Por Christopher West
Já apresentamos diversos artigos refletindo sobre o ensino da Igreja a respeito da contracepção, em comemoração ao 40º aniversário da carta encíclica Humanae Vitae, do Papa Paulo VI. Observamos que o intercurso conjugal deve encarnar o próprio compromisso matrimonial, e que uma parte integral desse compromisso é a abertura aos filhos.
Então, será que a fidelidade aos votos matrimoniais implica que o casal deve deixar o número de crianças que vão ter ao completo “acaso”? Não. Ao chamar os casais para um amor responsável, a Igreja os chama também a uma paternidade responsável.
O Papa Paulo VI afirmou claramente que os casais devem “exercer a paternidade responsável, aqueles que prudentemente e generosamente decidiram ter uma família numerosa, ou quem, devido a sérias razões e com o devido respeito à lei moral, escolhe não ter mais crianças por enquanto, ou mesmo por um período indeterminado” (HV 10). Observe que as famílias numerosas devem resultar de uma reflexão prudente, não do “acaso”. Note também que os casais devem ter “sérias razões” para evitar a gravidez e que devem respeitar a lei moral.
Assumindo que um casal deve ter uma séria razão para evitar uma criança (essa razão pode ser financeira, física, psicológica etc.), o que eles podem fazer sem violar a expressão consumada de ser sacramento? Em outras palavras, o que esse casal pode fazer para evitar a concepção de uma criança e que não os fizesse infiéis aos seus votos matrimoniais? Você está fazendo isso exatamente agora (eu presumo). Eles poderiam se abster de sexo. Não há nada de errado em se abster de sexo quando há uma boa razão para tanto. A Igreja sempre reconheceu que o único método de “controle de natalidade” que respeita a linguagem do amor divino é o “auto-controle”.
Surge então uma outra pergunta: Um casal que tivesse relações durante um período de infertilidade natural estaria fazendo alguma coisa que falsificasse sua união sexual? Considere, por exemplo, um casal que já passou da idade de ter filhos. Eles sabem que sua união não irá resultar em um bebê. Sabendo disso, eles estarão violando seus votos matrimoniais se tiverem um intercurso conjugal? Estariam eles fazendo contracepção? Não. A contracepção, por definição, é a escolha de realizar um ato sexual, mas ao mesmo tempo fazer alguma outra coisa para torná-lo estéril. Isso pode ser feito usando vários dispositivos, hormônios, procedimentos cirúrgicos, e o antigo método de interrupção.
Os casais que usam o Planejamento Familiar Natural (PFN) quando possuem uma boa razão para evitar uma gravidez nunca tornam seu ato sexual estéril; eles nunca fazem contracepção. Eles analisam a fertilidade, e se abstêm quando estão férteis e, se desejarem, se unem quando estão naturalmente inférteis. Os leitores que não estão familiarizados com os métodos de PFN modernos devem observar que sua efetividade é de 98 a 99% em evitar uma gravidez, quando usado corretamente. Além do mais, qualquer mulher, independente da regularidade do seu ciclo, pode usar com sucesso o PFN. Isso não é o antigo método da “tabelinha” do tempo da sua avó.
Para algumas pessoas isso parece estranho. “Qual a diferença”, eles perguntam, “entre tornar uma união estéril por si memso e apenas esperar pela infertilidade natural cíclica da mulher? O resultado final é o mesmo: ambos evitam a gravidez”. Ao que eu respondo, qual a grande diferença entre matar a vovó e apenas esperar que ela morra naturalmente? O resultado final é o mesmo: a morte da vovó. Sim, mas o primeiro é um grave pecado chamado assassinato, e o outro é um ato de Deus.
Se uma pessoa pode dizer a diferença entre a eutanásia e a morte natural, pode também dizer a diferença entre a contracepção e o PFN. É a mesma diferença. Não estou igualando a contracepção ao assassinato. Não é essa a analogia. A analogia é que tanto a morte natural da vovó quanto o período natural de infertilidade de uma mulher são atos de Deus. Mas, ao matar a vovó ou tornar o sexo estéril, nos tomamos os poderes da vida em nossas próprias mãos – justamente como o tentador originalmente nos tentou a fazer – e nos fazemos como Deus (ver Gênesis 3, 5).
É por isso que João Paulo II conclui que a contracepção “deve ser julgada tão profundamente imoral que nunca deve ser justificada, por razão nenhuma. Pensar ou dizer o contrário seria igual a sustentar que, na vida humana, poderiam surgir situações em que seria moral não reconhecer Deus como Deus” (10 de outubro de 1983).
Se você tem sido contra o ensinamento da Igreja sobre a contracepção, talvez seja hora de pensar mais um pouco sobre o assunto.
Fonte: Christopher West site – Teology of the body
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