A experiência original do corpo e do sexo
Nós temos a tendência a pensar que a “guerra” entre os sexos é normal. Em sua discussão com os fariseus, Jesus observa que “no início não era assim” (Mt 19, 8). Antes do pecado, o homem e a mulher experimentavam sua união como uma participação no amor eterno de Deus. Este é o modelo para todos nós, e embora tenhamos decaído desse estado, Cristo nos dá poder suficiente para retornar a ele.
As histórias bíblias da criação usam linguagem simbólica para nos ajudar a compreender verdades profundas sobre nós mesmos. Por exemplo, o Papa observa que a união original decorre da experiência humana da solidão. Primeiramente o homem estava “sozinho” (ver Gên 2, 18). Entre os animais não havia “ajuda que lhe fosse adequada” (Gên 2, 20). É na base dessa “solidão” – uma experiência comum a homens e mulheres – que experimentamos nosso desejo por união.
A questão é que a união sexual humana difere radicalmente da ligação com os animais. Se elas fossem a mesma coisa, Adão teria encontrado muita “ajuda” nos animais. Mas, ao nomear os animais, ele percebeu que ele era diferente; ele próprio era uma pessoa chamada a amar, com o seu corpo, à semelhança de Deus. Ao ver a mulher, o homem imediatamente declara: “Finalmente, esta é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gên 2, 23). Isso quer dizer, “Finalmente, uma pessoa a quem posso amar”.
Como ele pôde saber que ela era também uma pessoa chamada ao amor? Seu corpo desnudo revelou o mistério! Para os puros de coração, a nudez revela o que João Paulo chamou de “significado nupcial do corpo”. Isso é a “capacidade que o corpo tem de expressar amor: precisamente aquele amor no qual a pessoa se tornar um presente, um dom, e – através desse dom – chega à plenitude do significado de sua existência” (16 de janeiro de 1980).
Sim, o Papa diz que, se vivermos de acordo com a verdade de nossa sexualidade, nós alcançaremos o verdadeiro sentido da vida. Qual é ele? Jesus o revelou quando disse, “Esse é o meu Mandamento, que ameis uns aos outros como eu vos tenho amado” (Jo 15, 12). E como Jesus nos amou? “Este é o meu corpo que será entregue por vós” (Lc 22, 19). Deus criou o desejo sexual para que fosse o poder de amar como ele amou. E foi assim que o primeiro casal o experimentou. Portanto, “eles estavam ambos nus, e não tinham vergonha” (Gên 2, 25).
Não há vergonha no amor; “o perfeito amor lança fora o temor” (1 Jo 4, 18). Ao viverem completamente de acordo com o significado nupcial de seus corpos, eles viam e conheciam um ao outro “com toda a paz do júbilo interior, que cria a plenitude da intimidade entre as pessoas” (2 de janeiro de 1980).
© Christopher West. Site "Theology of the Body"
www.ChristopherWest.com
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