terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Meu marido não quer parar

P.: Meu marido e eu somos casados há 14 anos, e temos 3 filhos. Raramente discutimos, há uma atmosfera de amor entre nós. O único problema que temos é que ele pede sexo sem parar.

R.: O problema parece ser que seu marido está fazendo muitas exigências com relação ao ato sexual ("Ele pede sexo sem parar").

Como podemos explicar que tudo em excesso acaba virando abuso? Penso que qualquer marido amoroso deve levar em consideração as necessidades legítimas de sua esposa. Ela é sua esposa e “alma gêmea” para toda a vida. Mas ela também é uma pessoa que tem suas próprias e únicas necessidades pessoais, e suas características psicológicas.

Talvez a melhor maneira de explicar esse problema é fazer referência ao princípio de que uma pessoa é sempre um sujeito, e nunca deve ser reduzido ao status de um objeto (de prazer). Uma pessoa é sempre um fim em si mesma, e nunca deve ser “usada como um meio" (para obter prazer). Uma mulher sabe imediatamente a diferença entre ser amada e ser usada. Se um marido verdadeiramente ama sua esposa, então ele quer fazer o que é melhor para ela. Ele não vai forçar a sua vontade sobre a dela só para satisfazer seus desejos pessoais. Ele respeita suas disposições, suas necessidades emocionais e seus humores.

O ato conjugal foi feito para ser um ato totalmente livre de egoísmos, onde cada cônjuge faz o dom total de si para o outro. Mas se a mulher não está preparada, ou está indisposta, a praticar sexo em um dado momento, então as investidas do marido se tornam não um ato de amor, mas um ato de egoísmo, uma busca da própria satisfação sexual, impondo seus desejos e suas vontades sobre a esposa.

Eu acho que vocês dois precisam refletir sobre as exigências da virtude da castidade, enquanto parte de seu casamento. Castidade significa que devemos dar uma orientação boa, consciente e razoável, às nossas paixões. Nós nos recusamos a ser escravos dos nossos impulsos sexuais. Fazemos nossos impulsos sexuais servirem o propósito para o qual Deus os criou. Para os solteiros e celibatários, isso significa a abstinência total do ato sexual. Para a pessoa casada, significa a abstinência periódica durante aqueles momentos em que este não seria um ato de amor, ou não seria responsável.
Se uma mulher está disposta a ter o ato conjugal com o marido várias vezes por semana, o que acontece com muitos casais, então ela certamente não pode ser acusado de negar-se a seu marido. Você pode conversar com seus amigos casados e perguntar como acontece com eles.

Uma das vantagens do Planejamento Familiar Natural (ou regulação natural da procriação, ou “método natural”) é que ele requer abstinência periódica durante os períodos férteis da mulher. Isso então força o casal a encontrar outras formas de exprimir a sua afeição e fomentar o relacionamento. Significa voltar aos tempos de namoro: conversar juntos, ter uma refeição especial, partilhar de um evento especial juntos, rezar juntos, conhecer melhor o mistério profundo que é o outro. O ato sexual genital não conseguirá nunca substituir todas essas dimensões de um relacionamento conjugal. Este é também um tempo para pensar sobre a possibilidade de ter outro filho, ou para discutir as razões pelas quais esta não é uma boa hora para ter outro filho.


Eu sugiro que você leia dois grandes documentos: 1) Humane Vitae (Papa Paulo VI, 1968), e 2) A Carta às Famílias (Papa João Paulo II, 1994), e refleta sobre eles. Você pode encontrá-los no Google.

Aqui estão duas boas passagens destes documentos:

De Humanae Vitae: 9. Características do Amor no Matrimônio

Este amor é, acima de tudo, plenamente humano, um composto sensorial e espiritual. Não é, então, apenas uma questão de instinto natural ou impulso emocional. É também, e acima de tudo, um ato de livre arbítrio, cuja confiança é tal que se destina não só a sobreviver às alegrias e tristezas da vida cotidiana, mas também a crescer, para que o marido e a esposa se tornem em certo sentido um só coração e uma só alma e, juntos, possam atingir sua realização humana.

É um amor que é total – uma forma muito especial de amizade pessoal, em que marido e mulher partilham tudo com generosidade, sem permitir exceções injustificadas e sem pensar exclusivamente em sua própria conveniência. Quem ama realmente seu cônjuge, ama-o não só por aquilo que recebe, mas ama-o por causa de quem ele é, contente em poder enriquecer o outro com o dom de si mesmo.


De Carta de João Paulo II às Famílias: 12. Paternidade e maternidade responsáveis:

Há, no entanto, a necessidade de um estudo mais aprofundado, analisando o significado do ato conjugal em vista dos valores da pessoa e do "dom" mencionado acima. Isto é o que a Igreja tem feito na sua doutrina perene, e de modo particular no Concílio Vaticano II.

No ato conjugal, marido e mulher são chamados a confirmar de forma responsável a doação recíproca de si mesmo que fizeram um ao outro no compromisso do casamento. A lógica do dom total de si para o outro envolve uma potencial abertura à procriação: desta forma, o casamento é chamado a uma plenitude ainda maior, enquanto família. Certamente, o dom mútuo de marido e mulher não tem a geração de filhos como seu único fim, mas é em si uma comunhão mútua de amor e de vida. A verdade íntima deste dom deve ser sempre salvaguardada. "Íntimo" não é aqui sinônimo de "subjetivo". Pelo contrário, significa, essencialmente, em conformidade com a verdade objetiva do homem e da mulher que se dão. A pessoa nunca pode ser considerada um meio para um fim; acima de tudo, nunca pode ser considerada um meio de "prazer". A pessoa é e deve ser nada mais do que o fim de cada ato (não um meio). Só então a ação corresponde à verdadeira dignidade da pessoa.

Cordialmente,

Fr. Matthew Habiger OSB
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Traduzido de: http://www.nfpoutreach.org/Q%26A/non-stop_sex_125.htm

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