12 de março de 2010 por Steve Pokorny
Aparentemente, a luxúria não está fora de moda. Claro, ela tem se mostrado presente desde a época da ação duvidosa de Adão e Eva. Mas eu sempre me fascino pela forma com que ela é reapresentada.
Vejamos os últimos Jogos Olímpicos de Inverno. Para grande parte do público desavisado, os acontecimentos pareciam ser muito familiares, um divertimento bom e limpo. O que a maioria das pessoas não sabe é que há um lado muito mais sombrio no interior da verdadeira fortaleza chamada de “Vila Olímpica”, dentro das quais os atletas são basicamente prisioneiros em seu próprio castelo.
Os atletas treinam e se sacrificam por anos em busca de sua chance de tentar a glória, e depois de competir em sua modalidade, eles podem enfim relaxar. Mas, aparentemente, eles aproveitam esse relaxamento para algo mais.
Um número de 100.000 preservativos foi distribuído gratuitamente por entre os cerca de 7.000 atletas e oficiais. Isso significa cerca de 14 preservativos por pessoa. No entanto, o que é mais notável é que a Fundação Canadense para a AIDS (CanfAR) teve que trazer “emergencialmente” um fornecimento extra de 8.500 preservativos, isso "para o alívio da libido dos atletas".
Aparentemente, eles vêm entregando preservativos como se fosse doce, desde os Jogos de Barcelona em 1992. Mas esta é a primeira vez que eles quase esgotaram.
Voltemos a 2008, onde os chineses também forneceram 100.000 preservativos nos Jogos Olímpicos de Pequim. Seu raciocínio? "Há muitas pessoas jovens, fortes, solteiras na vila dos atletas e, como em toda parte, alguns vão se apaixonar ou outras coisas, por isso nós precisamos disponibilizar preservativos."
Certamente, talvez algumas pessoas vão ter a experiência do que eles acham que é o amor. Mas na verdade eu acho que os preservativos são necessários por conta dessas "outras coisas". Nas palavras de Matt Syed, comentando sobre sua experiência da “festa de sexo” chamada de Olimpíadas:
“Lá estavam as lindas voluntárias – para ajudar os atletas – em suas brilhantes camisas amarelas e saias pretas; havia as adoráveis indígenas que vieram para assistir as competições. E depois havia as atletas – literalmente milhares delas – se exibindo, dançando, passeando e correndo ao redor da vila, vestidas em Lycra e expondo centímetro após centímetro de carne brilhante, forte, ondulada e inimaginavelmente exótica. Mulheres de todos os países do mundo: musculosas, viris, atléticas e transbordando estrogênio. Passei tanto tempo em um estado de luxúria que poderia ter desmaiado.”
Ah, então aqui está a verdade. Para começo de história a distribuição de milhares de preservativos nunca teve nada a ver com amor. Ela sempre esteve ligada com a satisfação da luxúria desenfreada.
Grande parte do mundo moderno nem sequer se preocupou com essa situação. Eles acham que isso é normal. Eles pensam que é "normal" distribuir preservativos "extra-pequenos" para que os garotos de 12 a 14 anos possam saciar seus desejos. Eles acham "normal" que na Copa do Mundo este ano na África do Sul vai haver uma distribuição de um bilhão de preservativos, com 42 milhões deles sendo enviados da Grã-Bretanha, de modo que os 45.000 visitantes de países estrangeiros possam entreter-se com as 42.000 prostitutas que estarão sendo esperadas.
Não deve causar surpresa em ninguém que quando João Paulo II, o Grande, declarou que os maridos não tem permissão para ter luxúria (concupiscência ou desejo desordenado) com relação a suas esposas, a mídia ficou furiosa com ele. A seus olhos, ele é o único anormal (como um comentarista disse, "Eu não tenho certeza o que vocês italianos fazem com suas esposas, mas nós, americanos, temos luxúria com relação às nossas mulheres".)
Para a grande maioria do mundo moderno, eles não vêem diferença entre amor e luxúria. Basta ver as últimas revistas Cosmo (tipo “Capricho”, “TodaTeen” etc.) e você nunca verá a palavra "amor" na capa. Porque eles realmente acreditam, com toda a sua libido, que esta é a maneira como o mundo é, que esta é a maneira como deve ser, que se você ama alguém, você trocar fluidos corporais com essa pessoa, ter uma relação íntima de 30 minutos e então seguir adiante.
O problema é o seguinte: isso não é normal. As coisas do jeito que estão não é a maneira como deveria ser.
Porque o problema com todo esse uso de látex não é que os preservativos quebram, escorregam, ficam velhos e se deterioram mesmo nas melhores condições, podem ser quebrados ou rasgados em seus pacotes, têm taxas admissíveis de defeitos de fabricação, ou que o processo de 10 a 16 etapas para o uso seguro muitas vezes não é seguido, ou que secreções corporais podem extravasar ou escapar de um preservativo, mesmo que ele esteja funcionando perfeitamente.
O principal problema é que não há camisinha para o coração. Pois a pessoa humana foi criada para fazer de si um dom sincero para outra pessoa (cf. Gaudium et Spes 24), algo também conhecido como amar. Para ser pleno, completo, o ser humano tem de entregar a totalidade de si mesmo, não guardando nada para si. A pessoa humana é feita para o amor, e nós temos o dever de sempre ver cada pessoa como alguém para amar, e não como um objeto para usar. A luxúria sempre reduz a uma pessoa a um nível quase de um objeto (dizemos quase porque uma pessoa nunca pode perder a sua dignidade enquanto filho ou filha de Deus). Um ato de luxúria jamais pode ser um ato de amor, porque os dois são opostos, pois quando uma pessoa se torna um objeto de uso, é certo que o amor atrofia.
O ato sexual fala a linguagem em que eu me entrego, me dôo totalmente à outra pessoa. No fundo do nosso coração, queremos dar-nos totalmente e plenamente receber outra pessoa. Nós não queremos construir uma parede entre nós e o outro, especialmente neste ato mais íntimo. E quando alguém guardando algo para si, mesmo que um acordo verbal seja feito, de alguma forma, de alguma maneira, isso vai afetar o relacionamento de uma forma muito negativa. As gerações daqueles que usaram de contracepção deixaram para trás um legado de divórcio que testemunha os efeitos nocivos que isso teve sobre a relação fundamental do casamento.
Se o desejo sexual torna-se apenas a expressão da vontade de contato físico, então o dom total de si se transforma em um ato de usar outra pessoa para a própria gratificação egoísta. Em outras palavras, o amor é substituído pela luxúria. E se o que estamos fazendo não é amor, então nunca vamos ficar satisfeitos. E é exatamente por isso que o mundo moderno, nas palavras de Mick Jagger, “não consegue satisfação” (“can’t get no satisfaction”).
Quando Jesus falou sobre a luxúria, ele não estava sendo um estraga-prazeres. Ele não estava tentando tirar a nossa alegria, nosso prazer. Ele estava tentando chamar atenção para o fato de que essas fantasias eróticas nunca vão saciar os nossos desejos de amor eterno. O mais importante, Ele estava tentando nos mostrar que existe uma maneira diferente de sentir, pensar e agir que está em conformidade com a nossa dignidade e com o que realmente vai nos satisfazer, por muito mais tempo do que simplesmente por um momento em uma noite só.
Talvez depois de todos esses preservativos terem sido distribuídos, e todos os corações terem sido quebrados, as pessoas comecem a acordar para o fato de que o estilo “sexo casual” não está funcionando. Talvez eles venham tentar de outra maneira. Talvez, apenas talvez, venham a ter uma pista sobre o que é o amor.
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Steve Pokorny, Diretor do TOB Ministries (tobministries.com), especializado em falar para jovens e adultos sobre o dom da sexualidade. Steve tem um mestrado em Teologia e Catequese na Universidade Franciscana de Steubenville, um Mestrado no Instituto João Paulo II de Estudos para o Matrimônio e a Família, e recebeu treinamento no Instituto de Teologia do Corpo americano. Ele atualmente é Diretor da Pastoral para o Casamento e a Família na Arquidiocese de San Antonio. Ele é editor associado do canal Teologia do Corpo da Catholic Exchange (tob.catholicexchange.com), e seu blog é truesexualrevolution.blogspot.com. Ele é casado e vive em San Antonio.
Artigo traduzido de: http://tob.catholicexchange.com/2010/03/12/1772/
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