quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O que é a Teologia do Corpo - parte 6

As vocações cristãs

Quando olhamos para “quem somos” em nossa origem, história e destino, abrimos as portas para uma compreensão adequada das vocações cristãs do celibato e do matrimônio. Ambas as vocações são uma autêntica maneira de “colocar em prática, viver” a mais profunda verdade de quem somos enquanto homem e mulher.

Quando vivido autenticamente, o celibato cristão não é uma rejeição da sexualidade e do nosso chamado à união. Na verdade, ele aponta para sua plenitude última. Aqueles que renunciam ao casamento “pelo Reino de Deus” (Mt 19, 12) o fazem a fim de devotar todas as suas energias e desejos para o casamento que pode satisfazer por si só – o casamento de Cristo e da Igreja. Em certo sentido, eles estão “deixando” o sacramento (o sinal terreno) em uma antecipação da realidade última. Ao fazê-lo, os homem e mulheres celibatários declaram ao mundo que “o Reino de Deus está aqui” (ver Mt 12, 28).

De modo diferente, o matrimônio também antecipa o céu. “Nas alegrias do seu amor [Deus dá aos esposos] aqui na terra um prenúncio da festa nupcial do Cordeiro” (Catec. Ig. Catól. N. 1642). Por que, então, tantos casais acham o matrimônio um “inferno na terra”? Para que o casamento traga a felicidade que deve trazer, os esposos devem vivê-lo do modo que Deus planejou “desde o princípio”. Isso significa que eles devem lutar diligentemente contra os efeitos do pecado.

O casamento não justifica a luxúria. Sendo um sacramento, o matrimônio deve simbolizar a união de Cristo e da Igreja (ver Ef 5, 31-32). O corpo tem uma “linguagem”, que deve expressar o amor livre, total, fiel e frutuoso de Deus. Isso é exatamente o que os esposos se comprometem a fazer no altar. “É de livre e espontânea vontade que o desejais?” o sacerdote pergunta, “para se darem um ao outro sem reservar? Vocês prometem ser fiéis até a morte? Prometem receber os filhos que o Senhor conceder?” Noivo e noiva dizem “sim”.

Por sua vez, os esposos devem expressar esse mesmo “sim” com seus corpos, sempre que se tornam uma só carne. “De fato, as mesmas palavras ‘eu te recebo como minha esposa – meu marido’”, diz o Papa, “só podem atingir a completude através do intercurso conjugal” (5 de janeiro de 1983). A união sexual deve ser a renovação dos votos do casamento!

Um novo contexto para a compreensão da moralidade sexual

A ética sexual da Igreja começa a fazer sentido quando vista através dessas lentes. Não é uma lista puritana de proibições. É um chamado para tomar posse de nossa própria “grandeza”, nossa dignidade de ser imagem de Deus. É uma chamado para viver o amor para o qual fomos criados.
João Paulo II descreve a união de sexo e de corpo como “profética”, já que um profeta é aquele que proclama o amor de Deus. Mas ele acrescenta que devemos ser cuidadosos para distinguir entre profetas falsos e verdadeiros. Se podemos falar a verdade com nossos corpos, também podemos falar mentiras. Em última instância, todas as questões sobre moralidade sexual podem ser simplificadas em uma única questão: Isso reflete verdadeiramente o amor livre, total, fiel e frutuoso de Deus ou não?

Em termos práticos, como poderia uma casamento ser saudável se os esposos fossem regularmente infiéis aos seus votos nupciais? Por outro lado, quão saudável seria um casamento no qual os esposos renovassem regularmente seus votos, expressando um comprometimento crescente a eles? Isso é o que está em jogo na doutrina da Igreja sobre moralidade sexual.

A masturbação, a fornicação, o adultério, o sexo intencionalmente estéril, os atos homossexuais etc. – nada disso espelha o amor livre, total, fiel e frutuoso de Deus. Nenhum desses comportamentos expressam e renovam os votos nupciais. Eles não são maritais. Isso significa que as pessoas que se comportam dessas maneiras são “inerentemente más”? Não. Eles estão apenas confusos, não sabem como satisfazer seus desejos genuínos de amor.

Se eu lhe oferecesse uma nota de um milhão de dólares, e uma nota falsa de um milhão de dólares, qual você preferiria? Pergunta boba, eu sei. Mas, e se você foi criado e cresceu em uma cultura que incessantemente lhe bombardeou com propaganda para lhe convencer que a nota falsa era a coisa real, e que a coisa real era falsa? Você não ficaria um pouco confuso?

© Christopher West. Site: Theology of the Body
www.ChristopherWest.com

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