sábado, 17 de abril de 2010

O segundo milagre operado por Deus através de Santa Gianna

Por Pe. John Zuhlsdorf


Em meados de novembro de 1999, uma mulher brasileira chamada Elisabete Comparini Arcolino descobriu que estava grávida pela quarta vez. Um exame de ultrassom em 30 de novembro mostrou que a criança em desenvolvimento estava dentro de um saco pequeno de apenas 0,8 centímetros de comprimento e 2,3 cm de diâmetro. O médico disse que era improvável a criança nascesse com uma gestação começando assim. Em 9 de dezembro, um ultrassom mostrou o embrião com 1,0 cm de comprimento, mas também um grande aumento em uma massa de sangue coagulado (perda de sangue), medindo 5,2 × 3,5 cm. Em 19 de dezembro eles encontraram o coração da criança batendo, mas também uma deterioração da placenta na região inferior do útero. Foi dado um prognóstico pessimista. A médica que acompanhava o caso, Dra. Nadia Bicego Vieitez de Almeida, que já tinha cuidado de Elisabete nas gestações anteriores, disse que com a grande perda de sangue Elisebete provavelmente iria abortar espontaneamente, ou eles teriam que fazer o procedimento, mais cedo ou mais tarde.

Contrariamente às expectativas, o coração da criança continuava batendo, e a gravidez continuou.

Em 11 de fevereiro de 2000 Elisabete percebeu que havia um problema sério, e foi para o hospital. O ultrassom mostrou que a membrana do saco gestacional tinha quebrado com 16 semanas de gestação e, apesar do feto estar vivo, havia agora uma total ausência de líquido amniótico. O radiologista testificou que não havia líquido amniótico para proteger a criança contra a exposição ao mundo exterior e contra a pressão externa do próprio útero. Isto significava que tanto a criança quanto a mãe estavam em grave perigo de infecção, etc. A Dra. Nadia recomendou o término da gravidez. Elisabete foi colocada em um regime de super-hidratação – 4 litros de venóclise (injeção intravenosa de uma solução isotônica de glicose ou outras substâncias) por dia. Em 15 de fevereiro um novo ultrassom mostrou que não houve aumento significativo do volume de líquido amniótico, e que o volume era insuficiente para levar a gravidez a termo.

Neste ponto, 15 de fevereiro, o prognóstico para a criança era exatamente zero. Dois estudos, um em São Paulo e um em San Francisco, tinham estudado a viabilidade da gravidez com uma membrana rompida entre 22-26 semanas – um número de semanas muito maior do que no caso de Elisabete e seu bebê. Nos estudos, em todos os casos examinados, todos os fetos foram abortados espontaneamente no prazo máximo de 60 dias após a ruptura. Em praticamente todos os casos, um feto de 16 semanas iria ser abortado espontaneamente em poucos dias.

Dra. Nadia e outros médicos disseram a Elisabete que ela tinha que fazer um aborto para salvar a vida dela, e deram-lhe algum tempo para tomar a decisão. Mas Elisabete, sabia em seu coração – assim ela declarou – que não podia fazer isso e que devia tentar levar a gestação até o fim. Quando a médica veio para a decisão, o marido de Elisabete, Carlos César, solicitou a presença de um padre. Ele chamou o padre da paróquia de São Sebastião, Pe. Ovídio José Alves di Andrade. A Dra. Nadia disse que voltaria em 15 minutos com os documentos de sua assinatura para aprovação do aborto.

No momento em que Dra. Nadia voltou estava presente uma amiga de Elisabete, chamada Isabel, que ouviu a discussão sobre o aborto. Isabel foi à capela do hospital para rezar a Maria a fim de ajudar a trazer alguma luz para a situação. Lá Isabel passou algum tempo em oração. Quando ela terminou e se levantou para sair, ela viu passar pela porta o Bispo diocesano D. Diógenes Silva Matthes, que havia ido ao hospital para visitar uma outra pessoa. O Bispo D. Diógenes tinha sido o celebrante do casamento de Elisabete e de Carlos César em São Sebastião, onde eles trabalhavam como catequistas. Isabel contou ao bispo o que estava acontecendo, e ele foi para o quarto de Elisabete, e lá ouviu a história toda. O bispo disse: "Betinha, vamos orar e Deus vai nos ajudar" e ele pediu à Dra. Nadia que esperasse um pouco mais. Em seguida, o bispo saiu.

Pouco depois de o bispo ter saído, chegou o Pe. Ovídio. Ele começou a dar Elisabete o sacramento da extrema-unção. Nesse ponto, o bispo retornou. Ele tinha trazido consigo uma biografia da beata Gianna Beretta Molla. Ele disse a Elisabete: "Faça o que a Bem-aventurada Gianna fez, e, se necessário, dê a sua vida pela criança. Eu estava rezando em casa, e disse para a Bem-Aventurada Gianna em oração: "Agora chegou a oportunidade para que você possa ser canonizada. Interceda diante do Senhor pela graça de um milagre, e salve a vida dessa pequena criança".

Elisabete já conhecia a Beata Gianna, sobre como ela morreu, e como o primeiro milagre de sua causa aconteceu com uma mulher que teve complicações terríveis após uma cesariana. Depois de saber sobre a Beata Gianna, a própria Elisabete, em sua terceira gravidez, e após duas cesáreas anteriores, tinha decidido dar à luz normalmente, apesar dos problemas decorrentes. Nessa altura, o mesmo Bispo D. Diógenes tinha dado a ela um “santinho” com a foto da Beata Gianna. Elisabete estava terrivelmente atemorizada, mas ela pediu ajuda à Bem-Aventurada Gianna, e deu à luz uma criança com peso superior a 5kg.

Portanto, desta vez, reforçada pela experiência do passado e com a ajuda da Beata Gianna e do mesmo bispo, Elisabete disse à Dra. Nadia que ela tentaria continuar a gestação, enquanto o coração dela continuasse a bater. Vários médicos no hospital expressaram sua opinião, de que isso era uma loucura. Entretanto, a Dra. Nadia testemunhou mais tarde sobre esse tempo: "Mas eu, eu não sei se foi por intuição, por causa da minha própria falta de coragem, ou se fui tocada pela fé de Elisabete, que parecia não ter limites, decidi esperar e ver o que acontecia". Elisabete viria a testemunhar depois que, para ela: "O maior milagre de Jesus foi mudança de coração da médica. Ela tinha sido até então inabalável em sua determinação de realizar abortos, mas um dia ela me disse: 'A sua fé me fez pensar muito. Mesmo eu tenho fé agora, então vamos aguardar a morte do feto".

Elisabete deixou o hospital e foi para a casa da tia de Carlos César, Janete Arcolino, que era uma enfermeira. A Dra. Nadia lhes emprestou o aparelho de ultrassom para que eles pudessem monitorar o batimento cardíaco da criança, e disse-lhes para verificar temperatura e pressão arterial a cada seis horas. Eles continuaram os tratamentos de super hidratação, e depois iniciaram um tratamento com cortisona, para evitar problemas com os pulmões da criança.

Nesse meio tempo, o Padre. Ovídio testemunhou mais tarde, toda a comunidade continuava a invocar a Bem-Aventurada Gianna, continuamente pedindo por um milagre. A paróquia era muito pró-vida, e todos os meses havia uma bênção especial para as mulheres que iam com os filhos. Também envolvida na oração à Beata Gianna estava uma comunidade de irmãs carmelitas que, por sua vez, tinham comunicado a solicitação de oração para outros conventos no Brasil. De sua parte, Elisabete passou um momento muito difícil. Apesar de sua fé em Deus e de sua experiência passada, houve momentos em que ela estava com muito medo de morrer junto com o bebê. Ela sentiu-se por vezes bastante abandonada por Deus, e sozinha. Ela estava preocupada com o que iria acontecer com seus três outros filhos, se ela morresse.

A Dra. Nadia seguia de perto a gestação, e observou que, durante o tempo todo, não houve acúmulo de líquido amniótico. Se Elisabete ganhava algum, logo que ela ia se mover para se levantar e ir ao banheiro, ela voltava a perder tudo.

Quando eles chegaram à 32ª semana e quando o bebê pesava 1,8 quilos, eles decidiram por um parto cesáreo, realizado em 31 de maio de 2000. A filha recém-nascida, de nome Gianna, estava em boa forma, com exceção do pé esquerdo, que estava torto, provavelmente por causa da compressão do útero.

Os problemas não acabaram aí. Eles descobriram que Elisabete tinha uma ferida dentro de um músculo uterino no qual a placenta tinha aderido, permanecendo portanto no lugar. Ela teve uma hemorragia grave e seus pulmões entraram em colapso, e ela acabou na UTI por três dias. Como parte de seu tratamento a Dra. Nadia queria interromper o seu ciclo com uma espécie de falsa menopausa, o que resultaria também em Elisabete não ser capaz de dar de mamar, mas Elisabete disse que queria fazer isso.

A casa recém-nascida recebeu alta do hospital e foi para casa em 17 de junho, pesando 1,960 kg. Mais tarde, uma operação cirúrgica e uma terapia corrigiram o pé torcido. Em julho de 2001, uma pediatra, a Dra. Maria Engracia Ribeiro, examinou a criança completamente e atestou que ela era perfeitamente normal e saudável, inteligente e alegre, com personalidade forte. Outro exame em 17 de janeiro de 2002 não encontrou problemas em nenhum aspecto do desenvolvimento da criança, nenhum problema imunológico ou respiratório, e atestou que ela estava, para sua idade, em perfeita saúde.

O caso do pretenso milagre foi estudado pela "Consulta Médica" da Congregação para as Causas dos Santos em 10 de abril de 2003. Esta afirmou que, com a total perda de líquido amniótico na 16ª semana resultando no prognóstico grave para o feto e para a mãe, e com o tratamento médico inadequado para tão grave situação, o resultado positivo da gravidez e a saúde da mãe e da criança eram inexplicáveis em termos médicos. O decreto foi promulgado “super miraculo” pela Congregação, na presença do Papa João Paulo II, em 20 de dezembro de 2003. Gianna Beretta Molla tinha sido beatificada em 24 de abril de 1994, e sua canonização foi celebrada em 16 de maio de 2004.

Gostaria de lhes propor vários pontos para reflexão:

1. Os Santos nos são apresentadas pela Santa Madre Igreja para "os dois I's": imitação e intercessão.
2. Como todos os cristãos são chamados a imitar a Cristo, nós também devemos experimentar o auto-esvaziamento e a Cruz, o abandono à Providência e a doação de si mesmo. Devemos estar dispostos a perder tudo.
3. Nós não estamos sozinhos: a Igreja Militante e a Igreja Triunfante estão intimamente unidas, entrelaçadas na caridade. Nós na terra devemos interceder uns pelos outros, e acreditar e pedir a intercessão dos santos.
4. Deus faz uso dos fracos para demonstrar Seu poder e amor.
5. Se não crermos em milagres, não pediremos a Deus milagres. Se nós não pedirmos milagres, eles não serão concedidos.
6. Nossa vida de fé é percebida pelos não-crentes e eles são afetados por ela.
7. Que diferença um bispo pode fazer.
8. Quantas vezes você invocar a ajuda dos santos e anjos?
9. Os caminhos de Deus não são os nossos caminhos.
10. Ninguém é demasiado pequeno para não ser uma ocasião de graça para os outros.
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Traduzido de: http://wdtprs.com/blog/2008/04/prepare-to-be-amazed-the-2nd-miracle-of-st-gianna-molla/

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