Por Christopher West
O dia 25 de julho de 2008 marcou o 40ºaniversário de Humanae Vitae, a famosa encíclica do Papa Paulo VI que marcou a reafirmação do ensinamento constante da Igreja sobre a contracepção. Em comemoração, continuamos nossa série de reflexões sobre esse assunto de enorme importância.
Terminei meu último artigo perguntando: Quão saudável seria um casamento se os esposos fossem regularmente infiéis aos seus votos matrimoniais? Por outro lado, quão saudável seria um casamento se os esposos regularmente renovassem seus votos com um compromisso cada vez maior por eles? Então, eu afirmei, se você preferiu o último tipo de casamento, você acabou de aceitar o ensinamento de Humanae Vitae.
A questão é essa: fidelidade aos votos matrimoniais; fidelidade ao amor. No altar, o padre ou diácono pergunta ao casal: “Vocês vieram aqui livremente e sem reservas para se entregar um ao outro em casamento? Vocês prometem ser fiéis até a morte? Vocês prometem receber com amor os filhos que Deus lhes confiar?” O noivo e a noiva dizem “Sim”.
Portanto, espera-se que os esposos expressem esse mesmo “sim” com a “linguagem do corpo” sempre que se tornam uma só carne na relação sexual. O intercurso conjugal, então, é quando as palavras dos votos matrimoniais se “tornam carne”. Ou, ao menos, é o que deveria ser.
Tudo que a Igreja ensina sobre sexo começa a fazer sentido quando visto através dessas lentes. O ensinamento da Igreja não é uma lista puritana de proibições. É um chamado para abraçar nossa própria “grandeza”, nossa própria dignidade concedida por Deus. É um chamado para viver o amor que tão ardentemente desejamos. É um chamado para abraçar o amor divino e o compartilhar corporalmente com o cônjuge.
João Paulo II chega ao ponto de descrever a união corporal e sexual como “profética”. Um profeta é alguém que fala por Deus, que proclama seu mistério de amor. É isso que o relacionamento conjugal deve proclamar. Mas, acrescenta o Papa, devemos ter cuidado para distinguir os falsos profetas dos profetas verdadeiros. Se podemos falar a verdade com nossos corpos, também podemos falar mentiras.
Por ser um sacramento, o casamento não apenas significa o amor e a vida de Deus, ele realmente participa da vida e do amor de Deus. Entretanto, para que os sacramentos participem no amor e na vida de Deus, o sinal físico deve representar corretamente a realidade espiritual. Por exemplo, através do sinal físico da limpeza através da água, o batismo verdadeiramente realiza a limpeza espiritual, limpando do pecado. Mas, se você batizasse alguém com lama, não haveria nenhuma limpeza espiritual, pois o sinal físico agora representa a sujeira, não a limpeza. Na verdade, isso seria um anti-sinal de um “anti-sacramento”.
Toda a vida conjugal deve ser um sinal do amor e da vida de Deus. A ocasião em que os esposos significam isso mais profundamente é quando se tornam “uma carne”. Aqui, mais do que em qualquer outro momento na vida de casados, os esposos são chamados a participar no amor e na vida de Deus. Mas isso só acontecerá se a sua união sexual significar corretamente o amor de Deus. Portanto, como conclui João Paulo II, podemos falar em bondade ou maldade moral na relação sexual, caso o casal dê à sua união o “caráter de sinal verdadeiro” ou não.
Coloque a contracepção na linguagem do corpo e (conscientemente ou não) o casal se engaja em um “contra-sinal” do mistério de Deus, um tipo de “anti-sacramento”. Ao invés de proclamar, “Deus é amor que traz vida”, a linguagem do relacionamento com a contracepção diz, “Deus não é amor que traz vida”. Desse modo os esposos (conscientemente ou não) se tornam “falsos profetas”. Eles blasfemam. Seus corpos ainda proclamam teologia, mas não a teologia cristã, não a teologia do Deus que revela a si mesmo como Pai, Filho e Espírito Santo. O sexo com a contracepção, quer percebamos ou não, ataca nos fundamentos a nossa criação como imagem de Deus. Dessa perspectiva podemos ver que a contracepção é, na verdade, uma traição à mais profunda verdade de nossa humanidade.
A linguagem do corpo tem “significados claros”, todos “programados”, como observa João Paulo II, nos votos matrimoniais. Por exemplo, “para a pergunta: ‘Estão prontos a aceitar amorosamente as crianças que Deus lhes der...?’ o homem e a mulher respondem, ‘Sim’” (TOB 105:6, 106:3). Se os esposos dizem “sim” no altar, e depois tornam sua união estéril, não é verdade que eles estão mentindo com seus corpos? Não é verdade que estariam falando contra seus votos?
Por que, então, a Igreja aceita a prática do planejamento familiar natural? Veremos no próximo artigo.
Fonte: Christopher West site – Teology of the body
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