por Daniel Pinheiro
João Paulo II teve um pontificado de 27 anos, um dos mais longos da história da Igreja. Certamente foi um vulto de grande importância no século XX, tanto para o meio eclesiástico quanto para a humanidade como um todo, devido, entre outras coisas, ao seu papel na queda do comunismo formal da União Soviética e do Leste Europeu. Seu funeral, em 2005, reuniu os mais importantes chefes de Estado e líderes religiosos do mundo, em reconhecimento à liderança moral de um homem que percorreu 129 países nos cinco continentes, levando a mensagem do Evangelho e – literalmente – beijando o solo de cada local onde a humanidade fincou suas raízes. Entretanto, uma das maiores contribuições de João Paulo II, o “Papa Peregrino”, está apenas começando a ser descoberta.
Antes de ser eleito Papa, Karol Wojtila foi professor e estudou sobre São João da Cruz e temas filosóficos da Fenomenologia. Revela ter “se apaixonado pelo amor humano”. Trabalhava com casais na Diocese de Cracóvia, na Polônia. Escreveu alguns livros e artigos, dentre eles “Amor e Responsabilidade”, sobre a vida conjugal, o relacionamento de amor humano e a sexualidade. Estava escrevendo sua visão sobre o ser humano enquanto imagem de Deus na conjugalidade, quando João Paulo I falece.
Eleito Papa, escolhe o mesmo nome de ser antecessor, de curta passagem (33 dias) à frente da cátedra de Pedro. João Paulo II então inicia seu primeiro projeto catequético. Em 1979, durante as costumeiras catequeses das quartas-feiras no Vaticano, começa a falar de família, de sexualidade, de amor, de visão de ser humano, do plano divino para o amor humano. Tal ciclo foi interrompido em 1981, quando sofreu o atentado que quase lhe tira a vida. Se tivéssemos perdido nosso Papa naquele momento, não teríamos hoje uma das mais belas páginas dos escritos teológicos da história da Igreja sobre o matrimônio e o amor conjugal. Mas Nossa Senhora de Fátima lhe poupou a vida, e ele pôde retomar suas catequeses, concluindo sua ampla visão sobre o plano divino para o amor humano refletindo sobre o matrimônio enquanto realidade sacramental e sinal visível do amor de Deus pela humanidade.
No final das catequeses, em 1984, chamou toda sua obra de “O amor humano no plano divino”, ou ainda, simplificadamente, de “Teologia do Corpo”. Os textos foram sendo traduzidos ao longo desses 5 anos pelo jornal Vaticano, L’Osservatore Romano, não sem incongruências de tradução. Não por culpa dos tradutores: além do texto em si não ser de fácil compreensão, eles não poderiam ter aquela visão global da obra, que permite unificar a tradução dos termos utilizados e perceber o sentido geral que o autor confere ao texto. Isso só foi possível algum tempo depois. Foi lançada uma edição em italiano reunindo todos os textos de sua catequese sobre a “Teologia do Corpo”. Porém, foi com a edição em inglês– retraduzida, revisada, e contendo catequeses não proferidas, retiradas do original em polonês –, fruto do trabalho de Michael Waldstein, que se pôde chegar a uma versão definitiva do conteúdo da obra catequética de João Paulo II sobre o ser humano.
Tal edição não tem ainda tradução para o português. Existe uma outra tradução, em parte realizada pelos próprios organismos vaticanos, mas não segue o rigor de Waldstein, e carece de uma consistência ao longo de toda a obra.
E por que a Teologia do Corpo é tão importante? O que ela oferece de novo para a Igreja e para a humanidade? Somente uma jornada - fascinante- pela Teologia do Corpo poderá responder a essas perguntas.
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