Por Anthony Buono
Acabei de ver por acaso na Internet um obituário de um casal católico, Lou e Patricia DeMuro. Os dois morreram no mesmo dia, depois de 62 anos de casamento. Realmente é uma história de amor à moda antiga.
É uma história muito tocante. A simplicidade com a qual esse casal levou a vida e a convivência a dois é algo de inspirador. O contentamento deles com o que a vida lhes oferecia é admirável. A história desse casal deve ser aquilo que toda pessoa deve procurar, no que diz respeito a amor e casamento. Eles oferecem dois ingredientes indispensáveis para se apaixonar e ter um casamento duradouro; e enfrentar a vida com simplicidade e contentamento.
Infelizmente, muitas e muitas pessoas complicam o processo e se tornam muito exigentes no que diz respeito às suas expectativas com relação à outra pessoa, tornando quase impossível encontrar tal amor. Quanto mais qualificações são necessárias, menos provável encontrar a felicidade e partilhar uma vida assim.
Também é importante perceber que eles tiveram um começo bem humilde, e tiveram uma vida humilde. Eles não ficavam frustrados ou com raiva por causa da situação financeira deles. Eles tinham uma postura de aceitação e gratidão pelas bênçãos que possuíam. Eles também eram muito jovens. Isso também ajuda. Quando você se casa jovem, vive mais anos junto com a outra pessoa. E quanto mais anos vocês vivem juntos no casamento, menos egoístas se tornam.
Mas esse casal tem mais a nos ensinar sobre amor e casamento. Eles tinham um desejo ardente de fazer o outro se sentir feliz e especial, e vice-versa. Eles não se acomodavam. Vejamos como o repórter descreveu sua vida, a partir de sua pesquisa:
- A vida em comum deles tinha poucos luxos, mas muitas risadas.
- Eles cantavam e escutavam músicas da “Mary Poppins” e de outros musicais centenas de vezes. Quanto mais alto as crianças cantavam junto, mais o casal sorria.
- Eles formavam uma equipe quando o assunto era a educação e cuidado com as crianças. Quando o Sr. Lou voltava para casa do trabalho, ele cuidava das crianças, para que a Sra. Patricia pudesse ir para seu trabalho à noite.
- Eles faziam tudo juntos.
- As crianças iam para a escola católica que ficava do outro lado da rua. Elas vinham almoçar em casa.
- Quando a família se mudou, em 1968, a Sra. Patricia conseguiu um emprego como secretária, e o Sr. Lou tinha dois empregos.
- Eles faziam excursões de ônibus para o Alasca ou viagens para o Caribe, e também ao longo do rio Mississippi, e no canal do Panamá.
- Eles adoravam ir a Massachussets no outono para ver as folhas das árvores mudando de cor.
Um monte de risadas, vida sem luxos, curtindo as crianças (crianças barulhentas os faziam sorrir!), cantando músicas sentimentais, vivendo com parentes na mesma casa, as crianças indo para a escola católica, ela ajudando no orçamento, ele com dois empregos, pequenos prazeres... Eles faziam tudo juntos.
Agora vamos ver como os filhos descrevem os pais, e a vida com eles:
- Eles se lembram do pai fazendo churrasco enquanto os meninos brincavam.
- A salsicha feita em casa era muito boa, não tinham vontade de mais nada.
- Os seus pais andavam de patins, e jogavam boliche e baralho junto com eles, e eles mesmos usavam o cortador para cortar a grama.
- A mãe sabia muito bem como estava o dever de casa deles. Ela estava sempre por perto. Dormia enquanto eles estavam na escola.
- Domingo significava carne assada no jantar.
- Eles estavam sempre perguntando para os filhos: “Como você está? Está bem?”. Sempre checando. Eles davam suporte, encorajavam.
- O pai fazia as compras e a mãe cozinhava, ela fazia massas caseiras, ravióli, pizza, bolo de abacaxi e biscoitos italianos.
Participação, disponibilidade, interesse genuíno, trabalho duro, momentos de ternura, frugalidade, atenção às necessidades dos filhos.
O que chama a atenção, para mim, é como eles eram felizes, e mais importante, como os filhos eram felizes. As crianças sentiam uma vida plena, rica, ao crescerem. Certamente eles não eram pobres. Carne assada aos domingos é bem classe média. Eles eram cuidadosos com o dinheiro. Tenho certeza que economizavam, e tinham dinheiro por serem cuidadosos com os gastos. Viviam dentro de suas possibilidades, mas ainda assim faziam coisas especiais. Não era uma vida de extravagância.
Outra coisa que me chama a atenção é que as coisas que os filhos apontam, todas têm a ver com a maneira com que o casal interagia em um nível de amizade. Não parecia haver um dominador e outro dominado. O respeito mútuo parece ser o que os filhos levaram do seu relacionamento com os pais.
Parece mesmo que uma ligação como amigos, com respeito mútuo de um para com o outro é um ingrediente chave para o sucesso no casamento. Cada pessoa é livre para ser ela mesma, mas tem um desejo de fazer coisas juntos e estar juntos. Procurar uma pessoa com quem você possa ter esse tipo de ligação é muito mais do que ver somente a diferença de idade, a atração física, os requisitos para criar os filhos, e as muitas outras coisas com que as pessoas solteiras se preocupam na hora de escolher alguém.
E esse casal se aventurou. Eles viram um no outro alguém com quem queriam estar; um parceiro que cabia bem consigo. Eles não questionaram ou pensaram muito profundamente se essa ou aquela era a pessoa “que Deus tinha em mente para mim”. Eles não rejeitaram um ao outro na esperança de encontrar alguém melhor. Provavelmente eles nem sequer pensaram no assunto. Eles eram duas pessoas que levavam a vida com simplicidade, não eram pessoas difíceis de se agradar, e portanto sabiam como estar contentes e apreciar o que tinham. Tenho certeza que isso os preparou bem para encontrar esse tipo de amor na outra pessoa.
No seu leito de morte, o Sr. Lou foi trazido para ver a Sra. Patricia. Ele disse: “Oi, bebê”. E ela disse: “Lou, eu te amo. Eu tive uma vida maravilhosa. Vou encontrar você em outro lugar”. Eles viveram em uma união muito íntima um com o outro, nesse vínculo de amor. Então era justo que, no final, eles morressem juntos, sucumbindo apenas algumas horas depois um do outro, de uma série de doenças. Lou teve leucemia, mal de Parkinson, e estava em um hospital. Patricia teve diabetes, hipertensão e problemas cardíacos. No final, ambos precisaram do cuidado de outras pessoas. Mas seu maior desejo sempre foi cuidar do outro, especialmente do coração um do outro.
Não é pura sorte ou acaso que eles tenham cuidado um do outro por 62 anos, e ainda tenham se sentido tão próximos depois de tanto tempo. Eles se doaram completamente ao outro, e quiseram fazê-lo, e acharam alegria em fazê-lo. Se cada um de nós levar a vida com simplicidade, como pessoas contentes, sem expectativas exageradas acerca das pessoas que cruzam nosso caminho e com quem namoramos, poderemos terminar tendo uma vida de amor como a que Lou e Patricia partilharam.
_______________________________
Anthony Buono é casado, e tem sete filhos. Mora na Virginia. Ele é o fundador e presidente do “Ave Maria Singles” (Solteiros do Ave Maria – um serviço para católicos solteiros que buscam um casamento e querem encontrar um futuro cônjuge) e de “Road to Cana” (“Caminho para Caná” – focado na formação de católicos para o namoro, noivado e casamento). O blog de Anthony, “6 Stone Jars”, procura oferecer conselhos e princípios para um bom namoro, a formação da vocação pessoal, e um casamento saudável. Anthony trabalha com católicos solteiros desde 1994.
Traduzido de TOB Catholic Exchange: http://tob.catholicexchange.com/2010/08/16/2198/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O envio de comentário constitui aceitação de publicação.
Todos os comentários passam por moderação.
Comentários podem ser rejeitados por decisão do blog.
Os comentários publicados não necessariamente expressam a opinião do blog.