domingo, 1 de novembro de 2009

O ataque marxista ao casamento e à família

Por William A. Borst, Ph.D

A família é o pilar de todas as civilizações. Remova a família, e a sociedade fica sem a proteção mais importante contra a tirania e a desintegração. A família não pode ser alvo de legislações ou ser lançada fora da existência sem profundas consequências. Ela serve não somente como unidade social viável, mas também como incubadora moral e social para as gerações vindouras. Por mais que uma família seja abençoada com crianças, dinheiro e sucesso, sua existência consiste em um pequeno núcleo que depende muito do apoio de muitas outras instituições, incluindo o estado, as igrejas e a mídia.

Durante a segunda metade do século 20 a estrutura da família mudou radicalmente. Devido ao movimento em direção ao individualismo, a família tem se desestruturado. As taxas de divórcio são astronômicas, enquanto a taxa de fecundidade em muitos países está abaixo do nível de reposição de 2 crianças por família. Os casais hoje coabitam sem o matrimônio, e essa prática recebe aceitação social. A contracepção e o adultério se tornaram coisa comum no tecido social, muitos consideram a fornicação (ato sexual fora do matrimônio) como atividade recreativa, e não como ato pecaminoso. Os programas de educação sexual no sistema escolar têm iniciado as crianças em comportamentos sexuais pré-maritais e homossexuais em uma idade bastante tenra. Organizações como a “Planned Parenthood” (que mantém o maior número de clínicas de aborto nos Estados Unidos) lideram as pressões na direção de ampliar a educação sexual nas escolas públicas, até mesmo nos anos mais elementares, o que pode ocasionar uma curiosidade infantil que muitas vezes é satisfeita através de experiências moralmente perigosas. Pode-se dizer que a educação sexual é a responsável por incontáveis gravidezes não-desejadas, abortos, abandonos de escola, e pobreza. Ela contribuiu para a epidemia das doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), que tem causado esterilidade em milhares de mulheres.

As crianças pagam um alto preço pelo declínio do matrimônio tradicional. A falta de estabilidade familiar tem sido apontada constantemente por pesquisas como um fator decisivo em um variado espectro de comportamentos que influenciam diretamente a performance estudantil, incluindo prejuízos emocionais e psicológicos, comportamento anti-social, abuso de drogas, atividade sexual e gravidez na adolescência. As pesquisas dizem que as crianças de lares desestruturados têm maior chance de ter depressão, ansiedade e baixa auto-estima, especialmente entre adolescentes. Crianças em idade pré-escolar de famílias desestruturadas têm muito mais chance de sofrer de doenças físicas e emocionais do que as de lares estáveis.

Há também uma ameaça séria à família na Convenção dos Direitos da Criança. Esse documento da ONU propõe dar à criança o direito de expressar seus próprios pontos de vista livremente em qualquer assunto, de receber informações de todos os tipos através da mídia à escolha da criança, de liberdade de religião, ou de ser protegida de interferências à sua privacidade e de ter o direito ao descanso e lazer. Em outras palavras, a ONU está minando os direitos dos pais, e promovendo para as crianças o aborto, a contracepção, o ateísmo e a pornografia.

A equação conjugal

Apesar do divórcio ter acabado com milhões de casamentos, ele é mais um sintoma fatal de um problema maior do que a causa do declínio da família. A cultura tem feito tudo que está ao seu alcance no sentido de minar as relações conjugais fiéis. Ela removeu quase todos os tabus sociais que protegiam o matrimônio de influências danosas, especialmente os tabus ligados à sexualidade humana. Por muitas décadas a literatura, os filmes e a música vêm ridicularizando as virtudes que um casamento duradouro precisa ter para se manter.

Muitos casais entram no matrimônio pelas razões erradas. Eles sucumbiram às noções românticas que Broadway e Hollywood construíram como o ápice das relações humanas. Eles tendem a adorar mais no altar do consumismo e dos prazeres sensoriais do que no altar da igreja. A família moderna está cada vez mais longe da estrutura da família cristã tradicional. Parece que falta Deus em muitas famílias.

Um campo de batalha entre o amor e o desejo desordenado

O pai e a mãe são essenciais à estrutura familiar. Hoje a sociedade entroniza a mãe solteira. Muitas mulheres não escolhem voluntariamente serem mães solteiras. Muitas são viúvas ou foram abandonadas pelos maridos. A questão é com as mulheres que escolhem voluntariamente ter um filho sem se casar. Elas escolhem privar o filho de um pai real, e isso é o ponto mais alto do egoísmo e da irresponsabilidade. Nadya Suleman, uma mulher solteira da Califórnia, teve 14 filhos através de fertilização "in vitro", incluindo óctuplos, é um exemplo de um ego sem fronteiras. Contraste o caso dela com o da jogadora de basquete Candace Parker, que orgulhosamente anunciou que ela e o marido iam ter um bebê, e que ela estaria deixando a carreira como atleta por conta disso. Feministas radicais e alguns fãs reagiram rapidamente condenando-a pelo seu egoísmo ao colocar as ambições de ser mãe acima das fortunas das quadras de basquete.

Em outro nível a “Filosofia Playboy” – uma intelectualização estéril que reduz a mulher a mero brinquedo de homem – por mais de 50 anos vem estendendo seus perigosos tentáculos em todas as esferas da sociedade. A revista Playboy e outras publicações vulgares vêm servindo como a “droga de entrada” que geralmente leva a um mundo mais profundo e mais escuro, o da pornografia pesada, e que inclui sadismo, fantasias sexuais variadas, pedofilia e podendo levar ao abuso criminoso de crianças, até mesmo de bebês ou crianças mais pequenas.

Devido à Internet, a pornografia cresceu rapidamente, ajudada por milhões de homens e mesmo mulheres que buscam prazeres sensuais nos milhares de sites pornográficos que têm criado um nível de vício de grandes proporções. Pela sua própria natureza, essa forma de escravidão sexual auto-induzida enfraquece a ligação moral da família humana. Ted Bundy, um dos mais famosos “serial killers” dos últimos tempos, admitiu ao Dr. James Dobson, antes de sua execução em 1989, que ele tinha sido viciado em pornografia pela maior parte de sua vida. Sobre a pornografia, João Paulo II lamentou que o coração tenha se tornado um campo de batalha entre o amor e a luxúria.

Definição abrangente

O movimento homossexual militante vem tendo um efeito desastroso nas famílias. Esse movimento descaradamente rejeita a definição tradicional de casamento como a união de um homem e uma mulher. Desde os anos 80 todas as tentativas possíveis e imagináveis vêm sendo feitas no sentido de fazer a homossexualidade parecer normal. Esse movimento vê a desconstrução do matrimônio tradicional como um importante passo para conseguir a aceitação social completa. Para ajudar em seus objetivos, Hollywood está sempre pronta a cumprir seu papel. O filme “Milk”, de 2008, que mostra a vida e a legenda do ativista homossexual Harvey Milk, de Los Angeles, é um retrato poderoso da habilidade de Milk em organizar sua comunidade contra os padrões morais tradicionais.

Temendo um prejuízo político, os representantes governamentais cederam ante o novo poderio social e econômico dos homossexuais, abrindo o caminho para a aceitação final do estilo de vida homossexual através da redefinição do matrimônio tradicional. A atual legalização do casamento homossexual, que começo no estado americano de Vermont, encontrou aceitação também no Havaí, e se tornou constitucional em Massachussetts, está nos planos da administração Obama.

A Igreja Católica se opõe a relações homossexuais porque elas são intrinsecamente desordenadas, constituindo um abuso da natureza humana. O Papa João Paulo II instruiu os representantes católicos ao redor do mundo a se oporem à legalização do casamento homossexual. Em novembro de 2008 o Papa Bento XVI anunciou seu apoio à “Proposta 8”, da Califórnia, que tornava ilegal o casamento homossexual. Assim como a humanidade quer proteger as florestas, o Papa argumenta que a Igreja deve também proteger o homem da própria destruição. Uma espécie de ecologia do homem se faz necessária, ele disse à Cúria Romana.

Em 2006 uma multidão de auto-proclamados ativistas homossexuais, lésbicas, bissexuais, e transgêneros, bem como seus aliados liberais nas universidades e nas profissões, lançou um manifesto chamado “Além do casamento homossexual”. Esse documento pedia o reconhecimento de estruturas familiares nas quais há mais de um par conjugal. Eles querem uma definição abrangente de casamento, onde não haveria virtualmente mais nenhuma distinção entre as pessoas que vivem debaixo do mesmo teto. O antigo senador da Pensilvânia, Rock Santorum, advertiu a Suprema Corte exatamente sobre isso, em um caso no ano de 2003. Com a decisão da Suprema Corte, segundo Santorum, ficava estabelecido o direito à bigamia, ao incesto e ao adultério.

Sem laços familiares

O declínio da família não é um acidente. O marxismo vem trabalhando no sentido da completa destruição das instituições mais básicas da civilização ocidental já há mais de 150 anos. O marxismo prometeu que no seu “paraíso” terrestre a instituição do matrimônio iria rapidamente desaparecer. Os comunistas culpam o casamento pelas “prisões” que ligam os homens à moralidade burguesa que obstrui a felicidade terrena. No “Manifesto Comunista”, em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels escreveram que a família burguesa iria desaparecer, que isso era só questão de tempo. Os marxistas historicamente sempre temeram a família porque ela é um centro de poder rival. Já que os comunistas são totalitários e não aceitam rivais, famílias fortes tornam mais difícil a imposição de uma ditadura. Membros familiares dispersos tornam-se pessoas mais suscetíveis a desprezar as ligações morais que seguravam suas paixões e mantinham seu caráter, fazendo-os alvos fáceis para a escravidão comunista.

William Z. Foster foi secretário geral do Partido Comunista Americano. Em seu livro de 1932, “Toward Soviet América”, ele escreveu que a liberdade da mulher americana era um mito. Ou ela era uma parasita burguesa, ou uma escrava oprimida. Foster também disse que tudo que uma mulher fazia em sua casa era inútil, e gerava insatisfação pessoal. Sua retórica inflamada abriu caminho para Betty Friedan, que nos anos 60 conseguiu desestruturar muitos casamentos. Friedan, anteriormente chamada Bettye Naomi Goldstein, não era simplesmente uma dona-de-casa frustrada em sua necessidade de ter uma carreira de sucesso fora de seu subúrbio opressor. Ela foi uma propagandista stalinista desde seus dias de estudante no final dos anos 30. Depois ela foi discípula fiel do marxista cultural Herbert Marcuse, um fato convenientemente omitido dos seus registros pessoais posteriores. Inspirado pelas teorias revolucionárias de Marx, Engels, Lênin e Gramsci, seu movimento de libertação feminina deixou um legado de confusão e de casamentos rompidos que causou muitos danos à sociedade ocidental.

Colaboração profunda

A dedicação de esquerdistas e feministas como Foster e Friedan não teria tido tanto sucesso sem a prestimosa colaboração da mídia de notícias e de entretenimento. Para vender a desconstrução das famílias para o público, os marxistas culturais precisavam da colaboração da mídia. Nos anos 50 os programas de TV cordiais que mostravam as famílias Nelson, Anderson e Cleaver eram vistas comumente na maioria dos lares americanos. Toda semana esses pais cheios de alegria e otimismo e suas crianças comportadas lidavam com os problemas cotidianos da vida com honestidade e com integridade moral. Desde então, especialmente em filmes e peças de teatro como “Quem tem medo de Virginia Woolf”, o adultério, o sexo antes do casamento e a ausência de uma imagem moral e espiritual do casamento são a norma, sem hesitação e sem reservas. Mulheres gramscianas, como as solitárias libertinas do seriado de TV “Desperate Housewifes”, formam o novo padrão para essa realidade distorcida.

O Pe. Benedict Groeschel têm sido um grande crítico da visão iconoclasta que a mídia passa da família. Em seu artigo “O futuro depende do amor”, escrito para a Conferência Franciscana, ele expressa o desejo da volta aos dias em que os filmes inspiravam a virtude e a regeneração moral, e frequentemente mostravam a vida de santos e de padres como heróis. Ele reclama que a mídia coloca o homem no centro da realidade, quando é Deus quem está realmente no centro. Na carta “A mídia e a Família: uma riqueza e uma realidade”, para o Dia Mundial das Comunicações de 2004, João Paulo II alertou que a mídia tem a capacidade de causar graves danos às famílias ao apresentar visões incoerentes ou mesmo deformadas sobre a vida, a família, a religião e a moralidade.

Um parceiro íntimo

A maioria das pessoas, à exceção das que são motivadas ideologicamente, compreendem o papel decisivo da família na formação moral, espiritual e intelectual de cada ser humano. Em seu livro “It takes a family: Conservatism and the Common Good”, de 2005, o antigo senador Rock Santorum argumenta que qualquer ataque ao matrimônio prejudica o futuro da sociedade. Percorrendo a antropologia e a história, Santorum revela que todas as sociedades conhecidas têm alguma forma de casamento. E elas sempre envolvem a união de um homem e de uma mulher, onde são protegidos os interesses das crianças sob os cuidados deles. Como católico praticante, Santorum baseia suas idéias na lei natural. Ele corretamente aponta que os esquerdistas acreditam que a família tradicional não é natural nem vital. De acordo com ele, a elite esquerdista promove uma ideologia “Spenceriana” de “liberdade sem culpas”, que insiste que a escolha pessoal, baseada na afirmação da autonomia da pessoa, é o maior bem. Santorum também argumenta que as pessoas casadas devem ser animadas pelo sentido de que elas são continuadoras da herança da civilização ocidental, a fim de que possam combater a noção marxista de que o casamento vai inevitavelmente desaparecer da sociedade.

O Pontifício Conselho para a Família organizou o 6º Encontro Mundial das Famílias, na Cidade do México, entre 13 e 18 de janeiro de 2009, com o tema “A família como educadora dos valores humanos e cristãos”. Mais de 50 mil presentes ouviram o Papa Bento XVI alertar para a necessidade de “desenvolver uma cultura e uma política da família que sejam impulsionadas também de maneira organizada pelas próprias famílias. A família deveria poder contar com a devida proteção cultural, legal, social e médica”. Ele acrescentou: “A família cristã, vivendo a confiança e a obediência filial a Deus, a fidelidade e o acolhimento generoso dos filhos, o cuidado pelos mais frágeis e a prontidão a perdoar, transforma-se num Evangelho vivo, que todos podem ler”.
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William A. Borst, Ph.D. é o autor de “Liberalismo: Consequências mortais”, e “O Escorpião e o Sapo: uma Conspiração Natural”.

Adaptado e traduzido da revista: “Mindszenty Report” de março de 2009 (Vol. L1 – No. 3), da “Fundação Cardeal Mindszenty”. O material não tem copyright.

Link: http://www.mindszenty.org/report/2009/MAR09.pdf

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