sábado, 2 de maio de 2009

Minha história com a moda

Por Julie Maria

Demorou anos para que eu pudesse me olhar no espelho e me achar bonita em roupas sem ser coladas, decotadas, ou simplesmente roupas que não eram chamativas. Mas se eu cheguei a ver isso, então qualquer mulher pode!

É uma experiência única quando acontece a nossa “conversão” neste campo. Mesmo estando ainda no inicio da caminhada - de ser a mulher que Deus deseja - a mudança no meu vestir foi de fato algo como aqueles “antes e depois” que vemos nas revistas de corte de cabelo. Por que­? Porque a mudança no meu guarda roupa foi consequência da mudança interior, mudança que é antes de tudo, uma graça de Deus.

Até hoje (e como disse, estando ainda no inicio desta caminhada) passei, ou melhor, Cristo me permitiu passar por várias etapas. Cada vez mais me assombro com Sua paciência e delicadeza em me esperar até me mostrar o “próximo passo”, e lógico, com avanços e retrocessos, porque geralmente não somos dóceis a Ele como deveríamos. Ser dócil a Cristo iria nos ajudar muito, e talvez eu não precisasse de 8 anos para ver como vejo agora. Talvez, só alguns meses, ou dias, mas com meu coração duro…

Vivemos numa comunidade paganizada. Os católicos são a maioria em número, mas vivem como os “pagãos”, pois longe de ser fermento e sal, se deixaram contaminar por tudo o que a sociedade pagã impõe. Eles não são instrumentos de Deus para melhorar e elevar os costumes, são os primeiros escravos a se submeter aos critérios anti-Evangelho. E a mulher é um alvo constante deste neo-paganismo, que tem vários adeptos, pois eles sabem que destruindo a mulher destroem toda a sociedade.

Então de tanto nos mostrar que vestido colado, blusa decotada, mini-saia, roupa transparente e calça jeans é a maneira de nos vestir, acabamos pensando que isso deve ser verdade. É a tal da lavagem cerebral. É uma maquinação feita com alta produção e marketing para mostrar o feio como belo, a força de repetição.

Olhe as capas de qualquer revista feita para mulher dos 3 últimos anos, uma atrás da outra, e leia o que está em cada uma delas na capa. Você se sentirá como eu quando fiz isso: se sentirá enganada. Uma e outra vez, repetem a mesma coisa, o mesmo clichê, a mesma modelo, a mesma pornografia, a mesma idéia reduzida da sexualidade, o mesmos 10 segredos de prazer, os mesmos 5 passos para o sucesso… e sim, a única coisa que mudou é que usam mais photoshop! Isso se chama lavagem cerebral. Não adianta mudarem as cores, o estilo: a podridão que está lá não muda. Fomos criadas para coisas belas, belas de verdade! E alegria verdadeira, não uma alegria falsa que só existe no papel.

A vocação da mulher é alta. Alta demais: “Reconhece tua dignidade e viverás como Deus planejou. Assim serás realizada”. Foi isso o que eu escutei no coração e é isso que eu transmito para cada um de vocês que está lendo parte da minha história. O resto é blá blá blá, não para boi dormir, mas para você gastar seu tempo, dinheiro (até se endividar!), sonhos e sua vida nessas mentiras hipócritas.

Eu vou contar a minha experiência, pois pode ser útil para alguma de vocês. E se puderem compartir comigo, via comentário ou email, serei muito grata. (modaemodestia@gmail.com)

Quando as minhas "escamas" caíram eu tinha 23 anos. Tinha trabalhado como modelo especialmente no ano de ‘96, em uma capital desfilando para grifes conhecidas. Eu era tão apaixonada pela moda, que voltando dos EUA em ‘94 fui capaz de pagar excesso de bagagem para trazer as revistas de moda que haviam por lá, mas que não chegavam aqui! Não irei contar meu encontro com Cristo, que aconteceu no Jubileu do ano 2000, pois não é o espaço adequado, mas como disse, foi a partir do encontro com Ele que as "escamas" caíram, e um dos pontos mais afetados por isso foi minha relação com a moda.

Eu percebi então que tinha profanado meu corpo desde os 16 anos com meu modo de vestir; percebi que, com meu critério de chamar a atenção dos homens, tinha me vendido a modismos e me tornei ocasião de pecado para muitos deles, além de me desvalorizar como mulher e filha de Deus. Parece que, mesmo quando eu sentia que estava “exagerando”, eu tentava me desculpar, dizendo “todo mundo usa, porque eu não posso”? Na verdade estava longe, bem longe, de compreender o que o Papa Pio XII disse um Congresso de Moda, em 1957:

“Um estilo nunca deve ser uma ocasião próxima de pecado”

“Neste assunto - a pureza - não existe severidade que possa ser tida como exagerada”. [1]

Parece que eu fazia justamente o contrário: todos os meus estilos eram ocasião de pecado. Bom, entrando neste tema, devo fazer um parêntesis para explicar um pouco porque nós, mulheres, devemos ter muitíssimo cuidado com o que vestimos, já que existe na “mentalidade feminista” um falso grito de liberdade que diz mais ou menos assim: “sou livre, o corpo é meu e eu faço dele o que eu quiser… e não tenho que me preocupar com ninguém!”. Mas não foi para esta liberdade que Cristo nos libertou! Foi para nos fazer servos uns dos outros e nos tornar não pedra de tropeço, mas "alter Christus" para o nosso próximo. Nós, mulheres, por natureza, temos esta missão que nos vem do próprio Deus: somos responsáveis pelo outro, e temos isso muito mais presente e forte em nós que o homem. Somos assim, chamadas a cuidar do outro, e isso inclui antes de tudo, a cuidar da sua salvação eterna. Longe disso nos escravizar, nos liberta: nos realizamos como mulher ao cuidar dos outros, pois temos a exigente missão de educar o ser humano, desde berço. Então, se a nossa natureza feminina tem algumas qualidades únicas, a dos homens tem outras. Quem não reconhece que o homem é um sexo forte fisicamente?

E, nós, mulheres? Nós fomos criadas por Deus para sermos femininas, com tudo o que isso implica. Começando por aquilo que é mais óbvio, e que no entanto tentam aniquilar: o corpo da mulher. Ele é todo oval, pois está preparado para participar do acontecimento mais belo que existe no mundo: o de ser mãe. A mulher “pela sua natureza física é o próprio vaso da vida. Por isso, toda mulher – devido a sua natureza feminina dada por Deus – tem um certo mistério e sacralidade, que é sua habilidade de cooperar com seu marido e com Deus na sacralidade da criação. Quão apropriado que o sublime e inspirador privilégio da mulher seja reconhecido pelo uso do véu! Este é um costume cheio de significado que infelizmente hoje em dia foi deixado de lado por muitas mulheres da Igreja.”[2]

“Dado que o ensino da tradição Católica sobre modéstia na área da sexualidade requer que a mulher oculte mais seu corpo que o homem, algumas pessoas católicos pensam que isso significa ser injusto com a mulher. Mas mesmo que o ensino da tradição Católica na área da sexualidade seja mais exigente para a mulher, ele não é injusto. Assim como a mulher é o sexo mais fraco na área do poder físico, o homem é o sexo mais fraco na área da sexualidade (no sentido de que o homem é mais propenso a um despertar sexual imediato). E assim como é errado para o homem que ele use seu sua força física para dominar sobre a mulher, é errado para a mulher usar suas características femininas do seu corpo para dominar o homem” [3].

Por isso, o que nos parece até “normal” no nosso vestir (de tanto que vemos por aí – pela força da repetição como falamos antes), não seria normal se pudéssemos estar na pele de um homem. Precisamos ter, mais que nunca, um autêntico amor por ele, para que tenhamos sempre em mente esta sua fraqueza (não por culpa sua), e ter a intenção de elevá-lo para viver o amor também de maneira completa e conforme a sua dignidade. As esposas terão que, na hora do encontro amoroso com o Pai, pode dizer referente ao homem que Deus lhe confiou: “eu te devolvo o meu esposo… como uma pessoa bem melhor do que quando eu o conheci!” E isso é um ato de amor: fazer tudo para que a pessoa cresça como homem, i.e, como filho de Deus chamado à santidade. E as mulheres solteiras ou religiosas deverão apresentar todas as pessoas que passaram por sua vida a Deus, com a paz interior de ter ajudado a todos e encontrarem Aquele que dá o sentido da nossa existência.

Uma maneira bem fácil de elevar o homem é nos vestindo bem, i.e, de maneira digna. Sem dúvida é um aprendizado que devemos estar dispostas a percorrer, e sempre contando com a graça divina: só Deus, em última instância, pode nos dar a graça da conversão, de olhar como Ele olha; de querer ser pura; de querer ser bela aos seus olhos (que não é o mesmo que ser “bela” aos olhos do mundo!), de aceitar o “deserto do olhar”, e de ser ocasião de elevar ao outro, nunca o contrário.

“O feminismo radical (que é contra a mulher!) insiste em que se um homem tem pensamentos imorais por causa da maneira em que a mulher está vestida, é problema dele, não dela. Mas contrariamente ao que estas militantes alegam, homens e mulheres são diferentes. O homem pela natureza, é mais inclinado a reações sensuais através do estimulo visual, e quando a mulher se veste de maneira provocativa ela carrega algo da responsabilidade, se sua imodéstia leva a membros do sexo oposto a ter pensamentos imorais.”[4]

Por isso precisamos com urgência encontrar estilistas, costureiras, empresárias do mundo da moda que, sendo católicas, estejam dispostas a unir seus talentos e oração nesta nova revolução.

O que estamos esperando? Temos tanto o que fazer!

Que Nossa Rainha Puríssima nos guie, ajude e inspire! E que São José, seu guardião seja também o nosso!
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[1]Pio XII, Sacra Virginitas, n. 51
[2] Alice von Hildebrand, The Privilege of Being a Women, citado em Colleen Hammond, Dressing with Dignity, Editora TAN, pg. 30
[3] Citado em Colleen Hammond, Dressing with Dignity, Editora TAN, pg. 23. Fr. Regis Scanlon, O.F.M., Homiletic and Pastoral Review, Nov. 1988, quoted in Bainbridge, op. cit.
[4] Citado em Colleen Hammond, Dressing with Dignity, Editora TAN, pg. 37: Patricia Pitkus Baingbridge, M.A., “It´s Not a Big Deal… Or Is It?” in Life Mtters, Vol. III, no. 12, Sep. 2004

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Do Blog Julie Maria
Link: http://juliemaria.wordpress.com/2009/04/28/minha-experincia-com-o-mundo-da-moda/


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