Por Victor B. Cline, Ph.D.
Muitos exemplos dos efeitos negativos do uso de pornografia acabam aparecendo nos consultórios profissionais de psicólogos, médicos, conselheiros, advogados, e ministros. Aqui nós, profissionais e religiosos, lidamos com pessoais reais que estão com algum tipo de problema ou sofrimento. Um exemplo de minha vida profissional pode ilustrar isso.
Fui solicitado a trabalhar em um caso onde um profissional da área de Tucson, Arizona, presidente de sua firma, e chefe do comitê de ajuda a crianças de sua igreja, foi descoberto como sendo um estuprador em série, que tinha violentado várias mulheres, ameaçando-as com revólver ou faca, na região do Arizona. Ao ouvir seu caso, vi que ele vinha de um contexto de infância exemplar, sem problemas. Ele tinha sido um estudante ótimo no colégio e na faculdade.
Sua esposa, filhos, amigos da empresa e colegas da igreja não tinham a menor desconfiança de sua vida dupla ou do seu lado negro. O único fator significativamente negativo em sua vida foi um vício precoce em pornografia na adolescência, o qual, durante a maior parte do tempo, foi mantido em segredo. Esse vício gradualmente evoluiu por muitos anos, finalmente levando-o a gastar muitas horas e muito dinheiro em livrarias “adultas”, vendo filmes pornográficos violentos e se masturbando com eles.
O gatilho que disparou o primeiro estupro foi ver em uma mulher que tinha abordado, uma semelhança muito próxima da personagem principal de um filme pornográfico que ele tinha visto anteriormente naquele dia. A realidade e a fantasia se mesclaram para ele enquanto ele colocava em prática suas “fantasias” sexuais.
Na minha experiência clínica, entretanto, a maior consequência de ser viciado em pornografia não é a probabilidade ou possibilidade de cometer um sério crime sexual (embora isso possa ocorrer, e de fato ocorre), mas, ao contrário, é a ruptura das frágeis ligações da intimidade familiar e do relacionamento conjugal. É aqui onde ocorre a dor, o dano e o sofrimento mais profundos. A interferência ou mesmo a destruição do amor e do relacionamento sexual saudável com parceiros de longa data é algo que ocorre repetidamente. Se alguém perguntar se a pornografia é a responsável ou a causa de todo crime sexual, a resposta é, com certeza, um sonoro “sim”, mas isso é apenas a ponta do iceberg dos problemas que a pornografia causa.
(*) O autor é Ph.D. em psicologia pela Universidade de Berkeley, e atualmente é psicoterapeuta especialista em família e vícios sexuais. Ele é também Professor Emérito da Universidade de Utah e presidente de “Marriage and Family Enrichment”, um grupo de palestrantes nacionais, além de ser autor de vários livros sobre os prejuízos da pornografia.
Trecho de artigo, traduzido e adaptado do site Obscenity Crimes