sábado, 28 de março de 2009

Eu não deveria ser livre para fazer o que quisesse???

Por Jason Evert

Qual dos dois homens abaixo é livre?

O primeiro homem vive sozinho e não está em um relacionamento porque não quer estar ligado a ninguém por nenhum compromisso. Frequentemente ele passa as noites fora, usufruindo o fato de que não tem que prestar contas a ninguém de que horas vai chegar em casa. Em outras noites, ele passa horas olhando para pornografia na internet. Na verdade, faz anos que ele não passa uma semana sequer sem ver pornografia. De vez em quando ele vai para um clube de “strip” com seus amigos, e bebe o quanto quer. Ele tem um filho de um relacionamento anterior, mas acha bom que a mãe tenha a custódia do filho, já que ele encarou a criança não-planejada como um peso em sua vida.

O segundo homem é casado e tem três filhos. Ele vai direto para casa depois do trabalho, para ajudar sua mulher a banhar as crianças e aprontá-las para dormir. Ele tem muitos amigos, mas não gasta mais tanto tempo com eles como na época que era solteiro. Com relação a pornografia e tentações de outras mulheres em sua vida, ele recusa isso e só tem olhos para sua esposa.

O mundo vai lhe dizer que o primeiro, o solteiro, é livre, e que o segundo, o casado, é um escravo. Mas vamos analisar com atenção. A não ser que mude de vida, o primeiro homem vai chegar no seu leito de morte um dia, e perceber que gastou a vida inteira consigo mesmo. Ele foi criado para fazer uma entrega de si, mas gastou a vida inteira tentando maximizar seu prazer pessoal. Seu egoísmo o cegou, impedindo-lhe de ver que há uma coisa que desejamos mais que essa “liberdade”, e essa coisa é o amor. Fomos criados para o amor. Mas esse amor nos exige coisas, e custa um alto preço: custa nossa vida. É por isso que muitos rapazes desistem. Nas palavras de um homem, “Eu queria ser um soldado, um cavaleiro, mas não queria sangrar como um”. (1)

Precisamos deixar a falsa noção de que a liberdade significa fazer tudo que queremos. O Papa João Paulo II nos lembra:

“Se a liberdade não é usada, o amor não pode se valer dela, ela se torna uma coisa negativa, e dá aos seres humanos um sentimento de vazio e incompletude”. (2)

O solteiro mencionado acima não é livre. Ele é escravo de seu próprio prazer e egoísmo. O marido, que parece preso, está espelhando o amor de Cristo, que disse de sua própria vida, “Ninguém a tira de mim, eu a entrego livremente”(João, 10, 18). O marido sabe que, abdicando de sua “liberdade” por causa do amor ele pode se libertar de si mesmo. Seja pela sua esposa, por seus filhos, ou por Deus, você rende sua liberdade como dom para os outros.

Somos livres para desistir dos desafios do amor, mas só vamos encontrar a verdadeira liberdade aceitando-os. Esse é o grande paradoxo do Cristianismo – enquanto não esvaziar a si mesmo, se sentirá vazio; enquanto não entregar sua liberdade como dom, não vai encontrá-la. No que se refere à pureza, você deve superar o medo inicial de que vai estar perdendo alguma coisa, porque o pequeno sacrifício esconde atrás de si uma grande recompensa. Quando você perceber que o autocontrole lhe faz livre para amar, você não mais verá a pureza como uma perda. Não tenha medo de ser um verdadeiro homem, um verdadeiro cavalheiro, como nos afirmou S. Josemaria Escrivá, “Quando você decide firmemente viver uma vida de pureza, a castidade não será um peso para você: será uma coroa de triunfo” (3).
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(1) Eldredge, Wild at Heart, 184.
(2) Karol Wojtyla, Love and Responsability. (San Francisco: Ignatius Press, 1993), 135.
(3) S. Josemaira Escriva, O Caminho, 40.


Trecho do livro “Pure Manhood”, de Jason Evert. San Diego, Ed. Catholic Answers, 2007.

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