segunda-feira, 11 de julho de 2011

“Eu vejo você”: de Santo Agostinho até Avatar

Por Christopher West

Quando Avatar se tornou o filme de maior bilheteria da história do cinema, pensei que poderia ir lá e conferir o que o filme tinha de especial.

De fato, há várias coisas a se admirar nesse filme. Além do visual de tirar o fôlego e dos efeitos especiais surpreendentes, eu fiquei especialmente fascinado pelas três palavras simples com que o povo Na'vi se cumprimentava: “eu vejo você”. Como explicado no filme, significa mais do que ver o outro fisicamente, com os olhos. Significa ver dentro do outro, compreender o outro, acolher o outro. Significa ver o coração da outra pessoa, a pessoa da outra pessoa.


E aqui, James Cameron, o escritor e diretor do filme, pode muito bem ter se servido diretamente de Santo Agostinho. Foi o "Doutor da Graça" quem disse que o desejo mais profundo do coração humano é ver o outro e ser visto pelo olhar amoroso do outro (ver Sermão 69, c. 2, 3).

Esse anseio de ver e ser visto, assim como a própria beleza do distante planeta Pandora, remonta ao Éden, à forma original de "ver", sobre a qual João Paulo II reflete em sua Teologia do Corpo. Como o último Papa expressou, o primeiro homem e a primeira mulher “viam o outro mais plena e claramente do que através do próprio sentido da visão.” Eles viam um ao outro com um "olhar interior" (ver catequese de 02/01/1980) - um olhar que vê “dentro” do outro, criando um vínculo profundo de paz e intimidade.

Um "olhar interior" é precisamente o que o povo Na’vi expressa quando diz “eu vejo você”. E isso, creio eu, é um dos atrativos de Avatar: o filme nos convida para uma maneira diferente de ver um ao outro, e o mundo ao nosso redor.
__________

Tradução de trechos do artigo “’I See You’: From Augustine to Avatar”, de Christopher West. Veja o artigo original em: http://www.christopherwest.com/page.asp?contentID=137

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O envio de comentário constitui aceitação de publicação.
Todos os comentários passam por moderação.
Comentários podem ser rejeitados por decisão do blog.
Os comentários publicados não necessariamente expressam a opinião do blog.