sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Clareza de Clara

Do site do Theology of the Body Institute (http://www.tobinstitute.org/page.asp?ContentID=141)

Todo pai deve considerar seu filho um dom e um milagre, porque toda vida humana é irrepetível, absolutamente incrível, a manifestação física da imagem de Deus e do Seu amor neste mundo. Nossa filha Clare (nt: Clara, em português) é um milagre por causa dessa verdade; mas há algo ainda mais miraculoso em sua história, que merece ser repetido. Nesse mês de janeiro, quando centenas de milhares de pessoas viajam a Washington capital dos Estados Unidos para lamentar 39 anos de legalização do aborto no país, precisamos ainda mais da claridade e da luz que Clare nos traz. Clare é uma sobrevivente do holocausto do aborto.

Antes mesmo de sabermos de sua existência, nossa futura filha adotada estava no útero de sua mãe, em uma clínica da Planned Parenthood (nt: a maior rede de clínicas de aborto dos EUA), com sua vida marcada para ser extinta. Através de um milagre da graça, um técnico permitiu que o som da batida do coração da pequena bebê Clare ecoasse naquela sala clínica de tortura (Essa não é a prática comum da Planned Parenthood, mas parece que existe alguma legislação recente tornando lei o monitoramento pré-natal). Ao ouvir o som rápido daquele pequeno coração, a mãe biológica de Clare mudou de idéia sobre o aborto, se levantou, e deixou a sala.



Caminhando pela rua, ela encontrou um lugar, um centro de acolhimento que oferecia apoio e ajuda a mulheres em crise na gravidez. Ao invés de ser um lugar de sacrilégio contra uma nova vida, este era um santuário em prol da vida. Uma tapeçaria de Nossa Senhora de Guadalupe, Mãe dos Nascituros, acolhia a mulher enquanto ela entrava.

Tendo já adotado nosso lindo filho com uma história ligeiramente parecida de sobrevivência, minha esposa e eu recebemos uma ligação e uma pergunta dos nossos amigos do centro de acolhimento: "Tem um outro bebê aqui, a mãe quer um meio de adoção. A história é complicada. Vocês estão abertos a isso?" Levamos apenas 4 segundos para decidir. Nosso pensamento foi rápido: "Você disse bebê. Nós estamos abertos".

A gravidez foi um período tenso. Rezamos pela saúde e estabilidade da mãe biológica, sabendo que ela era uma alma em dificuldades. Em certo ponto na gravidez, houve uma ameaça de romper a bolsa amniótica. Ela estava exausta de ansiedade e da tentativa de esconder de todo mundo uma gravidez. Sentimos profundamente a vulnerabilidade e a fragilidade da vida de nossa futura filha. Como disse uma vez o Papa Bento XVI: "Como pode o lugar humano mais sagrado - o útero - ter se tornado um lugar de violência indizível?" E enquanto isso a pequena Clara estava se formando na aquecida escuridão do útero, ignorando o quão perto esteve de nunca ver a luz do dia.

E então chegou o grande dia.

Nossa amiga do centro de apoio à gravidez, que cuidou de Clare e de sua mãe biológica, estava ao lado da cama da mãe no hospital. Houve complicações; o parto não estava progredindo, e a mãe rejeitava uma cesariana, chateada e ansiosa que estava para sair dali rapidamente após o nascimento da bebê. Nesse momento nosso amigo, rezando o Terço da Misericórdia justamente na hora da misericórdia, viu as coisas mudarem. Clare nasceu de parto normal, nasceu saudável e forte. Talvez temerosa pelo poder que essa nova vida teria sobre seu coração, ou simplesmente em uma tentativa angustiada de retornar à vida que conhecia antes, a mãe biológica se recusou a saber o sexo da bebê que tinha acabado de trazer à luz. Seu desejo manifesto foi atendido, e ela nunca segurou ou mesmo olhou para Clare. Foi nosso amigo quem a segurou nos braços, cantando Ave Marias para ela, e falando como ela já era muito amada, cuidada e querida por Jesus e por uma mamãe e um papai que estavam ali bem perto. Ela não cansava de repetir para a pequena Clare: "Você é cheia de graça".



No terceiro dia de sua vida, ela veio a nós. Era domingo, 15 de Agosto, Festa de Nossa Senhora da Assunção. Uma garoa suave e incomum caía naquele dia (apenas mais um sinal de graça), e se misturou com nossas lágrimas de felicidade. Segurar a pequena era inacreditável. Milagre dos milagres! Escolhemos o nome Clare, que significa luz ou clareza, e pelo ano e meio que ela tem estado conosco, ela tem sido exatamente isso. Rápida em sorrir, rir, e deixar as pequenas coisas a encherem de espanto e admiração. Ela tem conquistado corações como os nossos por onde anda com seus charmes - na igreja, no supermercado, no shopping. Em cada elogio à sua beleza, sentimo-nos compelidos a contar sua história. Ainda agradecemos a Deus pela sua mãe biológica, e continuamos a rezar por ela - ela escolheu a Vida, e seremos sempre abençoados por essa escolha. E quanto a Clare, ela é a prova viva de que a Vida é boa, e de que a Vida vai vencer. A clareza e a luz se abrem para nós neste mundo toda vez que ela sorri, e cada vez que bate seu precioso coração. O coração que, na verdade, a salvou.

O vídeo que conta sua história está aqui:



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