terça-feira, 14 de abril de 2009

Reflexões sobre a ressurreição de nossos corpos

Por Christopher West

Durante esse tempo Pascal é apropriado refletirmos sobre a ressurreição não somente do corpo de Jesus, mas também de nossos próprios corpos, no final dos tempos. Muitas pessoas têm uma visão “super-espiritual” errônea sobre a vida eterna. Tais pessoas tendem a ver o corpo como uma concha ou prisão da qual estão ansiosos por se livrar, como se a morte fosse o momento em que nossas almas finalmente ficam “livres” da “prisão” dos nossos corpos.

Essa era a idéia de Platão, mas não é a maneira cristã de ver as coisas. Na verdade, a idéia que o corpo é uma prisão ou meramente um envoltório está baseada na heresia. Os cristãos concluem seu Credo com a proclamação solene: “Creio na ressurreição dos mortos e na vida do mundo que há de vir. Amem”, ou “Creio na ressurreição da carne”. O Catecismo observa que “em nenhum ponto a fé cristã recebe mais oposição do que na questão da ressurreição do corpo. Aceita-se muito comumente que a vida da pessoa humana continua em uma forma espiritual após a morte. Mas como crer que esse corpo, tão obviamente mortal, possa ressuscitar para a vida eterna” (n. 996)? Que mistério! Em Cristo “o mortal se reveste de imortalidade” (1 Coríntios 15, 54).

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Nossos corpos certamente serão diferentes no estado ressuscitado. Lembremo-nos que os discípulos não reconheceram imediatamente Jesus depois da ressurreição (ver Lucas 24, 15-16). Mas no final dos tempos, certamente teremos nossos corpos, como Jesus teve o seu. Quando, após sua ressurreição, Ele apareceu na sala onde estavam os Apóstolos, Ele disse: “Vejam minhas mãos e meus pés, sou Eu; toquem e vejam; pois um espírito não possui carne e ossos como vocês vêem que eu tenho” (Lucas 24, 39). E então, apenas para confirmar a questão, ele comeu alguns peixes na presença deles (ver Lucas, 24, 41-43).

A diferença é que na ressurreição nossos corpos serão perfeitamente “espiritualizados” (ver 1 Coríntios 15, 44). Isso significa que nossos corpos serão permeados pelo poder do espírito. E já que o “espírito” que vai permear nossos corpos não será somente nosso espírito humano, mas o Espírito Santo de Deus, nossos corpos serão também “divinizados”. Participaremos da “natureza divina”, com nosso corpo e nossa alma, de um modo totalmente inacessível para nós agora (2 Pedro 1, 4).

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Então, muitos se perguntam: haverá sexo no céu? A resposta depende do que você quer dizer com “sexo”. Sexo não é, primeiramente, o que as pessoas fazem. Sexo é o que as pessoas são, como homens ou mulheres. O Papa João Paulo II insistiu muitas vezes em suas reflexões sobre a ressurreição que iremos ressuscitar como homem ou como mulher, como o mesmo sexo que temos aqui na terra. Portanto, nesse sentido, sim, haverá sexo no céu: seremos ou homens ou mulheres. Mas Cristo nos leva para uma dimensão completamente nova da sexualidade humana e do nosso chamado à união quando diz que “na ressurreição não se casarão nem se darão em matrimônio” (Mateus 22, 30).

O casamento e a união “em uma só carne” existem desde o princípio (desde a criação) para nos apontar o “matrimônio do Cordeiro” (Apocalipse 19, 7), para a união entre Cristo e a Igreja (ver Efésios 5, 31-32). Na ressurreição, o sacramento vai dar lugar à realidade divina. “Você não precisa mais de um prenúncio a apontar na direção do paraíso quando você está no paraíso. Você está lá. A união última e final do Cristo com sua Igreja (todos nós) já está acontecendo”.

E este é o apelo do Espírito e da Esposa: “Vinde, Senhor Jesus, vinde!”. E o Senhor responde: “Certamente irei em breve” (Apocalipse 22, 17-20). Roguemos a Deus para que estejamos prontos.
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Traduzido do site de Christopher West
Disponível em: http://www.theologyofthebody.com/page.asp?ContentID=29

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