terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O amor conquista tudo

Dave era um garoto normal do Texas, que fazia o ensino médio, e gostava de mexer em carros. Ele tinha uma boa família cristã e cresceu aprendendo a ser fiel a Deus, à família e ao país. A garota que ele gostava na escola, Brenda, achava que ele era um pouco exagerado, quando um dia ele falou para ela no corredor do colégio que a amava. Ela deu um tapa na cara dele, pedindo para nunca mais repetir aquilo, a não ser que fosse de verdade.

Alguns anos depois, depois de ter passado mais tempo com ela – namorando com pureza, e mostrando que ele realmente se importava – Dave pediu Brenda em casamento. Ela disse sim, e pouco depois, estavam casados. Então, um dia chegou uma carta: Dave tinha sido chamado para servir no exército durante a guerra do Vietnam. Como não queria descumprir a ordem, e também não queria morrer, Dave escolheu a Marinha, imaginando que isso lhe traria mais segurança, por estar na água, ao invés de se meter em combate na selva. Logo ele descobriu que tinha sido selecionado para servir em uma unidade especial da Marinha, atuante em rios. Depois de um treinamento rigoroso de patrulhamento de rio, Dave teve uma folga de 10 dias para ir para casa. Ele aproveitou o tempo com Brenda, e no dia da partida para o Vietnam ele beijou Brenda e prometeu: “Bebê, eu vou voltar sem nenhuma cicatriz”. Mal sabia que a palavra “cicatriz” teria um novo significado para ele.

Ele voou para o Vietnam, onde serviu na linha de frente contra os vietcongues. Nos oito meses que se seguiram, Dave manteve sua fé. Ele foi treinado para se manter fiel aos homens com que servia, e a sua mulher, Brenda. Enquanto muitos outros soldados cediam e se entregavam a aventuras com drogas, pornografia, ou prostitutas, Dave manteve-se firme em seus votos. Ele estava apaixonado, e guardava todas as premiações para dar de presente a Brenda – dinheiro que ele guardava para ela, ao invés de gastar em atos frívolos de auto satisfação.

Faltando apenas uma semana para receber uma viagem paga ao Havaí para aproveitar com Brenda cinco dias de uma segunda lua de mel, durante um intenso tiroteio em 25 de julho de 1969, com os vietcongues bem próximos, a unidade de Dave sofreu uma emboscada. Seus colegas sobreviveram ao ataque, mas alguma coisa (uma bala ou um estilhaço) deixou uma pequena marca em sua bochecha. Dave tirou o pedaço de metal sem dificuldade, e agradeceu por estar vivo. Mas essa era uma pequena cicatriz. Seria o próximo dia que mudaria sua vida para sempre.

Era 26 de julho de 1969, perto da fronteira com o Camboja, quando a unidade de Dave subiu o rio para fazer o patrulhamento da mesma área onde tinha ocorrido o intenso combate do dia anterior. Enquanto o barco deslizava suavemente, tudo estava quieto. Dave sentiu que algo estava errado. Ele se abaixou e apanhou uma granada, puxou o pino, e preparou-se para atirá-la, pretendendo criar uma cortina de fumaça para encobrir seu barco.

Mas uma luz piscou como em um flash, e o mundo pareceu explodir. Um combatente tinha atirado em Dave, atingindo sua mão, e a granada, que estava apenas a centímetros de sua face. Ela explodiu.


Em um instante, o corpo de Dave estava pegando fogo; o lado direito de sua face estava destruído. Ele pulou na água e nadou até a margem, onde desmaiou, ainda em chamas. Ele foi resgatado por um helicóptero, e o médico chegou a pensar que ele estava morto. Mas ele resistiu, e foi levado até o Japão, e depois de um tempo de recuperação, foi mandado de volta a San Antonio, Texas.

O soldado na cama ao lado estava sem pele, queimado da cabeça aos pés. Dave ouviu a mulher dele chegar, e jogar a aliança aos pés dele. Ela disse que nunca mais poderia andar com ele na rua. E saiu. Enquanto Dave esperava por Brenda, ele temia o pior. Como poderia ele, um “monstro com a face deformada”, ficar com uma mulher linda como Brenda, muito menos continuar sendo o amor de sua vida?

Ali estava ele – apenas um resquício do homem que tinha beijado Brenda na despedida oito meses atrás. Tudo que ele podia fazer era esperar, e temer. Finalmente, Brenda chegou. Como não conseguia identificar Dave pela aparência, ela se aproximou de sua cama e conferiu o nome escrito no seu prontuário, e a etiqueta de identificação em seu pulso, para ter certeza que era ele. Então, ela se inclinou e o beijou... na face. “Eu quero que você saiba que eu te amo”, ela disse, enquanto olhava para ele, no olho do lado bom de sua face. “Bem vindo a casa, Dave”.

Brenda permaneceu o quanto foi permitido a ela naquele dia, e, através do seu amor, a esperança reacendeu no coração de Dave.

Dave começou a experimentar o amor de um modo que jamais tinha imaginado, desde quando tinha dito o seu “sim”, em 15 de julho de 1967. O “sim” de Brenda se tornou um compromisso diário. Ela realmente foi sincera em seus votos, e os manteve. O corpo de Dave permaneceu desfigurado, e Brenda permaneceu completamente fiel. Deus foi fiel a ambos, e agora, trinta e nove anos depois, Brenda e Dave ainda vivem um maravilhoso amor, com dois filhos, e alguns netos, o fruto duradouro de seu casamento fiel.



O casamento deles foi feito no céu, fortalecido durante a guerra, e para sempre marcado pelos votos fiéis de um amor que queima mais profundamente do que qualquer granada, e que fala mais alto do que qualquer cicatriz.
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Traduzido e adaptado do livro “Teologia do Corpo para Jovens” (Theology of the Body for Teens, de Brian Butler, Jason Evert e Crystalina Evert, p. 119-120, Eed. Ascension Press, 2006)


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