por meio da educação, da formação e da ação". Existem cerca de 200 homens que são King's Men muito ativos, e nossas iniciativas chegam a milhares de homens por ano.


Você fala de ajudar a edificar a fé em uma "modalidade masculina". O que isso significa?

Todos os homens são chamados a ser líderes, protetores e sustentadores. São Tomás de Aquino ensina que "a graça supõe a natureza". Assim, para que um homem suba na vida espiritual, ele precisa de uma boa formação em um nível natural, tornando-se finalmente muito animado pela graça de Deus. Os homens gostam de construir estruturas que sustentam as necessidades dos outros. Essa é a base do amor autosacrificial, da liderança e da sustentação.

O homem, pela sua natureza física, é chamado a proteger as mulheres e as crianças. Não podemos ignorar esse fato ou fugir dessa realidade, ou a vida de fé de um homem não possuirá um componente para a sua missão dada por Deus. A fé apresentada em uma modalidade masculina sempre vai chamar os homens a agir pelo amor e pelo bem de sua família e do bem comum.


Qual é o impacto que a pornografia tem nos homens jovens, e o que os grupos King's Men sugere como soluções para o amplo consumo de pornografia online entre os jovens?

A indústria da pornografia é uma indústria de 13 bilhões de dólares por ano nos EUA. Os homens são os consumidores primários. A única solução para esse problema é que os homens vejam esse flagelo na nossa cultura como uma batalha que precisa ser vencida, de forma a proteger o bem comum. A maioria dos homens cresceu em uma cultura completamente sexualizada, que ensina os homens, desde seus primeiros anos, que usar as mulheres para a luxúria e o sexo não é algo errado. Na verdade, equivocadamente, eles são ensinados que isso deve ser admirado.

Isso teve um impacto devastador sobre a nossa cultura, já que ensina os homens a desenvolver vícios nessa área em vez de virtudes. Os resultados são doenças, divórcio, violência, vícios e dor incalculáveis. A solução é que os homens se convençam que a pornografia é gravemente maligna, e que um homem pode, com a graça de Deus, levar uma vida virtuosa de castidade. Uma vez que um homem comece a desenvolver seu autodomínio, ele também pode começar a ajudar a guiar os outros nessa área e formar alianças que não irão tolerar a pornografia em suas comunidades ou por meio da Internet e de outras mídias.


Se você pudesse dar três pequenos conselhos para os homens solteiros e jovens que estão interessados em namorar e em ter um relacionamento, quais seriam?

Um: quando o Senhor coloca uma forte atração por uma mulher em seu coração, e o seu intelecto concorda, busque essa mulher com propósito e paixão. Não tenha medo de pedir o telefone para uma menina ou para sair com ela. Simplesmente por mostrar um forte e genuíno interesse de uma maneira saudável, você irá se separar da grande maioria dos homens que falha nessa área. Dois: ser muito claro com suas intenções. Deixe que a mulher saiba que você não está interessado em um relacionamento casual, mas tem o desejo em seu coração de, algum dia, ser um marido e pai. Três: se você estiver desanimado com a garota que você está namorando, não continue buscando-a. Uma mulher merece um homem que queira estar com ela e só com ela. Assim que você souber que ela não é a mulher que Deus lhe reservou, avise-a que você discerniu isso, mesmo que você só tenha saído com ela uma ou duas vezes.


E três conselhos para os homens que estão namorando ou são casados?

Um: seja um homem em busca do coração da sua esposa! Dois: sempre coloque as necessidades da sua esposa acima das suas próprias. Três: nunca fale negativamente sobre a sua esposa aos seus amigos.


Eu escrevi um artigo sobre a misandria – o ódio pelos homens. Como as mulheres podem apoiar os homens e encorajá-los a ser tudo o que podem ser?


Para os homens, ser respeitados pode ser uma necessidade tão forte assim como a necessidade de uma mulher de ser amada. Eu já encontrei algumas mulheres que eram excessivamente críticas com relação aos homens e rápidas em apontar as falhas de um homem aos outros. Isso é terrível para um homem. Além disso, por mais difícil que seja, tente confiar em um homem até que se prove o contrário. Infelizmente, muitos homens já deixaram algumas mulheres em situações muito trágicas. Isso levou a uma forte desconfiança nos homens, em geral. No entanto, existem homens bons por aí, em quem se pode confiar, e que têm o desejo de fazer a coisa certa. E isso pode prosperar quando ele sabe que as mulheres ao seu redor confiam e admiram-no.
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Leia a entrevista completa em: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=36231